No final da Páscoa, chega a festa de Pentecostes, a grande Páscoa do Espírito, a celebração de uma história em que o Espírito de Deus é o guia e inspirador. Hoje, não devemos olhar apenas para o momento inicial, relatado nos Atos dos Apóstolos, quando os discípulos experimentaram, com uma força inusitada, a presença do Espírito de Deus animando-os a deixarem o quarto fechado em que se haviam metido – por temerem os judeus – e a pregarem a Boa-Nova a toda a humanidade, em todas as línguas e culturas. E isso tudo porque o amor e a salvação de Deus são para todos.
Hoje deveríamos saber contemplar a ação do Espírito ao longo da história da Igreja. Quando olhamos para esses vinte séculos, temos a tentação de fazer a história das idéias ou dos concílios ou dos Documentos ou dos Papas. Mas a história da Igreja é muito mais que isso: é a história de homens e mulheres – importantes ou não, com cargo ou sem ele – que aceitaram ser conduzidos pela força do Espírito e anunciaram a Boa-Nova com sua vida, suas palavras e sua forma de amar todos os que encontraram pelo caminho.
Hoje é importante repassar os nomes que conhecemos: os dos santos, aqueles em quem o povo de Deus reconheceu a presença do Espírito e a fidelidade humana. Graças a eles, os santos, continuamos reconhecendo a presença do Espírito na Igreja. Desde aqueles que escreveram os evangelhos e os que deram testemunho na primeira hora, como o foram Pedro e Paulo, até os santos dos últimos séculos. Também não podemos esquecer o atual momento da Igreja. Não podemos deixar de olhar para os que estão sentados ao nosso lado durante a Missa e para os membros da comunidade cristã. Neles – em cada um de nós também – está presente o Espírito, animando-os – animando a cada um de nós – a serem melhores, a amarem mais, a serem mais generosos.
As línguas de fogo e o vento impetuoso de que fala a primeira leitura(At 2,1-11) não são mais que um símbolo para expressar a força do Espírito de Deus que chega até o coração da pessoa e é capaz de transformá-la. Quando as portas do coração são abertas para o Espírito, já nada mais é igual. Tudo é visto a partir dessa nova perspectiva, a do amor e da misericórdia de Deus. Nossa história pessoal se transforma no fogo do Espírito.
Hoje é dia darmos graças a Deus pelos dons do seu Espírito, pois nos fez participar da história de homens e mulheres santos e nos chama, igualmente, à santidade. Abramos o coração ao Espírito de Jesus e ele nos ensinará, como diz o Evangelho, a viver em cristianismo e nos fará lembrar de Jesus a todo momento, ajudando-nos a guardar o mandamento do amor.