A Basílica de S. João de Latrão é a Catedral do Papa, enquanto Bispo de Roma. Construída pelo imperador Constantino, no tempo do Papa Silvestre I, foi consagrada no ano 324. Ela é chamada “a igreja-mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe”; e é o símbolo das Igrejas de todo o mundo, unidas à volta do sucessor de Pedro. A Festa da Dedicação da Basílica de Latrão convida-nos a tomar consciência de que a Igreja nascida de Jesus (que a Basílica de São João de Latrão simboliza e representa) é hoje, no meio do mundo, a “morada de Deus”, o testemunho vivo da presença de Deus na caminhada histórica dos homens.
Na primeira leitura Ez 47,1-2.8-9.12 –, o profeta Ezequiel anuncia aos exilados na Babilônia que Deus vai fixar definitivamente a sua morada no meio do Seu Povo. Da “casa de Deus” brotará um rio de água viva e abundante que se derramará sobre toda a terra de Israel. Essa água irá fecundar o deserto, fazer com que nasçam árvores de toda a espécie, carregadas de frutos comestíveis e de folhas medicinais que serão remédio contra a morte. O povo de Deus, vivificado pela água que brota da morada de Deus, conhecerá a vida em abundância, a felicidade sem fim.
No Evangelho – Jo 2,13-22 –, Jesus apresenta-Se como “o Templo Novo” onde Deus reside e onde marca encontro com os homens para lhes oferecer a sua Vida e a sua salvação. É de Jesus que nos provêm toda a sorte de bênçãos e dons. Diz o Senhor: “Destruí este Templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2, 19). Nem a morte, portanto, será capaz de colocar fim à Nova Aliança firmada pelo Filho de Deus, Ressuscitado dentre os mortos. Em Jesus Ressuscitado, o verdadeiro Templo, “adoramos o Pai em espírito e verdade” (cf. Jo 4,23-24). Jesus purifica o templo, que, ao invés de promover a vida, se dedica à exploração. O Senhor ressuscitado é o verdadeiro templo, não construído por mãos humanas, no qual seus fiéis celebram o culto em espírito e verdade. O espaço sagrado merece todo respeito. Quem quiser encontrar Deus deve aproximar-se de Jesus, tornar-se seu discípulo, abraçar o seu projeto, seguir os seus passos, viver animado pelo seu Espírito.
Na segunda leitura – 1Cor 3,9c-11.16-17 –, Paulo recorda aos cristãos de Corinto (e aos cristãos de todos os tempos e lugares) que são, no mundo, o Templo de Deus onde reside o Espírito. Animados pelo Espírito, os cristãos são chamados a viver segundo um dinamismo novo, dando testemunho da bondade e da misericórdia de Deus no meio dos seus irmãos. O edifício material está construído sob um alicerce espiritual, que é o próprio Jesus, revelando-nos seu Mistério e sua graça. Cada um dos cristãos constitui esse templo, habitado pelo Espírito de Deus, que faz a obra crescer sobre aquele verdadeiro alicerce. Paulo compara a comunidade cristã ao templo de Deus.
Na festa de hoje contemplamos o “mistério da salvação”, revelado pela presença de Cristo Ressuscitado, quanto para celebrarmos a unidade, a comunhão e a sinodalidade de toda a Igreja Católica, pois festejamos a sede da Diocese do Papa, aquele que preside, na caridade, a Igreja Universal. Rezemos pelo Papa Leão XIV e pelo seu ministério de pastor universal da Igreja.
Neste domingo a Palavra de Deus recorda-nos que o templo de pedra simboliza a Igreja viva – a comunidade cristã, formada de “pedras vivas” – cujo fundamento é Jesus Cristo, “pedra angular”. Somos convidados a fazer de nossa existência um sinal do amor de Deus às pessoas, a começar das mais necessitadas, fragilizadas e descartadas da sociedade. Sendo testemunhas do Cristo vivo, seremos mensageiros de novos horizontes aos que anseiam por respeito à sua dignidade. Diante de tantas situações que ferem a dignidade das pessoas somos chamados a agir. O culto que agrada a Deus é o que acontece na vida “em espírito e verdade” (Jo 4,23), e não o que se sustenta em atividades religiosas e corrompidas. Que nossa vida e o nosso corpo, que é templo do Espírito Santo, seja sempre reflexo do templo vivo que é Cristo Ressuscitado!




