São Lourenço, diácono!

    Celebramos neste dia 10 de agosto a memória litúrgica de São Lourenço, patrono de todos os diáconos, pois ele foi diácono. O mês de agosto é especial para a Igreja, pois recordamos diversas vocações e o diaconato é mais uma delas. Na primeira semana do mês recordamos a vocação ao ministério ordenado, padres, diáconos e bispos, na segunda semana recordamos a vocação, a paternidade, ao matriomônio e a família, na terceira semana a vocação, a vida religiosa e consagrada, e na última semana a vocação laical e seus ministérios, e o dia nacional dos catequistas.

    Em meio a todas essas vocações comemoradas ao longo desse mês, entre o fim da semana dedicado ao ministério ordenado e o início da semana dedicada aos pais, lembramos do ministério diaconal. São João Maria Vianney é o padroeiro dos padres, pois foi um pároco exemplar. Do mesmo modo, São Lourenço é padroeiro dos diáconos porque ele foi um exemplo de diácono e servidor dos mais humildes do reino.

    O ministério diaconal é o primeiro grau do sacramento da ordem, o segundo grau é o presbiterato e o terceiro grau é o episcopado. De uns tempos para cá, sobretudo após o Concílio Ecumênico Vaticano II a Igreja voltou às origens com relação ao ministério diaconal possibilitando acolher homens casados para o ministério do assim chamado diaconato permanente.

    O ministério diaconal exige muita dedicação e por vezes o diácono ficará ausente de casa, auxiliando na Igreja. O diácono permanente pode assistir matrimônios, encomendar exéquias, realizar bençãos, presidir a celebração da Palavra e celebrar os batizados. Para chegar ao ministério é necessário um bom tempo de preparação, cursar filosofia e teologia e estágios pastorais. Nos dias de hoje é muito comum ter os diáconos permanentes nas comunidades para auxiliar o pároco nas funções pastorais.

    Quem sabe em sua comunidade possam surgir homens que queiram abraçar essa vocação, pode ser até mesmo o esposo, ou algum parente. Com certeza é uma grande graça de Deus, como qualquer vocação Deus chama e espera a resposta daquele que foi chamado.

    Para além do diaconato permanente tem o diaconato chamado “transitório”, ou seja, o diaconato em vista da ordenação sacerdotal. O diaconato transitório tem a duração em torno de seis meses a um ano e ao final desse período o diácono recebe o segundo grau da ordem que é a ordenação presbiteral. Para receber o primeiro grau do sacramento da ordem o diácono transitório faz um longo percurso, seminário propedêutico, depois três anos de filosofia e quatro de teologia, além do ano pastoral, ou seja, para formar um diácono e consequentemente um padre é necessário de nove a dez anos de preparação. Os padres têm uma formação qualificada, muito superior à média das demais carreiras acadêmicas.

    A ordenação diaconal é mencionada desde o início da Igreja primitiva, conforme o livro de Atos dos Apóstolos (At 6, 1-7): “Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas teriam sido negligenciadas na distribuição diária. Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: “Não é razoável que abandonemos a Palavra de Deus, para administrar. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste ofício. Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra”. Esse parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia”.

             Observamos nesse trecho do livro dos Atos dos Apóstolos a necessidade que surgiu de que os discípulos escolhessem alguns homens de boa reputação, cheios do espírito Santo, sabedoria e fé, que se dedicassem ao anúncio da Palavra de Deus. A partir da eleição e escolha dos sete homens, acontece o que conhecemos hoje como ordenação diaconal. O mesmo acontece nos dias de hoje, a Igreja tem necessidade de ordenar diáconos para o anúncio da Palavra de Deus e é preciso escolher homens íntegros e de fé. Aqueles que são ordenados recebem a unção do Espírito Santo, através da oração consecratória e partir de então serão chamados a viverem segundo o Espírito Santo.

             São Lourenço nasceu na Espanha na primeira metade do século II, segundo conta a tradição São Lourenço era diácono do Papa Sisto II, que lhe conferiu a função de arquidiácono. Ele administrativa os bens e as ofertas para ajudar os pobres, órfãos e viúvas, seguindo o exemplo dos sete homens escolhidos pelos apóstolos.

    No ano 258 d.C., foi publicado um decreto do imperador Valeriano, em que ordenava que todos os bispos, presbíteros e diáconos deveriam ser condenados à morte. Lourenço, alguns diáconos e o Papa Sisto II foram presos. O Pontífice foi assassinado no dia 6 de agosto. O Imperador poupou a vida de Lourenço pedindo que lhe entregasse os “tesouros da Igreja”. Ele reuniu órfãos, cegos, coxos, viúvas e idosos e apresentou ao Imperador dizendo: “Eis aqui os nossos tesouros, que nunca diminuem e podem ser encontrados em toda parte”.

    No dia 10 de agosto aconteceu o martírio de São Lourenço, ele foi queimado vivo em uma grelha, após a sua morte, o corpo de São Lourenço foi deposto em uma sepultura na via Tiburtina em Roma. No lugar de seu martírio, foi construída uma Igreja, dedicada a São Lourenço.

    Celebremos com alegria a memória litúrgica de São Lourenço, rezemos para que nunca faltem diáconos para bem servir o povo de Deus. E ainda, que Deus continue suscitando muitos jovens para o ministério ordenado e para vocação sacerdotal e possam servir a Deus como diáconos transitórios, e em seguida como sacerdotes. Que nunca faltem os diáconos e sacerdotes na Igreja para que a Igreja continue seguindo a sua vocação de salvar a todos. Que o Espírito Santo continue suscitando homens cheios de fé e íntegros para bem servir o povo de Deus, sobretudo as viúvas, órfãos e idosos.

    Que São Lourenço interceda por todos os diáconos, particularmente os que trabalham na Escola Diaconal Santo Efrém, que há mais de 20 anos, forma e capacita os candidatos ao diaconato permanente na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Que São Lourenço inspire e interceda junto de Deus por todos os diáconos e aos vocacionados para este ministério ordenado!

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