Quarto domingo do advento

    Estamos prestes a celebrar o Natal do Senhor, solenidade para a qual nos preparamos ao longo de quase quatro semanas.
    Se “Acaz” se recusa demagogicamente a pedir ao Senhor um sinal de sua proteção contra o inimigo, o profeta anuncia um sinal de Deus: “Eis que a jovem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá o nome de Emanuel(Cf. Is 7,14)”. A Igreja nascida do mistério pascal de Jesus Cristo, relendo este texto de Isaías, vê nele a promessa do nascimento do Verbo de Deus.
    O episódio do Evangelho(cf. Mt 1,18-24) deste domingo apresenta-nos a missão de José. Se, no evangelho de Lucas, o anúncio é feito a Maria, no de Mateus, o anúncio do nascimento de Jesus é feito a José em sonho. Maria, prometida em casamento a José, se encontra grávida pelo poder do Espírito Santo. A atitude de José nem sempre é compreendida pelo leitor do evangelho, e esta falta de clareza do texto nem sempre é elucidada nas pregações. Não raras vezes se traduz a atitude pretendida de José em relação a Maria, como “repúdio”, como se ela tivesse cometido uma falta. A melhor tradução é “deixar ir livremente”. José compreende que a gravidez de Maria é habitada pelo Mistério de  Deus. Ele não quer tomar para si o que Deus reservou para ele. É exatamente por isso que o narrador diz que ele era “justo”. Mas a palavra do anjo a ele permite-lhe compreender que Deus precisa dele. A ele cabe dar uma existência histórica ao Filho de Deus: “… tu lhe porás o nome de Jesus”(Mt 1,21). “… não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo(Mt 1,20)”. A palavra do anjo a José muda, transforma a sua relação com Deus, pois ela encurta a distância entre o divino e o humano. O seu matrimônio com Maria não é incompatível com a consagração dos dois a Deus: “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa(Mt 1,24)”.

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