O Dia do Padre é celebrado oficialmente em 4 de agosto, data da Festa de São João Maria Vianney, desde 1929, quando o papa Pio XI o proclamou “homem extraordinário e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos de Roma e do mundo católico”. Padroeiro é o representante de uma categoria de pessoas, cuja vida e santidade comprovadas estimulam a uma vida de fé em comunhão com a vontade de Deus.
João Maria Vianney nasceu na França, em 1786. Depois de passar por muitas dificuldades por causa da situação política e social desenvolveu poucas habilidades foi ordenado sacerdote em 1815. O bispo que o ordenou acreditou que o seu ministério não seria o do confessionário, pois achava que sua capacidade intelectual era muito limitada para dar conselhos. Teve seu aprendizado com o padre Balley, o mesmo que vislumbrou, por santa inspiração, seu dom e, confiando nele, o tinha preparado para o sacerdócio. Padre Balley, outra vez inspirado, acreditou que o dom de seu auxiliar era justamente o do conselho e o colocou a serviço do confessionário.
O novo sacerdote foi enviado em 1818 para a pequenina Ars, no interior da França, uma vila alheia à religião. Assim, padre João Maria Vianney, homem justo, bom, extremado penitente e caridoso, converteu e uniu toda Ars. Amado e respeitado por todos os fiéis e pelo clero, sua fama de conselheiro correu por todo o mundo cristão. Assim, ele se tornou um dos mais famosos confessores da história da Igreja. Conhecido também como o Cura d’Ars, mais tarde, foi o pároco da cidade onde morreu, em 1859.
São João Maria Vianney, canonizado por Pio XI em 1924, é o melhor exemplo das palavras profetizadas pelo apóstolo Paulo: “Deus escolheu o que no mundo não tem nome nem prestígio, aquilo que é nada, para assim mostrar a nulidade dos que são alguma coisa” (1Cor 1,28).
Nós, Igreja Católica, somos um povo, o povo de Deus. Não somos um bando; todo povo que se preze tem uma “alma” (o Deus de Jesus Cristo, no Espírito Santo) da qual surge sua organização. O vigor desta combinação de alma e organização permitiu à Igreja percorrer mais de 2.000 anos de história, passando por épocas, vicissitudes, civilizações e culturas as mais diferentes e desafiadoras. A ponta mais visível desta alma e organização em nossas comunidades é o padre.
Há os padres que pertencem a ordens e congregações religiosas, nas quais eles encontram segurança, afeição e solidariedade; a comunidade paroquial complementa esta experiência fundamental para todo ser humano. E há os padres “diocesanos”. Eles encontram na diocese segurança, afeição e solidariedade.
O padre entende o chamado para ser um servo de Deus, um sacerdote, um “pai” (padre) à semelhança de Cristo, que amou e deu sua vida ao povo pobre, simples e marginalizado. Nunca hesita, tudo aceita, confia e acredita em Deus e na sua Providência e caminha seguro para a missão que lhe é designada.
A vida simples e a simplicidade dos ensinamentos de Jesus Cristo são o fundamento do seu ministério, único parâmetro e exemplo a seguir. A sua tarefa é continuar a missão de Jesus Cristo, o único e eterno sacerdote. É o padre que, por meio do Evangelho, leva os seres humanos a Deus, pela conversão da fé em Cristo. Por isso, é pessoa que nasce com esse dom e, logo cedo, ou no momento oportuno, ouve o chamado do Pai para se consagrar e servir à comunidade, nos assuntos que se referem a Deus.
Ser padre é ser “pai” de uma comunidade inteira. Como tal, ele é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância, o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, é um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita, dessa Igreja missionária, que não sobreviveria sem o sacerdote, como afirmou o próprio Jesus Cristo, seu fundador pela Paixão por nós.
Sua missão é construir comunidades, entender a alma humana e perdoar os pecados, evangelizar, unir e alimentar a comunidade por meio da Eucaristia. Confia nas palavras de Lucas 21,15 “(…) eu vos darei palavras tão acertadas que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater — e é verdadeira testemunha da fé, por sua oração, sacrifício e coragem cristã.”
Nossas comunidades e lideranças precisam ter comunhão com o seu padre, oferecer-lhe colaboração e participação na vida da comunidade local, ainda mais quando estas lideranças exercem funções importantes no âmbito eclesial e diocesano. Esta comunhão é exercício bem concreto de fraternidade e amor ao próximo, conforme significa a Eucaristia da qual participamos.
Padre sempre padre. Paternidade espiritual nas comunidades. Por isso quero cumprimentar, neste dia 04, todo o clero do Rio de Janeiro que se reúne para celebrar o seu patrono. Pelo padre mantemos a unidade eclesial, crescemos na fé e no conhecimento da Palavra de Deus. Ele é indispensável para celebrarmos a Eucaristia e os demais sacramentos, sinais visíveis de nossa salvação em Jesus Cristo. O padre é um dom para as nossas comunidades!