Tesouro, pérola, peixe, coisas novas e velhas são imagens de extrema simplicidade empregadas com propriedade pelo Mestre Divino para falar do Reino dos Céus (Mt 13,44-52), A comparação com um tesouro precioso e com uma pérola rara faz rebrilhar o valor imenso da realidade divina, da vida abençoada, da glória eterna. Para tão faustoso fim da participação nesta existência venturosa junto do Criador todos são chamados, mas apenas os que perseverarem no bem gozarão das delícias da Casa do Senhor. Donde a necessidade de recolher os ensinamentos do Antigo e do Novo Testamento, pois Jesus não veio abolir a antiga Lei, mas integrá-la e aperfeiçoá-la com a nova Lei para conduzir os de boa vontade rumo à Jerusalém celeste. Tal o destino sublime daquele que foi batizado, ou seja, compartilhar por todo sempre do domínio supremo de Deus. As figuras apresentadas por Cristo são aptas a despertar o cristão para uma marcha corajosa na busca dos tesouros perenes, olhos fixos nos acontecimentos futuros na mansão do Pai Todo-Poderoso. Para isto é preciso acolher os ensinamento desta Boa Nova que Cristo veio anunciar. Como um tesouro escondido no campo o Reino dos Céus requer uma busca ininterrupta para ser encontrado através de uma fé inabalável. Pérola fina, este Reino exige a paciência do mercador que anda atrás daquela que é a mais valiosa entre todas as outras, isto é, por entre os bens fictícios desta terra é preciso não confundir o bem com o mal, se apegando ao que não pode satisfazer os desejos mais recrescentes do ser humano. Do contrário, o homem se torna peixe indesejável, incompatível com os valores do Reino. As duas primeiras parábolas revelam o que o fiel deve fazer, dado que na terceira é Deus quem faz a escolha. Grande, portanto a responsabilidade de quem foi batizado, pois deve preferir as normas do Evangelho a todo e qualquer outro bem terreno. A grande questão é, por entre as vicissitudes da caminhada por este mundo, colocar Cristo acima de tudo, deixando de lado as veleidades mundanas. O amor de Deus necessita sobrepujar tudo o mais, o que é demonstrado na prática pelo cumprimento cabal dos dez mandamentos, pelo procedimento correto, pela conduta ilibada. A Palavra de Deus é que deve ser o tesouro precioso, a pérola fina, pois é esta Palavra a lâmpada que ilumina os passos de quem, de fato, almeja o Reino eterno de Deus. A acolhida da Palavra de Deus na vida de cada um é o recebimento da obra divina de graças especiais oferecidas aos de boa vontade. Isto numa participação plena, radical, consciente. Trata-se do engajamento total no Filho de Deus, o Salvador, engajamento que entra na ordem do absoluto, de Deus que se situa na raiz do ser humano, no fundamento mesmo da vida de cada um. É deste modo que a existência cristã se torna uma abertura para a vida eterna feliz junto de Deus, porque a fé é uma dimensão fundamental no que diz respeito a uma ventura sem fim além da morte. Donde todo cuidado é pouco para não se cair no relativismo do mundo moderno, colocando as verdades sobrenaturais no mesmo nível das opções materiais, hedonistas. É o que acontece com quem se deixa levar pelos programas cheios de devassidão dos meios de comunicação social, pelos sites pornográficos, pelas bacanais dos impuros, dos peixes maus. Se é preciso hierarquizar os bons valores, tudo aquilo que contradiz o Decálogo deve ser, em consequência, corajosamente sempre abolido, afastado sob pena de não se chegar ao Reino dos Céus. Cumpre uma renúncia ao espírito do mundo e suas seduções malignas e viver numa atmosfera não poluída pelo pecado, numa abertura para a verdadeira felicidade que flui da relação contínua com o Ser Supremo. É um estilo cristão de vida que manifesta por toda pare que Jesus é, realmente, o Senhor da vida de quem caminha para o Reino dos Céus, gozando já nesta terra um pouco das delícias celestes. Supremo conforto para a esperança cristã a assistência paterna de Deus. As graças divinas levam à vida eterna os que sabem escolher o verdadeiro tesouro, a pérola preciosa, colocando-se em condições de entrar um dia no Reino dos Céus.