A liturgia do 16º Domingo do Tempo Comum dá-nos conta do amor e da solicitude de Deus pelas “ovelhas sem pastor”. Esse amor e essa solicitude traduzem-se, naturalmente, na oferta de vida nova e plena que Deus faz a todos os homens.
O Senhor é o pastor que nos reúne em sua casa para nos cumular da felicidade e do bem que só ele nos pode proporcionar. Defensor de nossa vida, ele nos conduz por caminhos retos e seguros. Ansiosos o buscamos, pois sacia nossa fome e sede de justiça e de fraternidade. Jesus, na liturgia de hoje, nos convida “vinde e descansai”.
Na primeira leitura(Jeremias 23,1-6), pela voz do profeta Jeremias, Deus condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projetos pessoais; e, paralelamente, Deus anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação. O alerta do profeta é válido para todo dirigente que, tendo a responsabilidade de zelar pela vida do povo, não o faz. Um dia será julgado pela história, e Deus irá cobrar esse descuido.
O Evangelho(Marcos 6,30-34) recorda-nos que a proposta salvadora e libertadora de Deus para os homens, apresentada em Jesus, é agora continuada pelos discípulos. Os discípulos de Jesus são – como Jesus o foi – as testemunhas do amor, da bondade e da solicitude de Deus por esses homens e mulheres que caminham pelo mundo perdidos e sem rumo, “como ovelhas sem pastor”. A missão dos discípulos tem, no entanto, de ter sempre Jesus como referência. Com frequência, os discípulos enviados ao mundo em missão devem vir ao encontro de Jesus, dialogar com Ele, escutar as suas propostas, elaborar com Ele os projetos de missão, confrontar o anúncio que apresentam com a Palavra de Jesus. Jesus se revela como o verdadeiro pastor, o que nos leva as águas repousantes, que nos concede a sua paz e que nos ensina a sua doutrina. Primeiramente, Jesus pretendia oferecer um momento de repouso aos discípulos. No entanto, muitos outros, que não faziam parte deste primeiro grupo de seguidores, tomaram providencias a fim de não perderem Jesus de vista e de segui-lo, como um rebanho ao seu pastor, aonde quer que ele fosse. O lugar que Jesus escolheu para ir, um deserto, não era lá muito atrativo; mas, mesmo assim, se Jesus vai para lá, é para lá que eles também irão, nem se importando com a rudeza do lugar – com Jesus, a sua paz e o seu ensinamento, até o deserto transforma-se em “pastagens verdejantes”. Cada pessoa dessa multidão, por adiantar-se a ele, a pé, e o aguardarem na outra margem, diz a Jesus: “tu és o nosso Pastor, nós não podemos mais viver sem ti. Tu és aquele que Deus nos prometeu e que viria resgatar0nos de nossos males. Sim, tu és o nosso pastor. Apascenta-nos com o teu ensinamento”. Eles eram como ovelhas sem pastor, Jesus assumiu esse ministério em suas vidas. Cada um de nós tem necessidade de um pastor. Precisamos de salvação, precisamos de alguém que nos oriente e nos previna dos erros mundanos. Tomemos providências, como essa multidão, de não perder Jesus de vista. Como o rebanho que escuta a voz de seu pastor, acorramos a ele aonde quer que vá – mesmo que seja ao deserto -, porque é junto dele e dos seus ensinamentos que experimentaremos a sua paz, a sua luz, a sua verdade e, com ele e por ele, a sua comunhão com o Pai e o Espírito Santo.
Os apóstolos retornam da missão e, entusiasmados, relatam ao Mestre o que realizaram. Jesus, depois, convida a um breve repouso, mas o povo vai atrás deles. Depois disso, o Mestre, cheio de compaixão, reconhece que são como “ovelhas sem pastor”. Para Jesus, o descanso é importante, mas, antes disso, está a compaixão pelo povo necessitado.
Na segunda leitura(Efésios 2,13-18), São Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos os homens, sem excepção, a possibilidade de integrarem a família de Deus. Reunidos na família de Deus, os discípulos de Jesus são agora irmãos, unidos pelo amor. Tudo o que é barreira, divisão, inimizade, ficou definitivamente superado. Cristo, com a sua vinda, aboliu toda inimizade e divisão e formou um povo novo Acolher esta obra de Cristo significa deixar de lado toda a divisão e rancor entre pessoas, grupos e povos.
A nobreza dos líderes está em sua capacidade de sofrer com quem sofre e de usar o poder como serviço. Serviço que transforma o sofrimento do povo em esperança e alegria. O resto é pura demagogia de político!