“À vossa direita se encontra a Rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir”. (Sl 44/45)
Celebramos neste domingo a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora e o Dia da Vocação à vida Consagrada. Esta solenidade pelo calendário universal é celebrada no dia 15 de agosto, mas a Igreja no Brasil transfere essa celebração para o Domingo para que um número maior de fiéis possa participar.
Como bem sabemos estamos no mês de agosto, um mês especial para a Igreja em que a cada semana recordamos uma vocação em específico. Na primeira semana recordamos a vocação ao ministério ordenado, ou seja, diáconos, padres e bispos, na segunda semana a vocação à vida matrimonial, a ser família cristã por conta do dia dos pais, com a Semana Nacional de Família, e nesta terceira semana recordamos a vocação a vida religiosa e consagrada. Uma data mais do que especial escolhida pela Igreja para celebrar os religiosos e religiosas, pois, a exemplo de Maria Santíssima os religiosos e religiosas são chamados a renovar o sim a cada dia e transmitir a alegria de servir ao Senhor a todos.
Os religiosos e religiosas são testemunhas pela vida de consagração e pela vida comunitária, mas também animam a vida pastoral da Igreja e em carisma educacionais, sanitários, sociais e outros. Além dos trabalhos pastorais as diversas congregações religiosas assumem a administração de escolas e hospitais. E ainda as comunidades de vida consagrada que cuidam dos mais pobres, em especial os moradores em situação de rua e dependentes químicos. Temos a de vida contemplativa que intercedem pela penitência e pela oração por toda a igreja.
Estamos no ano jubilar da esperança, peçamos ao Senhor em sua infinita misericórdia operários para a messe e que nossos jovens possam a exemplo da Virgem Maria dizer o “Sim” sem medo à Deus. Rezemos pelas congregações religiosas para que não faltem vocações, pois algumas congregações diminuiu um pouco o número de vocacionadas. Que o Senhor em sua infinita misericórdia suscite no coração de muitos jovens a alegria de servir o Senhor mais de perto.
Existe uma diferença entre Assunção de Nossa Senhora e Ascensão de Jesus, na Ascensão de Jesus Ele volta ao Pai por conta própria sem nenhuma força exterior diante dos discípulos. A Assunção de Nossa Senhora ela foi elevada ao céu com a ajuda dos anjos, após aquilo que chamamos de “dormição de Nossa Senhora”, ou seja, Ela entrou num sono profundo e foi assunta ao céu.
A festa da Assunção de Nossa Senhora é um dogma, ou seja, uma verdade de fé, que após longo tempo de estudo e reflexão foi promulgado pela Igreja. O dogma é apresentado aos fiéis para que por meio da fé possam crer que de fato isso aconteceu com a mãe de Jesus e acontecerá conosco. O dogma da Assunção de Nossa Senhora é último dos quatro e que foi promulgado, o Papa Pio XII que o promulgou em 1950.
No Evangelho deste domingo, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, Maria proclama as maravilhas que Deus fez em sua vida e na vida de seu povo. A partir da escolha dela em ser a Mãe de Jesus e o nascimento do Messias, a salvação foi para todo o povo de Israel. Através do “sim” de Maria, Deus pôde selar com a humanidade uma nova e eterna aliança a partir da concepção, vida pública, paixão e morte de Jesus na cruz.
A primeira leitura da missa deste Domingo é do livro do Apocalipse de São João (Ap 11, 19a; 12, 1-3 -6a. 10ab), o autor sagrado desse livro que é São João discípulo e evangelista, descreve a visão que teve. Uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Ele vê um outro sinal no céu, um dragão cor de fogo, tinha sete cabeças e sobre as cabeças sete coroas. O dragão parou de frente da mulher pronto para devorar o filho que ela estava esperando. Ela deu à luz ao filho que governou todas as nações com cetro de ferro. O filho foi levado para junto de Deus e seu trono. A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar. João ouve uma voz do céu que dizia: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus, e o poder de seu Cristo” (Ap 11,10).
Essa mulher que João vê é figura da igreja e também aplicado a Nossa Senhora. A coroa de doze estrelas faz referência as doze tribos de Israel. O dragão é figura do mal que queria impedir que ela desce a luz ao seu filho. O filho nasce e governa todas as nações com cetro de ferro e apesar da rejeição de muitos, morreu na cruz para redimir a humanidade inteira.
O Salmo responsorial 44 (45), que diz em seu refrão: “À vossa direita se encontra a Rainha, com veste esplendente de ouro de Ofir”. Faz referência a uma rainha, que podemos comparar a Nossa Senhora, que se encontra à direita junto de Deus, intercedendo por cada um de nós. Nossa Senhora é a intermediadora, aquela que intercede por nós junto a Deus, do mesmo modo que ela fez nas bodas de Caná.
A segunda leitura dessa solenidade é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 15,20-27a), Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram, ou seja, ele morreu para abrir caminho para nós, pois do mesmo jeito que Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos. Nós cremos nisso toda vez que há a consagração da eucaristia na Missa, pois nesse momento se atualiza a paixão, morte e ressurreição do Senhor. Conforme nossa resposta após o sacerdote dizer: Eis o mistério da fé: “Anunciamos Senhor a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde Senhor Jesus! Como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão.
O Evangelho é de Lucas (Lc 1, 39-56), o evangelista narra a passagem em que Maria parte apressadamente para a casa de sua prima Isabel e fica três meses com Ela. Assim que Maria saúda Isabel, o filho que Isabel esperava, que era João Batista, pula de alegria em seu ventre. E Isabel e o filho que ela esperava ficam cheios do Espírito Santo. Nossa Senhora transmite a Isabel e ao seu filho a força do Espírito Santo e passa a eles a alegria que é servir ao Senhor.
Isabel profere lindas palavras a Nossa Senhora, que estão contidas na Ave Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”. (Lc 1,42). Em seguida Nossa Senhora recita a oração que hoje conhecemos como “Magnificat”. Nesse cântico Nossa Senhora recorda as maravilhas que Deus operou em favor do seu povo e como a escolheu para ser a Mãe do Salvador. Em Jesus todo povo de Israel deveria confiar, pois ele veio conduzir todo o povo à Deus.
Nessa Solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao céu, peçamos que Ela nos conduza sempre ao seu filho e possamos como Ela, guardar e conservar tudo no nosso coração. Que o Espírito Santo sempre nos ilumine e nos ajude a cada dia a dizer “Sim” a Deus. Lembremo-nos das maravilhas que Deus fez na vida de cada um de nós, assim como ele fez com o povo de Israel.
Peçamos que todos os religiosos e consagrados recordem as maravilhas que Deus operou em suas vidas e possam diariamente renovar o seu Sim. Sejam consagrados para amar e servir, sobretudo aos mais pobres. Rezemos ainda para que não faltem operários para a messe, e nesse ano jubilar que todos os religiosos renovem as suas esperanças no Senhor.