Para quem possui ao menos uma parreira de uvas em casa ou conhece a arte da vindima, ou, quiçá, seja um viticultor de sucesso, sabe perfeitamente o quão importante é a arte da poda. Nada é tão fundamental para uma boa colheita do que seus segredos e prática em tempo certo, na maneira como se corta, no manejo do instrumento, na observação dos ciclos lunares, etc, etc. Pois bem: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto, ele o corta…( Jo 15, 1-2)”, nos disse Jesus.
Percebeu agora a importância dessas palavras na vida cristã? Unidade e bons frutos! Sem isso, nada somos. Sem a apresentação de resultados práticos e visíveis, derivados da seiva de nossa fé, corta-se o ramo seco que se tornou nossa vida e a descarta dos planos celestiais. “Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados (Jo 15, 6)”. Alguém aí ainda não entendeu tão claras e objetivas palavras ou quer que se desenhe? A didática das promessas de Cristo não poderia ser mais contundente e sua pedagogia usa das coisas simples para realçar a importância de nossa unidade a Ele, fonte primeira dos bons frutos que o Pai espera de nós.
Quantos ramos secos nos dias atuais! Seria falta de nutrientes no solo ressequido de nossos corações? Ou a necessidade de uma poda mais radical nesse crescimento exacerbado dos muitos ramos de nossa existência, a planta de muitas folhas sem frutos que a vida humana apresenta? Estamos crescendo em exuberância aos olhos de muitos, mas sem os resultados esperados pelo agricultor que aqui nos colocou, nos plantou. De nada adianta um parreiral vistoso, verdejante, sem as podas necessárias, sem os frutos bons e saborosos de uma existência produtiva. Disso é que nos fala Paulo, ao mencionar fé sem obras, existência vazia, morta, sem resultados agradáveis a Deus. Galho seco se lança fora! A fé sem frutos, sem resultados práticos, é realmente morta.
Oportuno se faz, de quando em quando, um exame na saúde de nossa vida espiritual. Para isso existe a Igreja e seus sacramentos. Em especial o reconhecimento de nossas fraquezas, a Confissão e a Eucaristia, fonte de nossa espiritualidade, o grande alimento que nos mantêm unidos ao Cristo e nutridos por Ele nesse desafio de produzir para Deus. De nada adianta uma caminhada de fé sem esses pressupostos de inserção ao Cristo e total adesão aos seus ensinamentos. Não há alternativas, nem enxertos em ramos diferentes da fé que recebemos no batismo, nem manipulações da moderna tecnologia agrícola que parece “fazer milagres” no campo das produções humanas, nem adubação, nem vento, nem chuvas “provocadas” mas incontroláveis, nada disso resolverá nosso problema sem os “frutos saborosos” que o Pai espera de cada um de nós. A natureza divina rejeita improvisos de última hora!