Senhor, eu não sou digno…

    O Tema do nono domingo do Tempo Comum é a fé e a universalidade da salvação.
    O trecho do primeiro livro dos Reis(cf. 1Rs 8,41-43) é a resposta à questão posta imediatamente depois do exílio da Babilônia, quando do retorno dos deportados à terra de Israel. Os que voltam do exílio encontram na terra um povo “mesclado”. A pergunta é: que atitude adotar quanto aos estrangeiros que habitavam a terra? Pode-se admitir na sinagoga todos os que o desejam? Se algum estrangeiro se aproxima do Templo e busca o Deus de Israel, é porque reconhece a sua grandeza. Deus não rejeitaria a sua oração, pois Ele acolhe a todos. Se Deus assim procede, convém não fechar as portas a quem quer que seja.
    O texto de São Lucas(Lc 7,1-10), situado na primeira parte de evangelho, em que a questão é a identidade de Jesus, vai para a mesma direção. A menção de Cafarnaum já é importante, pois, simbolicamente, esta cidade, às margens do lago de Genesaré, abre a mensagem de Jesus aos pagãos, em face de Nazaré, cidade de Jesus. O centurião, chefe de cem soldados, é um pagão. A súplica do centurião a Jesus é por um servo seu, que ele estimava muito. Para o centurião, o valor essencial parece ser a vida do seu servo. Estando a serviço do império romano, ele é considerado impuro. Mas ele mesmo não se diz impuro pois isso é um conceito judaico-religioso: ele diz ser indigno: “Eu não sou digno de que entres sob o meu teto”. Ele conhece as normas dos judeus quanto à pureza, por isso não vai pessoalmente ter com Jesus, mas envia anciãos judeus para intercederem por ele junto a Jesus. Diz-se indigno e reconhece a autoridade de Jesus. O Senhor acolhe a todos e toma a iniciativa de querer ir à casa do centurião. No entanto, o chefe pede que Jesus simplesmente dê uma ordem, pois é o poder da palavra que importa. A fé do centurião causa uma profunda admiração em Jesus. A fé do pagão ultrapassa a que é manifestada em Israel. A constatação da cura revela o poder vivificante e eficaz da palavra do Senhor.

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