A Igreja reza a Maria no dia 15 de setembro (neste ano de 2019 omitida pela precedência do 24º. Domingo do Tempo Comum), pois celebramos sua compaixão, piedade; suas sete dores cujo ponto mais alto se deu no momento da crucificação de Jesus. Esta devoção deve-se muito à missão dos Servitas – religiosos da Companhia de Maria Dolorosa – e sua entrada na Liturgia aconteceu pelo Papa Bento XIII. A devoção a Nossa Senhora das Dores possui fundamentos bíblicos, pois é na Palavra de Deus que encontramos as sete dores de Maria: o velho Simeão, que profetiza a lança que transpassaria (de dor) o seu Coração Imaculado; a fuga para o Egito; a perda do Menino Jesus; a Paixão do Senhor; crucificação, morte e sepultura de Jesus Cristo.
A Coroa das Sete Dores de Nossa Senhora relembra as principais dores que a Virgem Maria sofreu em sua vida terrena, culminando com a paixão, morte e sepultamento de Seu Divino Filho. E junto à Cruz que a Mãe de Jesus se torna Mãe de todos os homens e do corpo Místico de Cristo: a Igreja Católica. Unir-se às dores de Maria é unir-se também às dores de Nosso Senhor Jesus Cristo.
1ª. Dor – Apresentação de meu Filho no templo
Nesta primeira dor veremos como meu coração foi transpassado por uma espada, quando Simeão profetizou que meu Filho seria a salvação de muitos, mas também serviria para ruína de outros. A virtude que aprendereis nesta dor é a da santa obediência. Sede obedientes aos vossos superiores, porque são eles instrumentos de Deus.
Quando ouviu que uma espada atravessaria a sua alma Maria experimenta desde o início a dor! Quem confia em Deus jamais será confundido. Nas vossas penas, nas vossas angústias, confiai em Deus e jamais vos arrependereis dessa confiança.
2ª. Dor – A fuga para o Egito
Após o nascimento de Jesus, o Rei Herodes quis matá-lo e, por causa disso, um anjo do Senhor apareceu a São José e disse: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise”. Obediente, “José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.” (Mt 2, 13-14). Unidos à dor que Maria sentiu nessa ocasião, peçamos forças e graças para suportarmos com paciência as dores de nossas vidas, em especial os exílios e deportações, e para nos mantermos afastados dos pecados.
3ª Dor – Perda do Menino Jesus
A dor de Maria pela perda de Jesus foi sem dúvida uma das mais acerbas; porque ela então sofria pela perda do Filho. Sirva-nos esta dor de conforto nas desolações espirituais; e ensine-nos o modo de buscarmos a Deus, se jamais para nossa desgraça viermos a perdê-lo por nossa culpa. Rezemos pelas mães que perdem os seus filhos em diversas circunstâncias. Lembremo-nos, porém, de que quem quiser achar a Jesus, não o buscar entre os prazeres e delícias, mas no pranto, entre as cruzes e mortificações, assim como Maria o procurou cheia de humildade.
4ª. Dor – Doloroso encontro no caminho do Calvário
Um dos momentos mais pungentes da Paixão é o encontro de Jesus com Sua Mãe no caminho do Calvário. As lágrimas que Maria derramou na ocasião, a troca de olhar com o Filho, a constatação das crueldades que Ele estava sofrendo, tudo causava imensa dor no Seu Coração de Mãe. Unidos à dor que Maria sentiu nesta ocasião, peçamos forças e graças para suportarmos com paciência todas as dores de nossas vidas, e para nos mantermos afastados do pecado. Em especial, para abraçarmos a cruz de cada dia.
5ª. Dor – Aos pés da Cruz
Maria acompanhou de perto todo o sofrimento de Jesus na Cruz e assistiu de pé à sua morte: “junto à cruz de Jesus estavam em pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleófas, e Maria Madalena” (Jo 19, 25). Depois de três horas de tormentosa agonia, Jesus morre, deixando Maria na dor da perda do filho crucificado e morto! Sem duvidar um só instante, ela, contido, aceitou a vontade de Deus e, no seu doloroso silêncio, entregou ao Pai sua imensa dor, pedindo, como Jesus, perdão para os criminosos.
6ª. Dor – Uma lança atravessa o Coração de Jesus
Consideremos como, depois da morte do Senhor, dois de seus discípulos, José e Nicodemos, O descem da cruz e o depõe nos braços da aflita Mãe, que com ternura O recebe e O aperta contra o peito. Nossa Senhora da Piedade! A contemplação dessa dor de Maria nos faz buscar viver melhor nossa vida cristã para acolhermos esse grande dom da vida que nos foi dada na cruz. Não atormentemos mais a nossa aflita Mãe, e se pelo passado nós também a temos afligido com as nossas culpas, voltemos arrependidos ao Coração aberto de seu Filho e Nosso Senhor, Jesus Cristo.
7ª. Dor – Jesus é sepultado
Consideremos como a Mãe dolorosa quis acompanhar os discípulos que levaram Jesus morto à sepultura. Depois de O ter acomodado com suas próprias mãos, diz um último adeus ao Filho e ao Seu sepulcro, e volta para casa, deixando o Coração sepultado com Jesus. Nós também, à imitação de Maria, encerremos o nosso coração no santo Tabernáculo, onde está presente Jesus, já não morto, mas vivo e verdadeiramente como está no céu. Para isso é mister que o nosso coração esteja desapegado de todas as coisas da terra.
Neste dia, queremos pedir a Bem-aventurada Virgem Maria que nos ilumine e nos faça sempre fiéis no caminho de seu Filho. Quantas dores ela passou e suportou e sempre esteve ao lado do Filho. Maria é exemplo de fiel discípula e missionária. É aquela que vive a dor na esperança da Ressurreição. Que a Virgem das Dores nos console nos sofrimentos e dores desta vida para vivermos o caminho do discipulado e testemunharmos o Senhor Ressuscitado! Amém!