O mês de junho é pródigo em belas e importantes festas. A tradição das festas juninas que estão inseridas em nossa cultura nos faz refletir sobre os santos que são contemplados neste tempo. Um deles nós celebramos nesta próxima semana. Além da tradição cultural de nossa região, temos a história do testemunho do profeta que foi o único a apontar que o
Messias já tinha nascido.
E é com muita alegria que a Igreja celebra, solenemente, no dia 24 de junho, o nascimento de São João Batista. Santo que, justamente com a Virgem Maria, é o único a ter o aniversário natalício celebrado pela liturgia. São João Batista, que é padroeiro de tantas comunidades de nossa Arquidiocese. É também co-padroeiro da nossa vizinha Arquidiocese de Niterói, a quem cumprimentamos.
A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido o “precursor” de Cristo, a voz que clamava no deserto e anunciava a chegada do Messias, insistindo para que os judeus se preparassem, pela penitência, para essa vinda.
Já no Antigo Testamento, encontramos passagens que se referem a João Batista. Ele é anunciado por Malaquias e principalmente por Isaías. Os outros profetas são um prenúncio do Batista, e é com ele que a missão profética atingiu sua plenitude. Ele é, assim, um dos elos entre o Antigo e o Novo Testamento.
Segundo o Evangelho de Lucas, João, mais tarde chamado o Batista, nasceu numa cidade do reino de Judá, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel, parenta próxima de Maria, mãe de Jesus. Lucas narra as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento do menino. Isabel, estéril e já idosa, viu sua disposição de ter filhos acolhida quando o anjo Gabriel anunciou a Zacarias que a esposa lhe daria um filho, que devia se chamar João. Depois disso, Maria foi visitar Isabel. “Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite”? (Lc 1:41-43). Todas essas circunstâncias realçam o papel que se atribui a João Batista como precursor de Cristo.
São João Batista nasceu seis meses antes de Jesus Cristo e foi um anjo quem revelou o seu nome ao seu pai, Zacarias, que há muitos anos rezava com sua esposa para terem um filho. Estudiosos mostram que, possivelmente, depois de idade adequada, João teria participado da vida monástica de uma comunidade rigorista, na qual, à beira do Rio Jordão ou do Mar Morto, vivia em profunda penitência e oração. Pode-se chegar a essa conclusão a partir do texto de Mateus: “João usava um traje de pelo de camelo, com um cinto de couro em volta dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”.
O que o tornou tão importante para a história do Cristianismo é que, além de ser o último profeta a anunciar o Messias, foi ele quem preparou o caminho do Senhor com pregações, conclamando os fiéis à mudança de vida e ao batismo de penitência (por isso “Batista”). Como nos ensinam as Sagradas Escrituras: “Eu vos batizo na água, em vista da conversão; mas Aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu: eu não sou digno de tirar-lhe as sandálias; Ele vos batizará no Espírito Santo” (Mt 3,11).
Os Evangelhos nos revelam a inauguração da Missão Salvífica de Jesus a partir do Batismo recebido pelas mãos do precursor João e da manifestação da Trindade Santa.
São João, ao reconhecer e apresentar Jesus como o Cristo, continuou sua missão em sentido descendente, a fim de que somente o Messias aparecesse. Grande anunciador do Reino e denunciador dos pecados, ele foi preso por não concordar com as atitudes de Herodes, acabando decapitado devido ao ódio de Herodíades, que fora esposa do irmão deste [Herodes], e com a qual este vivia.
O grande santo morreu na santidade e reconhecido do próprio Cristo: “Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João, o Batista” (Mt 11,11).
Dessa maneira, pela intercessão de São João Batista pedimos inúmeras e incontáveis graças sobre todos nós para que sempre possamos ter seu exemplo em sermos vozes que clamam no deserto, ou seja, cristãos comprometidos com a vivência do Evangelho e com o anúncio da Palavra e da Verdade, que é o próprio Cristo.
São João Batista, rogai por nós!