Os pais e a vocação sacerdotal

    “A família que está aberta a valores transcendentes, que serve os irmãos na alegria que o carregam com generosa fidelidade os seus deveres e tem consciência da sua participação quotidiana no mistério da Cruz gloriosa de Cristo, torna-se o viveiro primário e mais excelente de vocações vida de consagração ao Reino de Deus “.

    (cf. FC- 53- Da exortação apostólica “Familiaris Consortio” de João Paulo II)

     

    O mês vocacional – agosto – contempla logo na primeira semana a vocação aos ministérios ordenados. E temos a alegria de ordenar novos presbíteros logo no dia do padre, dia do Cura d’Ars e também de encerrar o retiro de 10 seminaristas que serão ordenados diáconos em suas paróquias a partir deste mês. Ao mesmo tempo vislumbramos na segunda semana o dia do pais e o início da Semana Nacional da Família. Impossível não refletir sobre a importância da família na questão vocacional e a ação de graças a Deus por fazer brotar uma vocação no seio da família.

    Todos somos batizados e fazemos parte da família de Deus, somos Igreja e recebemos de Deus um chamamento especial, sentir-se chamado, vocacionado é algo que além de ser um dom pessoal é também uma graça que se estende aos outros, isto faz surgir e desenvolver outras vocações. Os Pais são os primeiros promotores das vocações, em especial da vocação sacerdotal e religiosa, pois esta nasce no seio da família e se desenvolve por meio da comunidade cristã.

    É muito importante o papel dos Pais e também, é claro, da comunidade despertar e amadurecimento da vocação. Se os filhos são uma benção para os Pais, o que dizer então dos filhos Padres, estes constituem uma graça especial, uma alegria extraordinária, os sacerdotes no dia da ordenação são marcados pelo sacramento da ordem e tem as palmas das mãos ungidas pelo bispo com o óleo do santo Crisma, estes homens são configurados ao ministério sagrado, ungidos e enviados, são dispensadores do amor de Deus aos homens. Muitas vezes os Pais são os primeiros a beijar as mãos ungidas dos filhos padres e receber a primeia benção sagrada. Assim os Pais sentem-se felizes e honrados por tão nobre graça concedida por Deus aos seus filhos.

    Ainda neste mês teremos a sequência das reuniões com as famílias dos sacerdotes que há anos ocorre em nossa arquidiocese. É uma oportunidade de envolver ainda mais a família nesse grande mistério.

    Torna-se cada vez mais importante aos Pais dos sacerdotes, cultivar um espírito de Gratidão e Louvor a Deus por tão sublime graça, a de ter dado um filho sacerdote. De fato, a família é lugar sagrado onde Deus manifesta através dos sinais e mediações a graça da vocação sacerdotal nos filhos, podemos dizer que a família, especialmente os Pais são os primeiros mediadores da vocação sacerdotal.

    Não é por acaso que o Concílio Ecumênico Vaticano II vai definir a família cristã como o primeiro seminário, recomendando que haja condições favoráveis para o seu crescimento.  E se tratando da vocação sacerdotal sabemos que é na família que surge os primeiros sinais da manifestação deste chamado de Deus.

    Cada um de nós recebe o dom da vida como uma graça concedida por Deus através de nossos pais e entramos no mundo apoiados sempre pelos nossos Pais, nossa  família, que  vai se tornando uma fonte de serenidade afetiva e segurança social, No entanto somos chamados a crescer como pessoa  e também entender o plano de Deus em nossa vida, em seguida,   surge o primeiro desafio o de separar-se da família de origem para responder às expectativas do Senhor que chama a segui-lo na vocação sacerdotal e encontrar-se com outra família, a que Deus enviar.

    São tantas as indagações que perpassa nossa mente e coração de filhos, tais como “Eu devo cuidar das coisas do meu Pai”. “Eu tenho que seguir meu caminho”. Não é a indiferença para com os pais; na verdade, é o cumprimento da imensa tarefa que lhes foi confiada pelo próprio Deus. Os pais muitas vezes são os primeiros a motivar ou mesmo a dificultar com medo de perder o filho pois a tendência é querer a presença deles sempre por perto. Somente quando o filho, que se tornou adulto, deixa a família de origem, os pais podem dizer que cumpriram sua missão de ser instrumentos da paternidade e maternidade dada por Deus. Amor e dom, desapego e serviço são as dimensões de toda vocação cristã; são essas dimensões que dão saúde moral a todas as escolhas e impedem que se feche no egoísmo estéril. Para entender o significado de nossas famílias, devemos contemplar a família de Nazaré.

    É verdade que os Pais são os primeiros promotores da vocação sacerdotal, e entre os serviços que podem dar aos filhos, ocupa o primeiro lugar para ajudá-los a descobrir e a viver o chamado que Deus os faz sentir, inclusive o sagrado.

    Os Pais cristãos são instrumentos de Deus, é fundamental reconhecer a importância deles na vida dos padres que outrora sentiram-se impelidos pela graça do chamado à  vida sacerdotal, e encontraram nos seus Pais o apoio inicial, tantas vezes desafiados pelas circunstâncias do tempo e da realidade  da vida, estes souberam conduzir seus filhos no caminho do Senhor, e continuam conduzindo através da oração pelos filhos sacerdotes  a fim de que  possam desempenhar com zelo e dedicação o seu ministério.

    É o Senhor que os envolve em seu plano de amor, chamando seu filho para o serviço do ministério sacerdotal então aos Pais cabe ser generosos e honrados por tal graça pois a vocação sacerdotal ou religiosa é um dom especial da família e, ao mesmo tempo, um presente para a mesma família.

    É fundamental cultivar a lógica do amor, da gratuidade, da abertura ao serviço recíproco, que os filhos terão que implementar em sua vida adulta, especialmente quando assume o ministério sacerdotal, um dom e uma graça para toda a vida. A tarefa da família não se encerra: abre-se à comunidade cristã e ao mundo inteiro. A família contém um projeto de Deus que envolve todos; e deste projeto, todos são ao mesmo tempo partícipes e promotores.

    Os Pais são chamados a agradecer muito a Deus por tê-la abençoado com um filho Padre, por sua vez o filho padre deve reconhecer e agradecer ao Senhor a presença dos Pais que foram e continuam sendo sustentáculo e apoio em todos os momentos no exercício do ministério sagrado, que é um dom e uma graça do Senhor que chama.

     

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