Tempo da Quaresma

    O tempo da Quaresma inicia-se na Quarta-feira de Cinzas e vai até as vésperas da Quinta-Feira Santa, antes da celebração da Ceia do Senhor. O tempo da Quaresma dura quarenta dias e se inspira nos dias que Jesus permaneceu no deserto sofrendo as tentações de Satanás, como também aos 40 anos do retorno do Egito e tantos outros eventos com o número 40. Do mesmo modo que Jesus venceu as tentações no deserto somos chamados a vencer também.

    O tempo da Quaresma é um período forte marcado pela penitência e mudança de vida, caminhando para renovar nossa vida batismal, e, ao longo desse período somos chamados a nos aproximarmos do sacramento da reconciliação para que possamos celebrar de maneira pura a Páscoa do Senhor. A cor litúrgica predominante na Quaresma é o roxo, como sinal de penitência. O tempo da Quaresma é um período de reflexão e sobretudo de agradecimento ao Senhor por ter permitido que seu Filho morresse na Cruz em vista da nossa salvação.

    A Quaresma é um tempo de recomeço, ou seja, somos chamados a reavivar o nosso batismo. Por isso, que na Solene Vigília Pascal renovamos as promessas do nosso batismo.

    O batismo nos lava do pecado e nos torna criaturas novas, por isso, se percorrermos o itinerário quaresmal e realizarmos as suas práticas: Penitência, Oração e Caridade, sobretudo a confissão sacramental estaremos preparados para renovar o nosso batismo e celebrar de maneira pura a Páscoa do Senhor.

    Ao longo da Quaresma muitos adultos que ainda não foram batizados são preparados para que, no Sábado Santo recebam o sacramento do batismo, e até mesmo a Eucaristia e a Crisma na mesma celebração. O tempo da Quaresma é o período em que aqueles que já são batizados renovem as promessas do batismo e aqueles que ainda não são, que sejam batizados. A Quaresma é uma oportunidade de nos reconciliarmos com Deus, e a partir da Páscoa trilhar uma vida de fé constante.

    O número quarenta não foi imposto pela Igreja aleatoriamente, mas tem uma fundamentação bíblica. O número remonta aos quarenta anos que o povo de Deus passou no deserto até entrar na terra prometida, os quarenta dias de Moisés no Monte Sinai, os quarenta anos do reinado de Davi, os quarenta dias do caminho de Elias e, sobretudo, os quarenta dias de Jesus no deserto, sofrendo as tentações e preparando a sua vida pública.

    Posteriormente, veremos na passagem da transfiguração no Monte Tabor, celebrado no segundo Domingo da Quaresma, Jesus sendo transfigurado e aparecem Moisés e Elias. Personagens marcantes do Antigo Testamento e que contribuíram na história da salvação, e estão relacionados com a Quaresma como vimos acima. Jesus é aquele que abre o Novo Testamento, instaura a nova Lei, e que veio para selar eternamente a aliança de Deus com a humanidade.

    Na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa os cristãos são convidados a absterem-se de carne vermelha e fazer jejum. Além da Quarta-Feira de Cinzas e Sexta-Feira Santa pode-se fazer o jejum e abster-se de carne todas as Quartas e Sextas-Feiras da Quaresma. O jejum não necessariamente precisa ser de algum alimento, podemos fazer jejum nesse tempo quaresmal de algo que nos afaste de Deus, como por exemplo usar menos o celular, assistir menos televisão, ficar menos na internet e outras práticas. É claro que todas essas práticas devem ser acompanhadas da oração, ou seja, se tiramos a internet, o celular ou a televisão porque nos afasta de Deus, devemos aproveitar esse momento para rezar e nos aproximar mais de Deus.

    A Quaresma nos convida a três práticas espirituais: Jejum, Oração e Esmola (Caridade), algumas dessas práticas já mencionadas acima. Essas três práticas espirituais estão ligadas entre si, pois, tanto o jejum como a caridade só terão sentido por meio da oração. Além disso, essas práticas espirituais requerem gestos concretos, ou seja, aquele alimento que deixamos de comer através do jejum, poderemos entregar na coleta da solidariedade no domingo de ramos. A caridade seria ajudar o próximo e estendendo-lhe a mão em suas necessidades. Ou ainda como dissemos o gesto concreto do jejum praticado, por isso, essas três práticas estão interligadas. Por fim, para conseguir realizar tanto o jejum como a caridade só é possível por meio da oração. O tempo da Quaresma é marcado pela penitência e oração.

    Ao longo da Quaresma podemos intensificar a nossa vida de oração. Por exemplo, meditar a Palavra de Deus todos os dias pela manhã e à noite, rezar o terço, participar das missas não somente aos Domingos, mas na semana também. Inclusive algumas paróquias colocam missas penitenciais, entre 5h30 ou 6h, todos os dias, ou ao menos às sextas-feiras, quem sabe possamos participar como uma prática penitencial.

    Ainda com o intuito de ajudar em nossa espiritualidade a Igreja no Brasil vive ao longo do tempo da Quaresma a Campanha da Fraternidade. Esse ano a Campanha da Fraternidade tem como tema: “Fraternidade e amizade social” e lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Os temas das Campanhas da Fraternidade sempre têm um cunho social e nos ajudam no nosso trato com o próximo, com Deus e com o meio que vivemos. O tema desse ano trata do nosso relacionamento com o próximo, ou seja, somos todos irmãos por meio do batismo.

    Que possamos ter um santo tempo da Quaresma e utilizar essas práticas espirituais para nos ajudar a rezar nesse tempo. Busquemos ao longo desse tempo quaresmal a nossa conversão e mudança de vida. Entremos de um jeito no tempo quaresmal e cheguemos de outro na Páscoa, que algo possa mudar em nós. Passemos do calvário a glória da ressurreição. Amém.

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