Semente má e semente boa

    Cristo narrou a parábola do joio e do trigo, a semente má e a semente boa (Mt 13, 24-30). A semente boa é  palavra de Deus transmitida pelo sacerdote quando fala em nome de Cristo na cátedra sagrada, no confessionário ou nos instantes de aconselhamento espiritual. Nestes momentos Cristo se torna a luz para as inteligências, Ele que na Eucaristia é o alimento das almas. Esta palavra está contida na Bíblia Sagrada, a carta magna do Criador aos homens. Aí Deus diz ao ser racional quem Ele é e o que espera de cada um. É o grande dom divino de valor inestimável. A leitura assídua da Bíblia orienta, modifica o coração, esclarece a inteligência, sustenta toda vida do crente. Esta palavra é encontrada ainda neste resumo valioso, nesta suma doutrinária, nunca demasiadamente apreciada e recomendada que é o catecismo. Livrinho precioso que sintetiza admiravelmente os pontos basilares da fé. Ele é o fundamento, o alicerce da vida religiosa. Estudá-lo, recordá-lo é entrar em contato com o verbo poderoso de Deus. Palavra divina é a que nos vem de Roma, do representante de Cristo, do chefe supremo da cristandade. Para cada época Cristo tem, por meio de seu lugar-tenente, uma orientação apropriada, atualizada. Firme na doutrina, humano nas perspectivas que apresenta, o Papa está sempre atento às necessidades dos povos e de cada cristão. Não é ele quem fala é o próprio Deus. Donde o acatamento, a veneração por estas diretrizes que chegam a cada epígono do Redentor, revelando o que naquele momento histórico cumpre seja feito para o bem do mundo, para a salvação das almas, para a difusão do Evangelho. Nos periódicos católicos está borbulhante a palavra celeste, também transmitida pelas rádios, pela televisão, pela internet. É por isto que é uma obrigação do discípulo de Cristo assinar as publicações católicas, apoiando a boa imprensa. Lido o jornal ou a revista, belíssimo apostolado é levá-los aos outros, espalhando por toda parte a boa semente que converte, que aprimora, que dirige. O apoio aos programas radiofônicos ou televisivos de cunho religioso não apenas devem merecer especial acatamento, como ainda ser objeto de divulgação. No entanto, tantas vezes programas profanos são avidamente assimilados, até mesmo com grave prejuízo espiritual. A palavra de Deus é transmitida ainda pelos pais, que são os lídimos representantes do Altíssimo junto dos filhos. Sobretudo os ternos, meigos, afetuosos ditos que jorram tão espontâneos e naturais, tão fáceis e humanos dos lábios de uma piedosa mãe. Não há dúvida de que se os filhos, ainda que adultos, escutassem com mais atenção os conselhos de suas santas genitoras; se eles se impregnassem, se envolvessem nas profundas lições que do escrínio do amor materno lhes advêm, haveria ainda mais piedade e religião no mundo, muitos erros seriam evitados. Deus fala, outrossim, intimamente a cada ser racional pela voz clara, penetrante da própria consciência. Esta voz, por vezes, é amarga como o fel, acre como absinto, cortejada do remorso mais terrível. É o que ocorre depois de um dia mal vivido. É o que muitos escutam quando cedem ao pecado. Voz sagrada que, outras vezes, é doce e suave seguida da alegria mais esfuziante. Isto se dá após uma confissão sincera, uma oração fervorosa, ou quando o mal foi evitado. Portador da palavra divina é ainda a consciência quando se percebe o estímulo, o chamado, o apelo, o incitamento da graça para a perfeição, para a santidade. Momento sublime do recado de Deus. Este, querendo um sacrifício purificador, ou o socorro eficaz ao pobre que sofre, ou a visita a algum enfermo, ou alguma outra atitude nobre e benfazeja. Deus, portanto, de muitos modos lança a sua semente nos corações humanos. O problema é dar condições para que esta possa germinar e dar frutos opimos. Isto supõe disponibilidade, mas o resultado, porém, é uma messe promissora.

    * Professor no Seminário de Mariana – MG