Neste próximo domingo, dia 9 de julho de 2023, a Igreja celebra o Domingo do Mar, dedicado àqueles que trabalham com os marinheiros, nos navios, nos portos, carregando mercadorias e as transportando mar adentro. É dedicado, também, aos pescadores, que noite e dia ficam no mar em busca de peixe para levar sustento às suas famílias. Aqui em nossa cidade do Rio de Janeiro, banhada pela baía de Guanabara, é muito comum vermos navios, embarcações trazendo cargas e muitos pescadores em busca de peixes. Aqui celebramos o jubileu de prata do serviço aos homens do mar com a capelania Stela Maris servida pelos padres Carlistas nestes anos que presta um grande serviço dentro do Porto do Rio para os marinheiros. O apostolado do Mar nasceu há 100 anos na Escócia e hoje está presente na maioria dos portos do mundo. É um belo trabalho da Igreja católica a serviço desses trabalhadores que transportam as mercadorias pelos mares do planeta e que passam meses longe de sua pátria e de sua família. Além da assistência religiosa aos católicos tem a oportunidade de atender aos demais cristãos e as outras religiões em suas necessidades humanas e sociais.
A mensagem para o domingo do mar recorda que “Todos os anos, o Domingo do Mar oferece às comunidades católicas de todo o mundo a possibilidade de não se esquecerem das suas origens e de rezarem por aqueles que, nos dias de hoje, trabalham em navios que transportam mercadorias pelo mundo inteiro. Trata-se de mais de um milhão de seres humanos, graças aos quais o nosso dia-a-dia se torna possível e a economia se mantém. Acerca deles – da sua fé, como amam e esperam – quase nada sabemos.”
Esse domingo dedicado ao mar e, sobretudo, aqueles que trabalham nas embarcações e pesca. A data serve, também, de alerta para cuidarmos do nosso mar, rios, córregos e, em especial, aqui no Rio de Janeiro, cuidar com carinho da baía de Guanabara, que é um patrimônio nacional. Se não cuidarmos de nossos rios, córregos e mar, não haverá vida, além de uma má impressão para a cidade.
Vale a pena lembrar que Pedro e seu irmão André também eram pescadores, os discípulos de Jesus eram pessoas humildes, trabalhadores como qualquer outro e Jesus passou, os chamou, e eles passaram a segui-lo. Jesus, ao chamar Pedro e seu irmão André, diz que daquele momento em diante eles seriam “pescadores de homens”. Existem outras passagens bíblicas que recordam a pesca, como por exemplo, a pesca milagrosa.
Ao lembrar do domingo dedicado ao mar, possamos contemplar a grandeza do mar e maravilhosa criação de Deus e lembremos também que podemos pescar além de peixes, muitos homens e mulheres para Deus. Rezemos por todas as pessoas que se dedicam à pesca e à agropecuária, tantos homens e mulheres que acordam cedo para pescar ou para transportar as cargas em navios, de porto a porto, de cidade em cidade. Reflitamos, também, o percurso que faz cada alimento até chegar em nossa mesa, muitas mãos passam por ele, até chegar na nossa mesa.
O Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Sua Eminência o Senhor Cardeal Michael Czerny, publicou uma mensagem para esse domingo dedicado ao mar dizendo que a Igreja “navega junto” com os trabalhadores do mar. Todo ser humano deve ter um trabalho e deve ter direito ao trabalho. Por isso, o Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral escreve essa mensagem. Nenhum trabalho é melhor ou pior do que o outro, mas todo trabalho feito com amor é abençoado por Deus. Por isso, aqueles que trabalham com a pesca, agropecuária e agricultura em geral, não é pior e nem melhor do que quem trabalha em algum escritório.
Ao celebrar todos os anos o Domingo do Mar, é uma oportunidade de cada comunidade refletir que na origem da Igreja Católica, pois como já dissemos, Jesus chamou André e Pedro na beira do mar e tantas outras passagens que retratam Jesus a beira do mar da Galileia. É uma oportunidade também de rezarmos por todos aqueles que trabalham com a pesca e com o transporte de carga nos navios. Durante as celebrações desse domingo, podemos rezar para que todos o mundo preserve o mar e a natureza como um todo.
O cardeal recorda ainda que o domingo é o dia da Eucaristia, nossa Páscoa semanal, e muitas pessoas não podem participar das celebrações por motivo de força maior, como por exemplo, por motivo de trabalho, sobretudo quem lida com o transporte de cargas marítimas. Muitas vezes não participam porque não podem deixar o trabalho. Lembremos também nesse domingo que as espécies do Pão e do Vinho que chegam ao altar para serem consagradas são frutos do trabalho de tantos homens e mulheres, e depois de consagrados, se tornam o “Corpo e Sangue de Cristo”.
Inclusive, durante o ofertório, o padre faz em silêncio a seguinte oração, diante das espécies do Pão e do vinho: “Bendito Sejais, Senhor Deus do Universo pelo “Pão” que recebemos de vossa bondade, fruto da terra e do trabalho humano, que agora vos apresentamos e para nós vai se tornar o corpo de Cristo”. E segue a oração para a apresentação do vinho: “Bendito Sejais, Senhor Deus do Universo, pelo vinho que recebemos de vossa bondade, fruto da videira e do trabalho humano, que para nós vai se tornar vinho de Salvação”.
O Prefeito para o Dicastério Cardeal Czerny diz ainda em sua mensagem, que é preciso anunciar a palavra de Deus aos quatro cantos da terra e falar da pessoa de Jesus. Os discípulos faziam isso no início da Igreja primitiva. Eles iam nas barcas dos pescadores, as margens do mar e anunciavam Jesus. É preciso sair, inclusive nas praias, e anunciar o Evangelho, lembro-me da Jornada Mundial da Juventude de 2013, como a orla de Copacabana estava de lotada de Jovens e o Evangelho foi anunciado.
O Domingo do Mar é reservado especialmente aos trabalhadores marítimos, e serve para que cada um dê o devido valor a esses trabalhadores e aos alimentos provindos das mãos desses trabalhadores. Podemos refletir também em como podemos cuidar para que as águas do mar e do rio estejam sempre limpas e assim tenham vida.
Portanto, nesse domingo dedicado ao mar, reflitamos como está o nosso modo de evangelizar e como estamos levando a Palavra de Deus adiante. Sejamos gratos ao alimento que temos e lembremos sempre que para chegar a nossa mesa, antes passou por diversas mãos. Estamos em ano sinodal, por isso, caminhemos juntos com a Igreja, para uma reconstrução em nosso modo de evangelizar e ocupemos, sem medo, as ruas, praças, bairros, morros e as praias.
O trabalho da capelania Stela Maris recorda o grande discurso de São Bernardo:
“Ó tu que te encontras longe da terra firme,
A mercê dos vagalhões desse mundo,
Não desvies o olhar da luz deste astro,
Se não quiseres naufragar.
Se os ventos das tentações se levantarem,
Se te chocares contra os rochedos das tribulações,
Olha para a Estrela, Invoca Maria”.