Vem e Segue-me! (Mt 19,21)
Celebramos no dia 21 de setembro a festa litúrgica de São Mateus apóstolo e evangelista. Sempre quando celebramos um apóstolo é festa, pois além de seguirem ao Senhor mais de perto eles foram mártires, ou seja, doaram a sua vida em favor de Cristo e do Evangelho. Por isso, sempre quando se celebra a festa de um apóstolo usa-se paramentos vermelhos, pois morreram martirizados.
Na verdade, até o século IV d.C., no início da era cristã todos que se diziam cristãos eram perseguidos e mortos, por isso, todos os apóstolos morreram conforme o mestre, dando a vida em favor do reino. Somente João, o discípulo amado, morre de forma natural, não foi mártir, pois havia passado os últimos anos de sua vida isolado, longe das autoridades judaicas, escrevendo os seus livros, após ter cuidado de Nossa Senhora a pedido de Jesus aos pés da cruz.
Cada apóstolo tem a sua importância na história, Mateus ficou marcado por ser aquele ao qual Jesus chamou da coletoria de impostos, ou seja, de pecador público passa para uma vida de santidade ao lado do Mestre. Além de ter o seu grau de importância devido ser o autor do primeiro dos três evangelhos sinóticos.
O nome de batismo de Mateus era “Levi”, tornou-se Mateus depois que aceitou o chamado de Jesus e se tornou apóstolo. Mateus conforme dissemos acima, era cobrador de impostos e considerado por toda a sociedade como pecador público, pois os cobradores de impostos muitas vezes não passavam todo o dinheiro recolhido com os impostos para o império Romano, mas eram acusados de ficar com uma boa parte.
Jesus vai na contramão daquilo que a sociedade da época pensava e vai ao encontro daqueles considerados pecadores públicos e excluídos da sociedade. Jesus sempre pregava a inclusão e dizia que veio para “buscar as ovelhas perdidas da casa de Israel”. Jesus vai ao encontro de Mateus, até então “Levi” e diz: “Vem e segue-me”, Mateus deixa tudo e começa a segui-lo. Jesus o coloca novamente no “meio” da sociedade, é isso que Jesus sempre faz com aqueles que as autoridades judaicas colocavam de lado.
Mateus conforme dissemos acima tem um Evangelho que leva o seu nome e faz parte do conjunto de três evangelhos denominados como sinóticos, que tem ainda os evangelhos de Marcos e Lucas. O nome “sinótico” significa que esses três evangelhos têm algo de semelhante em seus escritos e os três de certa forma conviveram com Jesus. O evangelho de João é o quarto evangelho e aparece mais nas solenidades, festas e tempo pascal.
A principal característica do evangelho de Mateus é o anúncio de Jesus Cristo como o Filho de Deus, do mesmo modo ao qual lhe apresentaram, pois quando Jesus o chama e ele começa a segui-lo, ele já tinha uma noção de quem de fato era Jesus. Por isso, em seu evangelho, Mateus quer apresentar isso, para que os leitores creiam que Jesus é o Messias, o Filho de Deus que devia vir ao mundo. Ao longo das páginas de seu evangelho Mateus quer deixar isso claro, Maria gerou Jesus, o filho de Deus, o Messias que deveria vir ao mundo.
O evangelho de Mateus foi escrito por volta do ano 60 d.C., e posteriormente vieram os outros. O Novo testamento começa com os evangelhos considerados sinóticos. O evangelho de Mateus é proclamado no ano litúrgico A, o de Marcos no Litúrgico B, e o de Lucas no ano litúrgico C.
Em seu evangelho Mateus realça o fato de que Jesus é o Messias, que cumpre as promessas do Antigo Testamento. Mateus em seu evangelho se preocupa em mostrar a identidade de Jesus e mostrar em Jesus o rosto da misericórdia divina. Na verdade, a preocupação de todos os evangelistas é mostrar que Jesus veio para todos, não para um povo só, mas para toda a humanidade. A salvação de Deus é para todos aqueles que se abrem de coração sincero a misericórdia de Deus e se arrependem de seus pecados. O próprio Mateus é prova disso.
Mateus em seu evangelho também destaca a importância de colocar Deus em primeiro lugar e deixar tudo para depois, inclusive os bens materiais. Deus deve estar acima do dinheiro e Mateus viveu isso, pois, quando era cobrador de impostos colocava os bens em primeiro lugar. Jesus o chama para que que ele deixasse de servir ao dinheiro e começasse a servir a Deus. Por isso, ele alerta em seu evangelho para que as pessoas não coloquem os bens materiais acima de Deus. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.” (Mt 6,24).
Após a morte e ressurreição de Jesus, Mateus foi evangelizar na região da Arábia e Pérsia com o intuito de evangelizar aqueles povos, e dessa forma iniciando a Igreja primitiva. Infelizmente a missão de Mateus nessas regiões não foi bem-sucedida, os sacerdotes locais começaram a persegui-lo. Esses sacerdotes mandaram arrancar-lhe os olhos e o encarceraram para depois, ser sacrificado aos deuses. Mas, Deus não o abandonou, enviou um anjo e curou-lhe os olhos e o libertou da prisão. Mateus então se dirigiu para Etiópia, onde mais uma vez foi perseguido por um grupo de feiticeiros que opunham a evangelização. No entanto o príncipe herdeiro faleceu e Mateus foi chamado ao palácio. Por uma graça divina, fez o filho da rainha Candece ressuscitar, causando grande espanto e admiração entre os presentes. Com esse ocorrido, Mateus conseguiu converter grande parte da população. A Igreja da Etiópia se tornou uma das mais importantes dos tempos apostólicos.
Ainda não se sabe ao certo o motivo da morte de Mateus, mas algumas fontes dizem que teria morrido na Etiópia. As suas relíquias encontram-se na cripta da Catedral de Salerno. Nesse local, no dia 21 de setembro é comemorado o dia de São Mateus com uma grande procissão.
São Mateus é considerado o santo padroeiro dos banqueiros, bancárias, alfandegários, da Guardia di Finanza (na Itália), cambistas, contadores, consultores tributários, contabilista e cobradores de dívidas. O Papa Pio XII fez em 1934, dia 10 de abril, um documento reconhecendo o patrocínio de São Mateus para esses grupos.
Celebremos com alegria a festa do apóstolo São Mateus, ele que foi martirizado por não negar a sua fé em Cristo, que possamos ir até as últimas consequências no nosso amor à Deus e não desistir daquilo que acreditamos. O nome “Mateus” significa “Dom de Deus”, sejamos também nós dom de Deus para quem encontrarmos.