Palavras, palavras, palavras …. Não é fácil, talvez nem possível, distanciar-se da avalanche de palavras que recaem cotidianamente sobre nós. Todos fazemos uso delas e de forma abundante. Existem as palavras sinceras, verdadeiras e potentes dotadas de dinamismo transformador. Outras sinceras, mas superficiais; outras também maldosas, sem consistência de verdade que são produtos de corações mal-intencionados.
Os textos bíblicos do domingo (Dt 18,15-20; Sl 94/95; 1 Cor 7,32-35 e Mc 1,21-28) sublinham que os ensinamentos de Jesus provocam admiração, pois ensinava com autoridade. Também convidam a escutar a voz de Deus e não fechar o coração. Destacando que é mais importante escutar com o coração do que com os ouvidos, para não endurecer o coração, mas deixa-lo pulsar.
É preciso muito discernimento e sabedoria para distinguir as palavras, validando a sua qualidade e procedência. É muito útil filtrá-las para acolher aquelas que nos podem orientar e ter acesso à nossa vida e deixar as outras na margem. Não é fácil. Existem tantas palavras grosseiras, pesadas, ofensivas que podem encontrar acolhida dentro de nós criando divisões, rancores e, até, sede de vingança.
Seria maravilhoso que as palavras más e ofensivas passassem pela tangente da nossa existência, sumissem sem deixar traços. Ao contrário, se faz necessário abrir a porta às palavras que iluminam a mente, estimulam a solidariedade, promovem o bem, criam pontos de simpatia e de familiaridade com os outros.
Entre as palavras eficazes às quais vale a pena abrir a porta, se distingue a Palavra de Deus. Mergulhar nela cotidianamente através da leitura, meditação, oração e contemplação se torna uma estrada segura para transformar nossas palavras e fecundar a vida.
Jesus permanece como o eterno exemplo e o modelo de uma palavra boa e potente. A sua palavra se impõe por si, ilumina a inteligência, cria, aquece o coração e fortalece a vida. Nele se conjuga e harmoniza perfeitamente o falar com o agir. Em várias oportunidades os evangelistas relatam que ensinava, mas não dizem quais eram os ensinamentos. Diante disso, é preciso permanecer com ele e conviver com fizeram os discípulos. Podemos dizer que o conteúdo é a sua própria pessoa. Pode faltar o conteúdo do ensinamento, mas não falta o efeito por ele produzido. São estes que tocam os ouvintes e os fazem reconhecer a autoridade do mestre Jesus.
Os ouvintes, ao mesmo tempo que admiravam as palavras de Jesus, também reconhecem sua autoridade. É uma palavra proferida com lucidez, convicção e pertinência. Ela liberta do mal. Ensina de forma transparente, não tem “segundas intenções”. A Palavra de Deus é assim, direta e clara: amar, perdoar sempre, perdoar inimigos, repartir o pão, justiça, carregar a cruz. Muitas vezes, palavras duras de ouvir, de aceitar e, principalmente serem vividas. Como são Palavras de Deus ditas com autoridade, merecem admiração porque são verdadeiras.