Os batizados são continuadores da missão de Jesus!

    O Senhor nos reúne como seu povo sacerdotal, animados pela força do seu Espírito, e conosco realiza seu plano de amor e salvação. Neste 11º. Domingo do Tempo Comum, a Palavra que vamos refletir recorda-nos a presença constante de Deus no mundo e a vontade que Ele tem de oferecer aos homens, a cada passo, a sua vida e a sua salvação. No entanto, a intervenção de Deus na história humana concretiza-se através daqueles que Ele chama e envia, para serem sinais vivos do seu amor e testemunhas da sua bondade.

    A primeira leitura(cf. Ex 19,2-6a) apresenta-nos o Deus da “aliança”, que elege um Povo para com ele estabelecer laços de comunhão e de familiaridade; a esse Povo, Deus confia uma missão sacerdotal: Israel deve ser o Povo reservado para o serviço de Deus, isto é, para ser um sinal de Deus no meio das outras nações.

    O Evangelho(cf. Mc 9,36-10,8) traz-nos o “discurso da missão”. Nele, Mateus apresenta uma catequese sobre a escolha, o chamamento e o envio de “doze” discípulos (que representam a totalidade do Povo de Deus) a anunciar o “Reino”. Esses “doze” serão os continuadores da missão de Jesus e deverão levar a proposta de salvação e de libertação que Deus fez aos homens em Jesus, a toda a terra. O Evangelho deste domingo narra o chamado de doze discípulos para serem apóstolos, homens escolhidos por Jesus para saírem munidos com sua autoridade para “expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e de enfermidade”(cf. Mt 10,1). Nesse contexto sempre surge a pergunta: “Será que Jesus sabia que Judas Iscariotes ia traí-lo?” Parece uma pergunta para a qual não há uma boa resposta. Se respondermos “não”, esta resposta colocará em dúvida a onisciência de Jesus e o apresentará como falível em seus discernimentos. Se respondermos “sim”, tal resposta dará a impressão de que Jesus escolheu Judas precisamente para traí-lo, porque precisava de um traidor. Parece que tal abordagem implica contorcionismos mentais alheios ao espírito direito e simples do Evangelho. Nem “não” nem “sim” seria uma resposta satisfatória, mas deve ser uma dessas duas possibilidades. Creio que a verdade é que Jesus não sabia, porque Judas não sabia. Judas não tomou a decisão de seguir Jesus com a intenção de traí-lo e sim porque via nele o messias tão longamente esperado. Só que, em algum momento, as coisas mudaram, e Judas começou a escandalizar-se com Jesus, tal como os fariseus, escribas e herodianos. O próprio Jesus, no capítulo seguinte do Evangelho de Mateus, proclama: “feliz de quem não se escandaliza a meu respeito”(cf. Mt 11,6). Seja pouco a pouco, seja de uma só vez, Judas perdeu esta felicidade. Jesus tornou-se uma pedra de escândalo para ele. O caso de Judas é importante porque nos mostra que não nascemos com um destino pronto e pré-estabelecido, mas, antes, nós mesmos, no tempo de vida que nos é dado, vamos formando e solidificando a nossa identidade. Judas começou como discípulo e acabou sendo um traidor. Mudamos muito no decorrer da vida, para melhor ou para pior. Devemos ter cuidado para não nos afastarmos do “nosso primeiro amor”(cf. Ap 2,4). São Lucas exprime bem isso no seu Evangelho, quando, em vez de dizer que Judas foi o traidor de Jesus(cf. Mt 10,4), fala de “Judas Iscariotes, que se tornou o traidor”(cf. Lc 6,16).

    A segunda leitura(cf. Rm 5,6-11) sugere que a comunidade dos discípulos é fundamentalmente uma comunidade de pessoas a quem Deus ama. A sua missão no mundo é dar testemunho do amor de Deus pelos homens – um amor eterno, inquebrável, gratuito e absolutamente único.

    Os batizados, não só os apóstolos, são os continuadores da missão de Jesus. Peçamos a Deus, neste tempo de pandemia da COVID-19, que ascenda em nossos corações a graça do chamado de Jesus aos seus discípulos quando Ele os chamou e os enviou em missão. Eles, e nós hoje, recebemos de graça os dons de Deus: “De graça recebestes, de graça deveis dar!”(cf. Mt 10,8). A graça de Deus deve nos impulsionar para evangelizar todos os povos!

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