POVO SANTO E PECADOR

                A humildade cristã nos ensina a reconhecer nossos pecados, mas também ambicionar as virtudes dos santos. Porque ser santo é – ou deveria ser – a primeira grande vocação do povo de Deus. Porém, esse mesmo povo é conhecido historicamente pelos momentos de infidelidade ao próprio Deus e pelos grandes contra testemunhos de desamor e injustiça com seus semelhantes, irmãos da estrada nessa caminhada terrena. Onde, pois, está a santidade do povo de Deus?

                Acontece que santos existem. E são muitos. Acontece que a todo instante esbarramos neles e sequer damos conta desse privilégio nos dias de hoje. Outros tantos são reconhecidos publicamente e levados aos altares como exemplos a serem seguidos ou imitados. Outros pela própria humildade e simplicidade de vida evitam a publicidade em torno do que fazem como mera obrigação de fé, simples prática da perfeição que experimentam em vida. Quem não conhece um santo ou uma santa desse naipe em seu círculo de amigos, de colegas, de familiares, de irmãos? Quem nunca desejou ser como um destes? “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. Já na primeira bem-aventurança Cristo nos apresenta o primeiro passo para se alcançar a graça da santidade: pobreza de espírito! Mas todo o evangelho de Mateus, em seu quinto capítulo (5,1-12s). nos dá  pistas para alcançarmos a santidade.

                Ei-las, então: além da necessária pobreza de espírito, é preciso reconhecer que a aflição contra os desvios que o maligno constrói terá o consolo do bem maior; que a mansidão em oposição às tribulações é que nos dá legitimidade de domínio sobre os males dessa terra; que nossa fome e sede por justiça sacia essa busca por perfeição; que só os misericordiosos terão a misericórdia do Pai, só os puros de coração contemplarão o rosto divino, mas só os promotores da paz, os construtores de um mundo em harmonia total com Deus e entre nós é que merecerão a herança dos filhos diletos, o maior título que um humano possa merecer, “porque deles é o Reino dos Céus”.

                Então as consequências dessa opção se tornam a bem-aventurança crucial. Serão perseguidos, injuriados, injustiçados. Serão aqueles aos quais se dirigem falsas acusações, mentiras, difamações, “todo tipo de mal contra vós por causa de mim”. A estes, somente a estes, estará reservada a maior das consolações: “Alegrai-vos e exultai, porque será grande vossa recompensa nos céus”. Santos esses que descobriram em vida o privilégio do sofrimento por causa da fé que professam. Santos de todos os tempos, de todos os rincões, de todas as raças e classes sociais, mas que têm em comum somente a alegria de ser um “com Cristo, por Cristo e em Cristo” no tempo que lhes foi dado neste mundo. O privilégio da santidade não é um mundo à parte da realidade deste mundo, mas começa aqui!  Somos pecadores, sim, bem o sabemos. Mas também somos santos e merecemos esse título pela graça da redenção que nos devolveu a certidão de um novo nascimento: filhos de Deus hoje somos. Acorde, povo Santo! O céu nos aguarda de portas abertas. Ser santo é um direito nosso, pois a primogenitura, a herança celeste, nos custou o sangue de um Justo. Então nada mais justo que assumirmos essa nossa identidade de filhos diletos de Deus. Povo santo por escolha… e por mérito da graça sobre nós.

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