Irmãos e irmãs, celebramos no dia 25 de outubro a memória litúrgica de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, um santo brasileiro, pois nasceu e viveu toda sua vida aqui no Brasil. Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, conhecido popularmente por todos os brasileiros como “Frei Galvão”, mesmo após sua canonização, é padroeiro dos arquitetos, engenheiros e construtores. Ele é, ainda, o fundador do “Recolhimento da Luz” e do Mosteiro da Luz, em São Paulo.
Frei Galvão nasceu e viveu boa parte de sua vida em Guaratinguetá, interior de São Paulo, região do Vale do Paraíba, próximo a Aparecida. Ele nasceu em 10 de maio de 1739, na Vila Santo Antônio de Guaratinguetá, atual cidade de Guaratinguetá. A igreja dedicada a Frei Galvão encontra-se, inclusive, em Guaratinguetá.
Muitas pessoas acorrem ao Santuário de Frei Galvão ao longo do ano, sobretudo para agradecer as graças recebidas. Logo após sua morte, as pessoas já o aclamavam como santo, mas sua canonização demorou um pouco. Ele foi canonizado em São Paulo, no ano de 2007, na ocasião da viagem apostólica do Papa Bento XVI ao Brasil, por conta da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada em Aparecida.
Frei Galvão era o quarto de dez filhos, nascido em uma família bastante religiosa, mas também muito rica e nobre. Seu pai, Antônio Galvão de França, português, era o capitão-mor (prefeito) da vila, comerciante e pertencia à Ordem Terceira Franciscana. A mãe de Frei Galvão era Isabel Leite de Barros.
Antônio viveu até os 13 anos de idade na casa de seus pais, quando foi enviado ao colégio dos Jesuítas por eles, em Cachoeira, na Bahia, para estudar ciências humanas. No mesmo colégio já estudava seu irmão José, de 19 anos. Durante quatro anos, o jovem destacou-se, não apenas na prática religiosa, mas também na área da construção civil.
A mãe de Frei Galvão faleceu precocemente, em 1755. A partir desse fato, ele adotou como sua mãe espiritual Sant’Ana. Ele era muito devoto da avó de Jesus e, após a perda de sua mãe, adotou-a como sua mãe espiritual. Por isso, quando se tornou religioso, adotou o nome de “Frei Antônio de Sant’Ana Galvão”, incluindo o nome de seus pais e a devoção à avó de Jesus e a Santo Antônio.
O jovem Antônio queria ser jesuíta, devido a ter estudado no colégio dos Jesuítas e ter se identificado muito com o carisma, mas, devido à perseguição e expulsão dos Jesuítas promovida por Marquês de Pombal, seguiu o conselho de seu pai e tornou-se franciscano, no convento de Macacu, em Itaboraí, Rio de Janeiro.
Frei Galvão foi ordenado sacerdote em 11 de julho de 1762 e transferido para o convento de São Francisco, na cidade de São Paulo. Mesmo após a ordenação, continuou os estudos de filosofia e teologia. No ano de 1768, foi nomeado confessor, pregador e porteiro do convento. Embora pareça inusitado, o cargo de porteiro era bem importante. Ele se destacou nessa função a ponto de a Câmara Municipal lhe conceder o título de “Esplendor do Convento”. Em 1770, foi convidado para ser membro da Academia Paulistana de Letras, pelo fato de compor poesias em latim, ritmos e epigramas.
Entre 1769 e 1770, Frei Galvão recebeu a missão de ser confessor no Recolhimento Santa Teresa, que acolhia devotas de Santa Teresa de Ávila, em São Paulo. Durante sua passagem por esse recolhimento, conheceu a freira Irmã Helena Maria do Espírito Santo, que se confessava frequentemente com Frei Galvão e dizia ter recebido um pedido de Jesus para a fundação de um novo recolhimento. Entretanto, estava num período em que, por ordem de Marquês de Pombal, era proibida a construção de igrejas ou conventos. Frei Galvão desafiou essa determinação e fundou o novo recolhimento, chamando-o de Recolhimento Nossa Senhora da Luz, inaugurado em 1774.
A identidade espiritual da nova fundação era baseada na Ordem da Imaculada Conceição. Frei Galvão escreveu as regras e estatutos e deu todo o amparo necessário. A casa ficava um pouco afastada da cidade na época. Anos mais tarde, o convento tornou-se conhecido como Mosteiro da Luz, e, em torno dele, surgiu o bairro da Luz.
Um governador recém-chegado a São Paulo quis fechar o recolhimento. Frei Galvão obedeceu, mas as irmãs se recusaram a sair de lá. O governador começou a agir com violência, enviando tropas e ameaçando destruir tudo. No entanto, todo o povo se revoltou, e o governador teve que ceder. Assim, Frei Galvão retomou a construção e o recolhimento. O povo queria o Mosteiro da Luz, e a construção demorou vinte e oito anos, dando origem ao bairro da Luz em São Paulo.
Certa vez, ao defender um homem, Frei Galvão acabou sendo preso, mas todo o povo, as irmãs e os bispos intercederam junto às autoridades e ao superior geral por ele, e ele foi solto. Em 1781, Frei Galvão foi nomeado mestre dos noviços em Macacu, e, em 1798, tornou-se guardião do convento de São Francisco. Em 1811, Frei Galvão fundou o convento de Santa Clara em Sorocaba. Onze meses depois, voltou a São Paulo e atendeu muitas pessoas, orientando-as espiritualmente e confessando. Frei Galvão era um homem de muita oração. Por causa disso, alguns fenômenos foram observados pelos fiéis, como o dom da cura, o dom da ciência, bilocação, levitação, entre outros. Esses fenômenos sempre ocorriam em favor dos doentes, moribundos e necessitados.
Poucos meses após a independência do Brasil, Frei Galvão partiu para a casa do Pai, no Mosteiro da Luz, em 23 de dezembro de 1822. Logo após sua morte, aqueles que conviviam com ele já o aclamavam como santo, pois sua vida exalava santidade. Ele foi sepultado ali, e seus restos mortais ainda se encontram no Mosteiro da Luz. Muitas pessoas acorrem ao mosteiro para visitar seu túmulo e pedir a intercessão do santo.
Somente mais de cem anos após sua morte, em 1998, Frei Galvão foi beatificado pelo Papa São João Paulo II, recebendo o título de Homem da Paz e da Caridade, além de patrono da construção civil no Brasil. Em 2007, foi canonizado pelo Papa Bento XVI, numa missa presidida no Campo de Marte, em São Paulo, com a presença de milhares de fiéis e clérigos. São Frei Galvão tornou-se o primeiro santo nascido no Brasil. Sua fama de santidade espalhou-se por todo o mundo, e são muito conhecidas as pílulas de Frei Galvão, produzidas pelas irmãs que cuidam do mosteiro. Muitos fiéis alcançam graças tomando as pílulas.
Celebremos com alegria a memória litúrgica de Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, pedindo que ele nos proteja e abençoe nossa pátria. Que todos os fiéis possam nutrir no coração o mesmo amor que Frei Galvão tinha por Deus e pela Virgem Maria.