Celebramos no dia 15 de setembro a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores. A celebração dessa memória recorda as dores de Maria, em especial, o momento em que Nossa Senhora esteve aos pés da Cruz de Jesus. Nossa Senhora não se desespera diante desse momento de profunda dor, mas contempla o seu filho crucificado e como sempre guarda tudo em seu coração e espera que a vontade de Deus se faça em sua vida. A imagem da Pietà é emblemática para essa invocação.
Aos pés da Cruz, Nossa Senhora ainda recebe uma missão de Jesus, Ela estava junto de João, o discípulo amado e Jesus diz a Nossa Senhora: “Mulher, eis aí o teu filho” e diz ao discípulo amado: “Filho, eis aí a tua mãe”. Ao acolher João consigo, Nossa Senhora acolhe toda a humanidade, e ao João acolher Nossa Senhora, toda a humanidade a acolhe. Por isso, Ela é a Mãe de Deus e nossa Mãe, a Mãe das Dores, que caminha conosco.
Nossa Senhora das Dores nos ensina a não nos desesperarmos diante das dificuldades e aceitar tudo como um plano de Deus para a nossa vida. Mesmo diante dos momentos de dor, sofrimento e morte, devemos confiar plenamente em Deus e Ele nos dará a direção correta para passarmos por aquela dificuldade. Acolhamos Nossa Senhora em nossa casa, junto de nossa família, do mesmo modo que João a acolheu. Uma das formas de acolher Nossa Senhora em nossa casa é rezando o Santo Terço todos os dias e contemplando os mistérios que envolvem a vida de Jesus e Nossa Senhora.
Nesse dia de Nossa Senhora das Dores, recordemos tantas mães que sofrem e, em especial, daquelas que tiveram que ver os seus filhos partirem desse mundo. Recordemos, sobretudo, tantas mães que perdem os seus filhos para as drogas, bebidas, violências ou prostituição. Que Nossa Senhora ensine essas mães superar essa perda com fé e esperança. A ordem natural da vida é que primeiro partam para a vida eterna os pais e, depois, os filhos, mas infelizmente em alguns casos é o contrário. Peçamos a Nossa Senhora nesse dia a ela dedicado que reconforte o coração dessas mães e que elas não percam a fé em Deus.
O dia de Nossa Senhora das Dores é celebrado um dia após a Festa da Exaltação da Santa Cruz, ocasião em que não celebramos a morte, mas sim, celebramos a Cruz salvadora e redentora e Aquele que morreu nela para nos salvar. Nossa Senhora das Dores é conhecida também como a Mãe Dolorosa, e foi em 1814 que o Papa Pio VII incluiu essa celebração no calendário romano agora fixada para ser celebrada um dia depois da festa da Exaltação da Santa Cruz.
A ordem religiosa dos Servos de Maria já celebrava a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores, no ano de 1233, foram eles que contribuíram muito para que anos mais tarde fosse instituída no calendário litúrgico essa memória. Em 1668, os membros da ordem dos Servos de Maria conseguiram autorização junto ao Papa para celebrarem a missa votiva a Nossa Senhora das Dores.
No ano de 1692, o Papa Inocêncio XII permitiu a celebração da memória de Nossa Senhora das Dores no terceiro domingo de setembro. Mas não durou por muito tempo, pois em 1714, a celebração foi transferida para a sexta-feira que antecedia o domingo de ramos. No dia 18 de setembro de 1814, Pio VII estendeu a celebração a toda a Igreja, voltando a ser celebrada no terceiro domingo de setembro.
O Papa Pio X determinou que a celebração fosse celebrada em 15 de setembro, um dia após a Festa da Exaltação da Santa Cruz, mas não com o título de Sete Dores de Maria, mas com o título de Nossa Senhora das Dores. Pois não celebramos as “dores de Nossa Senhora” em si, mas celebramos, em especial, a Mãe de Deus e pedimos a Ela a força de superar as nossas dores, do mesmo modo que ela superou.
A memória de Nossa Senhora das Dores nos chama a reviver um momento marcante da história da salvação, e venerar a Mãe associada à Paixão do Filho e que vê o seu Filho levantado e pregado numa Cruz. A maternidade de Nossa Senhora assume dimensões universais no calvário.
Nossa Senhora das Dores nos ensina a dizer sempre: “Com prazer, faço a vossa vontade, guardo em meu coração a vossa lei” (Sl 39,9). Por mais que seja difícil, temos que nos conformar com a vontade de Deus. Guardar a Palavra em nosso coração e assim será mais fácil enfrentar as adversidades do dia a dia.
Nossa Senhora das Dores é também chamada de Nossa Senhora da Consolação, pois Ela é a Mãe que nos consola, fortalece, conforta e alenta a nossa esperança. Junto de Nossa Senhora da Consolação, adentrando a escola de Maria, nós adquirimos a consciência de que para todo o mal há uma cura, para cada dor, há um tratamento, para toda a doença, há um cuidado paliativo e, para cada solidão, há um Deus que nos acolhe, perdoa e renova.
Celebremos com o coração cheio de esperança a memória litúrgica de Nossa Senhora das Dores e peçamos a Ela que tenhamos forças nos momentos de dificuldade. E que a exemplo d’Ela, façamos em tudo a vontade de Deus. É necessário passar pelo calvário dessa vida para chegar à glória da ressurreição.