Tempo de desafios

    Na semana passada, participei alguns dias do 20º EMC em Belém do Pará. Tive oportunidade de falar a todos sobre o tema central, que foi “A Palavra de Deus é viva e eficaz” (Hb 4, 12).
    O nome do encontro suscita polêmicas, principalmente dos mais puristas com relação à comunicação e anúncio. A escolha do nome, há vinte anos, quis ser uma provocação para as perguntas sobre os vários trabalhos de anúncio, catequese e sustentação da Igreja. Sabemos que somos conduzidos pelo Espírito Santo e que o nosso anúncio é de Jesus Cristo, Nosso Senhor. Porém, fazem parte de nossa tradição brasileira os planos de pastorais, as diretrizes e outros tipos de documentos que nascem ao pesquisar sobre a situação atual e as necessidades de responder ao povo de Deus em suas buscas e necessidades. É por esse caminho que vai o encontro.
    É um encontro anual, realizado há 20 anos, que propicia a troca de experiências bem sucedidas entre dioceses, paróquias, instituições e empresas católicas que utilizam as técnicas e ferramentas atuais para atuar nos tempos de hoje com bom senso e sob a ética cristã, para atingir objetivos predeterminados e, principalmente, atender a necessidade de seus clientes: satisfazendo-os e encantando-os para que se conscientizem de sua responsabilidade católica.
    O encontro é marcado pela forte presença de organizações católicas em geral: paróquias, dioceses, congregações e ordens religiosas; associações, seminários, grupos missionários; emissoras de Rádio e TV; escolas, pastorais: do dízimo, de turismo, de música e outras.
    Pode participar qualquer organização que busca melhorar seu desempenho e aumentar a eficácia de suas atividades, ou ainda, instituições que querem levantar fundos com profissionalismo para manter suas atividades, ampliar instalações, construir ou reformar Igrejas, ou ainda empresas que querem se comunicar melhor com a comunidade, utilizando novas tecnologias.
    Depois de vinte anos de trabalhos e reflexões, o assunto hoje já não surpreende por seu ineditismo, nem desperta polêmicas, como no passado. Muitos já dissociaram a imagem errônea inicial de mercantilismo das atividades de marketing, entendendo-a em sua própria acepção: ir ao encontro das necessidades das pessoas. E, com isso, as polêmicas que ainda são levantadas, caem.
    Diante disso, diversas iniciativas foram tomadas por bispos, párocos e responsáveis por pastorais, comunidades e demais organizações de nossa Igreja, no sentido de detectar e compreender quais as expectativas das pessoas com relação aos serviços oferecidos a elas por nós, enquanto instituição eclesial ou ligada a ela (no caso de veículos de comunicação ou de outras instituições identificadas como de cunho católico), para, em seguida, ir ao encontro destas expectativas detectadas. Estes entenderam a necessidade da pesquisa, e o seu objetivo final, que é a satisfação das pessoas envolvidas nas ações ou serviços a elas oferecidos e prestados.
    Depois de nos ensinar tudo, Jesus, antes de voltar para junto do Pai, nos ordenou: “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15), determinando assim que fôssemos os continuadores de Sua missão e que continuássemos propagando, de geração a geração, este amor infinito do Pai por cada um de nós, Seus filhos e filhas. A Igreja, inicialmente formada por Seus apóstolos, por Maria, Sua mãe, e por todos aqueles que O ouviram e n’Ele creram, seguiu fielmente esta ordem e, ao longo de dois milênios já completos, tem difundido o Evangelho como Jesus nos pediu.
    Hoje, dispondo dos mais diversos meios de comunicação instantânea entre a humanidade, confesso que ainda somos tímidos e quase inexpressivos diante da difusão de tantos fatos, notícias e doutrinas contrárias aos ensinamentos do Evangelho que correm o mundo. Não sabemos usar adequadamente os recursos de que dispomos e, muitas vezes, insistimos em fórmulas de comunicação, que num passado remoto foram eficazes, mas nos dias de hoje não produzem mais resultados práticos. Infelizmente esta é uma triste verdade… Com as mídias sociais e todos os embates que a Igreja está sofrendo, sabemos que é tempo de confessores e mártires. Portanto, somos chamados a estar atentos aos sinais e continuarmos a fazer a vontade do Senhor: de anunciar a vida em Cristo Ressuscitado. Que continuemos sempre a anunciar a verdade do Reino, mesmo contra toda a desesperança do mundo.