No dia primeiro de novembro a Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos. Devido a sua importância quando dia primeiro não é domingo a solenidade é transferida para o domingo seguinte. No Missal Romano temos sua fundamentação: “A Igreja é indefectivelmente santa: Cristo amou-a como sua esposa e deu-se a si mesmo por ela a fim de santificá-la; por isso todos na Igreja são chamados à santidade. A Igreja prega o mistério pascal nos santos que sofreram com Cristo e com Ele são glorificados; propõe aos fiéis seus exemplos, que atraem todos ao Pai por meio de Cristo, e implora por seus merecimentos os benefícios de Deus. Hoje numa só festa celebram-se, junto com os santos canonizados, todos os justos de toda raça e nação, cujos nomes estão inscritos no livro da vida (cf. Ap. 20,12)”.
A liturgia da celebração eucarística de Todos os Santos é um convite a compartilharmos o júbilo celeste dos santos e a saborear a sua alegria de estarem diante de Deus, contemplando-o face a face. Recordando que os santos não são somente aqueles reconhecidos ou canonizados pela Igreja, mas a multidão dos salvos, de todas as épocas e lugares. Sem dúvida, não faltam entre os filhos de Deus maus exemplos, mas é nos santos que se reconhece e se revela os autênticos filhos de Deus. Escreve São João na primeira carta (3,1-3): “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! […] mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”.
A solenidade de Todos os Santos e Finados oferecem uma oportunidade para meditar sobre a vida eterna. Talvez o homem contemporâneo, empoderado com tantos recursos tecnológicos, possa considerar a vida eterna como pertencente a uma mitologia superada e a presença de Deus no mundo seja considerada coadjuvante. Por outro lado, a existência humana, por sua natureza está orientada para algo maior e que transcende o mundo imediato e material. No ser humano existe um desejo que não se apaga e nunca é saciado, como a justiça, a verdade, o respeito à dignidade humana, a felicidade, a eternidade. Não nos conformamos com a morte e o que mata. Convivemos com injustiças que não se consegue eliminar neste mundo, mas se almeja que a justiça divina seja feita.
A celebração de Todos os Santos remete à vida eterna. Como entendê-la? “A Vida eterna, para nós cristão, não indica, contudo, somente uma vida que dura para sempre, mas sim uma nova qualidade de existência, plenamente imersa no amor de Deus, que liberta do mal e da morte e nos põe em comunhão infinita com todos os irmãos e irmãos que participam do mesmo Amor. Portanto, a eternidade pode estar já presente no centro da vida terrena e temporal, quando a alma, mediante a graça está unida a Deus, ser derradeiro fundamento” (Bento XVI).
A santidade é uma graça proveniente do batismo e ao mesmo tempo uma missão, uma meta a alcançar. Como podemos nos tornar santos, amigos de Deus hoje? O Papa Francisco na exortação Gaudete et Exsultate nos ensina o caminho da santidade proposto por Jesus Cristo. O caminho são as bem-aventuranças apresentadas na liturgia dominical. Elas não pedem a realização de grandes e extraordinárias ações. Elas retratam a vida de Jesus e quando vividas fazem os cristãos ser semelhante a Ele; ser pobres em espírito, ser mansos diante da tentação da violência, estar juntos aos que choram, ser misericordiosos, ter fome e sede de justiça, ser puro de coração, promover a paz e ser perseverante em meio aos problemas.
Que os santos intercedam a Deus por nós.