Quinto Domingo da Quaresma

    Estamos nos encaminhando para o final da Quaresma; estamos próximos do início da Grande Semana, que culmina no Tríduo Pascal! No 5º Domingo da Quaresma, a Palavra que escutamos nos convida a esquecer o pecado, esquecer o que ficou para trás e prosseguir, renovados, para adiante, para frente, onde Cristo nos espera! Certamente, esse “esquecer o que fica para trás” não pode ser uma negação irresponsável do nosso passado! Esquecer o pecado que passou somente é possível quando o assumimos diante de Deus e o confessamos de coração sincero. Para isso, Cristo, nosso Deus, nos deixou o Sacramento da Penitência! Assumamos, pois, que somos pecadores, confessemos nossos pecados e caminhemos, com passos apressados e decididos, ao encontro do Cristo que nos salva e purifica.

    Na primeira leitura – Is 43,16-21 – o Senhor nos exorta pela boca do Profeta Isaías: “Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos. Eis que eu farei coisas novas, e que já estão surgindo: acaso não as conheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca”. O mesmo Deus que abriu o tremendo Mar Vermelho e arrancou Israel da morte, dando-lhe um futuro, agora nos promete algo maior, uma coisa nova. Que coisa? Que promessa? Ei-la: em Cristo Jesus nos será aberta uma estrada no meio do mar da morte, e nós, com Cristo e em Cristo, ressuscitaremos, viveremos. Mais ainda: já agora, atravessando as águas do santo Batismo, seremos lavados, regenerados, purificados e, como novo povo de Deus, como sua Igreja, atravessaremos o deserto deste mundo rumo à Terra Prometida da glória celeste.

    Na segunda leitura – Fl 3,8-14 – São Paulo nos convida a deixar o que ficou para trás e correr para adiante, para Cristo. Suas palavras são claras e devem nos contagiar de entusiasmo: “Não que já tenha recebido tudo isso ou que já seja perfeito. Mas corro para alcançá-lo, visto que já fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. Corro direto para a meta, rumo ao prêmio, que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus”. Isso mesmo: não somos perfeitos, experimentamos em nós ainda as marcas da concupiscência deixada pelo pecado original, mas Cristo nos atrai, seu amor nos impele, porque Ele nos alcançou, nos conquistou, nos resgatou com sua preciosa cruz e ressurreição.

    No Evangelho – Jo 8,1-11 – temos uma comovente cena da vida de Jesus: os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério! Segundo a Lei de Moisés, tais pessoas deviam ser apedrejadas. Aproveitaram a situação para deixar Cristo em uma posição embaraçosa: “Mestre, que vamos fazer dessa mulher? Perdoá-la ou apedrejá-la, como manda a nossa lei?” Para os escribas e fariseus, era uma oportunidade de testar a fidelidade de Jesus às exigências da Lei. Para Jesus, foi a ocasião de revelar a atitude de Deus frente ao pecado e ao pecador. Perguntaram ao Mestre: “Que dizes?” (Jo 8,4).

    Disse Jesus: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7). Todos os homens são pecadores; por isso, ninguém tem o direito de se arvorar em juiz dos outros. Só um tem esse direito: o Inocente, o Senhor. Mas Ele sequer usa desse direito, preferindo exercer Seu poder de Salvador: “Ninguém te condenou? […] Também Eu não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8,10-11). Somente Cristo, que veio para entregar Sua vida pela salvação dos pecadores, pode libertar a mulher do seu pecado e dizer-lhe: “Não tornes a pecar”. Sua palavra é portadora da graça que nasce do Seu sacrifício.

    Cristo é sem pecado, portanto, poderia arremessar a primeira pedra… mas renuncia ao direito de condenar porque, como o Pai, “não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 33,11). Quanta nova confiança deve ter infundido, na mulher, aquele “Vai”, pois significa: volta a viver, a esperar, volta para casa; retoma tua dignidade; dize aos homens, com tua presença entre eles, que não há somente a Lei, há também a Graça.

    Este Evangelho toca na raiz de muitos de nossos costumes. Certo, não pegamos em pedras contra o próximo; a lei civil proíbe! Mas a lama, sim, a crítica, sim. Quanta lama é colocada no próximo em certas conversas entre amigos e amigas! Mas não porque se detesta sinceramente o mal (dele, às vezes, se tem inveja!), e sim porque se detesta o pecador; porque, no contraste com sua conduta, quer-se, inconscientemente, fazer brilhar mais a nossa: “Agradeço-vos, meu Deus, que não sou como os outros”, dizia o fariseu no templo. Aproveitemos o início da Semana da Paixão e das Dores de Nossa Senhora para uma completa confissão auricular, pedindo perdão por nossos pecados e mudando radicalmente de vida, pois este é o tempo favorável, este é o dia da salvação!

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