Celebramos neste final de semana o XXVI domingo do Tempo Comum. Neste domingo celebramos o Dia da Bíblia – Palavra de Deus, Palavra de Sabedoria e de luz para o nosso caminho. A Palavra de Deus apresenta alguns elementos importantes que nos precisam ser continuamente recordados. Tanto a primeira leitura quanto o Evangelho, recordam-nos que Deus não é propriedade de ninguém.
Na primeira leitura – Nm 11,25-29 – o espírito da profecia foi comunicado aos 70 anciãos, escolhidos para auxiliar Moisés no serviço ao Povo de Deus no deserto. Moisés escolheu setenta anciãos que receberam parte de seu espírito; mas dois deles não participaram da reunião da Assembléia e, mesmo assim, profetizavam causando estranheza em Josué, que reclamou junto a Moisés para os mandasse calar! O Povo de Israel cresceu em número e Moisés não dava mais conta de coordená-lo! E Deus pediu-lhe que escolhesse 70 anciãos para ajudá-lo na reflexão e na condução do povo enquanto, ainda, caminhava pelo deserto, rumo à Terra Prometida. Receberam parte do Espírito de Moisés e profetizavam como ele. Partilha de poder e de responsabilidade!
Na segunda leitura – Tg 5,1-6 – as profecias de São Tiago revelam publicamente os pecados da Comunidade rica e exploradora de seus irmãos. Como são necessárias estas profecias, no estilo de São Tiago, para as Comunidades acomodadas nos seus pecados contra a justiça! São Tiago anuncia o castigo dos que exploraram os operários, negando-lhes o salário devido, vivendo luxuosamente, cevando o coração para o dia da matança! Condenastes o justo e o assassinastes porque ele não tem como resistir-lhes! São Tiago, na simplicidade de um pescador, recorda a inutilidade do acúmulo de riqueza injusta. Ela apodrecerá ou será consumida pela ferrugem e pelas traças. Esta é uma realidade invencível! As riquezas, mal havidas, apenas engordam o coração para o dia da vingança!
No Evangelho – Mc 9,3843.45.47-48 – Jesus fala de atitudes radicais: O valor maior é a nossa alma e para salvá-la não duvidemos de renunciar ao que nos causa pecado! “Quem não é contra nós é a nosso favor”. É preciso compreender bem a afirmação do Senhor. Certamente, ele é o Caminho e a Verdade da humanidade; certamente Ele fundou a Igreja, comunidade de seus discípulos; dotou essa Igreja do seu Espírito, de pastores e de toda uma estrutura visível. Esta Igreja de Cristo, nós cremos que permanece de modo pleno na Igreja Católica. Isto significa que os elementos essenciais da Igreja de Cristo permanecem, por graça e fidelidade do Senhor, naquela Comunidade que Ele fundou desde o início, a Igreja una, santa, católica e apostólica. Quais são esses elementos essenciais? A Palavra de Deus, pregada e interpretada segundo a Tradição apostólica, a Eucaristia como banquete e sacrifício, os sete sacramentos, o ministério de Pedro, presente nos seus sucessores, os Papas de Roma, o ministério episcopal, no qual se concretiza a sucessão apostólica, a caridade fraterna, os vários dons e carismas da comunidade, o sentido da missão de anunciar Jesus ao mundo como Senhor e Salvador, o martírio como testemunho máximo de Cristo, a presença materna da Virgem Maria e dos Santos, amigos de Cristo.
Proibiram que expulsassem demônios porque não pertenciam ao Grupo dos Discípulos. Jesus proibiu-lhes, porque “Ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim”. É interessante como Jesus pede que tenhamos cuidados com os mais pequenos. Não basta ser tolerante com os de fora; é necessário mais ainda ser cuidadoso com os de nossa comunidade, de nossa paróquia, os nossos irmãos, filhos da mesma mãe católica. Quantas vezes uma palavra dura, um mau exemplo, uma atitude de fechamento, podem fazer esfriar a fé do irmão que é fraco. É o escândalo, isto é, é se tornar causa de tropeço e de queda para os outros. Deus nos guarde de um cristianismo sem amor! Eis aqui: com os de fora, tolerância e respeito; com os de dentro, amor e cuidado fraterno!
Que o Senhor, pela sua graça, nos dê toda tolerância e toda intolerância. Toda tolerância com os irmãos e toda intolerância com o nosso pecado e as nossas manhas, Que o Senhor nos converta, ele que é bendito para sempre. Amém.