Celebramos, no dia 22 de outubro, a memória litúrgica de São João Paulo II, um santo de nosso tempo e que durante a sua vida viveu a santidade de forma concreta. Foi Papa da Santa Igreja por 26 anos e conhecido como o Papa do amor e da juventude. Exerceu o ministério pontifício até os últimos momentos de vida, mesmo muito debilitado e na cadeira de rodas serviu a Igreja de Cristo. Logo após a sua morte, os fiéis já o aclamavam como Santo, pois sua história de vida é marcada pelo amor, perdão e misericórdia. Na sua homilia de início do pontificado disse para não termos medo de Jesus Cristo que quer nos dar tudo e que escancarássemos as portas para Ele.
O pontificado de João Paulo II é o terceiro maior da história da Igreja, sendo mais de duas décadas e meia. Seu pontificado foi uma verdadeira revolução e fez com que a sociedade repensasse muitos conceitos, sobretudo, nos campos político, social e humanitário. João Paulo II seguiu a linha iniciada por Paulo VI, ensinando à humanidade o caminho do amor, ou seja, é mais fácil construir pontes de amor, do que muros de ódio.
João Paulo II assumiu o seu ministério após o Concílio Ecumênico Vaticano II e a sociedade e a Igreja viviam uma nova perspectiva. Ele atuou bastante na luta contra o comunismo principalmente em seu país, na defesa da família, abriu as portas da Igreja para o diálogo inter-religioso e promoveu a paz entre as religiões. Era conhecido como o “peregrino do amor”, em alusão às suas constantes visitas papais a diversos lugares do mundo. O Papa João Paulo II visitou 129 países e, em cada país que visitava, beijava o chão desse lugar, logo após descer do avião.
Já em seu funeral, em 2005, os fiéis o declaravam “Santo Súbito”, ou seja, Santo imediatamente. O seu funeral foi uma comoção mundial e todos sentiram a sua perda, até mesmo quem não professava a fé católica.
O Papa João Paulo II era polonês, cresceu em uma pequena vila, de modo simples. O seu nome de batismo era Karol Józef Wojtyla, nasceu em 18 de maio de 1920, em Wadowice. Era o mais novo de três irmãos, perdeu uma irmã, antes mesmo de seu nascimento. Karol Wojtyla era filho de oficial do exército polonês, seu pai também se chamava Karol e sua mãe Emilia Kaczorowska. A gestação de João Paulo II foi de risco, os médicos até sugeriram a sua mãe que interrompesse a gravidez, mas ela em um gesto profético seguiu adiante com a gestação e, depois de anos, ele se tornou um dos maiores nomes da Igreja.
Com a saúde debilitada, a mãe de Karol Wojtyla morreu quando ele tinha apenas nove anos. Três anos depois, seu irmão mais velho Edmund morre, também. Ele era médico e acabou contraindo a doença, estava em meio à pandemia da escarlatina. Karol sempre se lembrava com carinho do seu irmão, o chamando de mártir do dever.
Aos 21 anos de idade, Karol ficaria como único membro da família, pois seu pai falece. Foi com seu pai que ele aprendeu a amar a Virgem Maria, a bravura, o amor à pátria e a honestidade, três grandes valores que devem nortear a vida do ser humano. A dor de João Paulo II transformou-se em oração, pois seu Pai deixou um grande exemplo de fé e confiança em Deus.
Mesmo com todas as perdas e se encontrando sozinho aos 21 anos de idade, um amor muito grande a Deus envolvia o coração de Karol, devido tudo aquilo que sua família lhe ensinou, mesmo passando por dificuldades em seu país, em decorrência da ocupação nazista na Polônia. Ele queria ser ator, mas para evitar ser deportado para a Alemanha, chegou a trabalhar numa pedreira e numa indústria química. Mesmo sem ser deportado, viu de perto os horrores que a guerra causava e as profundas marcas deixadas em sua amada terra natal Polônia. Conheceu várias histórias de sofrimento. A mais marcante foi de uma jovem de 13 anos que ele salvou da fome, após ela sair do campo de concentração. A dor de sua nação fez Karol enxergar que somente a paz pode ser um caminho para construir uma sociedade mais justa e fraterna.
Foi durante a ocupação nazista que o jovem Karol começou a trilhar o caminho do sacerdócio. De maneira clandestina, ingressou no seminário em 1942, tendo aulas secretas na residência do arcebispo de Cracóvia. Quatro anos mais tarde, em 1946, foi ordenado sacerdote, pelo então cardeal Adam Sapieha. Por 12 anos, intercalou a sua vida presbiteral com os estudos, licenciatura de teologia e ética social, além daquilo que era próprio do ministério. E 12 anos após a sua ordenação, Karol se tornou bispo de Ombi e bispo auxiliar de Cracóvia. Em 1964, se tornou arcebispo de Cracóvia e, em 1967, recebeu o título de cardeal por indicação de Paulo VI.
Karol Wojtyla foi eleito Papa em 1978, no conclave que sucedeu a João Paulo I. Foi o primeiro Papa, depois de 450 anos, que não era italiano. Escolheu como nome João Paulo II e implantou em seu ministério valores que aprendeu durante toda a sua vida. Com um discurso conciliador, construiu “pontes” de amor, justiça e paz e abriu as portas da Igreja para o diálogo inter-religioso. Pregava que somente o amor poderia mudar o mundo e que as pessoas deveriam colocar em prática aquilo que tanto Jesus ensinou.
Foi o Papa João Paulo II que iniciou a Jornada Mundial da Juventude, que tem até hoje, instituiu o quinto mistério no terço, esteve à frente do grande ano jubilar em 2000 e acompanhou de perto as transformações da Igreja e da sociedade. Foi o Papa que mais fez viagens apostólicas e nessas viagens ensinava o amor, a fraternidade e a paz.
O Papa João Paulo II foi defensor incansável da família e de seus valores e chamou a família de santuário da vida. Escreveu 14 encíclicas, organizou 15 assembleias do Sínodo dos Bispos, nomeou 231 cardeais, beatificou 1.338 pessoas e canonizou 482 santos.
O Papa João Paulo II morreu em 2 de abril de 2005, véspera do domingo da misericórdia, após uma dura batalha contra o mal de Parkinson. Mesmo com a gravidade da doença e algumas pessoas pedindo para deixar o ministério, persistiu até o fim. Seu funeral reuniu milhares de pessoas em Roma e mais de 200 representantes de governo.
Somos convidados ainda hoje a seguir o legado deixado pelo Papa São João Paulo II, abrindo-nos para o amor e para o perdão aos nossos irmãos. É só o amor que vai ser capaz de construir uma sociedade mais justa e fraterna. Sejamos anunciadores da paz e construtores do reino de Deus. Celebremos com alegria a sua memória litúrgica e que possamos lembrar de seus exemplos deixados para nós.