O discípulo renuncia a tudo para seguir Jesus!

    A liturgia deste 23º. Domingo do Tempo Comum convida-nos a tomar consciência de quanto é exigente o caminho do “Reino”. Optar pelo “Reino” não é escolher um caminho de facilidade, mas sim aceitar percorrer um caminho de renúncia e de dom da vida.

    É, sobretudo, o Evangelho(Lc 14,25-33) que traça as coordenadas do “caminho do discípulo”: é um caminho em que o “Reino” deve ter a primazia sobre as pessoas que amamos, sobre os nossos bens, sobre os nossos próprios interesses e esquemas pessoais. Quem tomar contacto com esta proposta tem de pensar seriamente se a quer acolher, se tem forças para a acolher… Jesus não admite meios-termos: ou se aceita o “Reino” e se embarca nessa aventura a tempo inteiro e “a fundo perdido”, ou não vale a pena começar algo que não vai levar a lado nenhum (porque não é um caminho que se percorra com hesitações e com “meias palavras”).

    São Lucas diz que “grandes multidões acompanhavam Jesus”. Ao voltar-se para seus acompanhantes, Jesus lhes expõe as exigências para segui-lo. É preciso renunciar a si mesmo, aos seus afetos familiares e carregar a cada dia a própria cruz. Desapegar-se dos familiares – sem os desprezar e desvalorizar – e de si mesmos. Tomar a própria cruz. Calcular as condições! Quem não for capaz dessas renúncias não tem condições de seguimento, tal como acontece com quem pretende guerrear ou construir uma torre sem as mínimas condições de levar a cabo a obra iniciada. E não basta iniciar a obra ou a luta! É necessária a constância de ir até o fim. Para seguir Jesus, no discipulado, é preciso perseverança na opção radical e ter diante de si o mesmo ideal do Mestre.

    A primeira leitura(Sb 9,13-18) lembra a todos aqueles que não conseguem decidir-se pelo “Reino” que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. Há, portanto, aí, um encorajamento implícito a aderir ao “Reino”: embora exigente, é um caminho que leva à felicidade plena. A oração de Salomão para obter de Deus a sabedoria de que necessitava. Como ele, também nós precisamos suplicar a sabedoria, que vem do alto, para viver segundo os desígnios do Senhor.

    O Senhor é o refúgio daqueles que a Ele se confiam, nos diz o salmista. Ele suplica a Deus que lhe dê a conhecer os caminhos do Senhor e que saiba dar sentido à vida tão breve sobre a terra, tantas vezes ameaçada. Por fim, o salmista confirma que somente em Deus ele encontra a paz e a alegria.

    A segunda leitura(Fm 9b-10.12-17) recorda que o amor é o valor fundamental, para todos os que aceitam a dinâmica do “Reino”; só ele permite descobrir a igualdade de todos os homens, filhos do mesmo Pai e irmãos em Cristo. Aceitar viver na lógica do “Reino” é reconhecer em cada homem um irmão e agir em consequência. São Paulo pede a Filêmon que acolha Onésimo como a um filho seu, por ele gerado na prisão à luz da fé, em Jesus Cristo. Deve ser recebido não como escravo, mas como irmão.

    A Igreja no Brasil, vive em Setembro o mês da Bíblia, este ano aprofundando o Livro de Josué. Deus caminha com o seu povo e se coloca junto a nós em todos os momentos. O Papa Francisco ensina que: “Devemos nos aproximar da Bíblia sem segundas intenções, sem a instrumentalizar. O fiel não procura nas Sagradas Escrituras o apoio para a própria visão filosófica e moral, mas a s procura porque espera um encontro; sabe que aquelas palavras foram escritas no Espírito Santo e que, por isso, nesse mesmo Espírito devem ser acolhidas e compreendidas, para que o encontro se realize”.

    O discípulo renuncia a tudo para seguir Jesus! O Reino de Deus é o caminho prioritário na vida do cristão. Quem não considera Jesus prioridade não faz parte de seu discipulado. Só pode ser seguidor de Jesus aquele que assume o compromisso com o seu projeto de salvação. Por isso deixemos tudo de lado para seguir Jesus. Só o Evangelho liberta e devemos buscar a sabedoria evangélica para discernir a vontade divina a respeito da vida de cada um de nós!

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