O Papa Francisco ao falar da cultura do “descartável”, afirma com todas as letras que já não se trata simplesmente do fenômeno de exploração e opressão, mas de uma realidade nova, a saber: “Com a exclusão, fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive nas favelas, na periferia ou sem poder já não pode está nela, mas fora. Os excluídos não são explorados, mas resíduos, sobras” (cf. EG, 53).
É uma realidade dramática para muitas pessoas que, sobretudo, nas médias e grandes cidades em todo o planeta, por diversos fatores, tornaram-se pessoas privados de uma das maiores necessidades humanas: casa ou lar, bem como de tudo aquilo que isso representa. Logo vem em nosso mente o aconchego ou o mínimo de conforto, privacidade ou calor humano, isto é, a realidade elementar e imprescindível de uma família.
Por que São moradores de rua? As causas são as mais variadas possíveis, tais como: abandono por parte da família ou até falta de uma família, situação econômica, desemprego, desajuste social, drogas, alcoolismo e problemas psicológicos. Nas ruas, eles têm liberdade de vida para fazer o que quiserem, sem compromisso nem responsabilidades. A filosofia de vida dessas pessoas baseia-se no hoje, naquele momento, muitas vezes estão longe de todo e qualquer sonho, faltando-lhes a esperança de mudanças.
O gesto magnânimo do Sumo Pontífice, O Papa Francisco, de pensar concretamente nesses seus conterrâneos em torno do Vaticano e da cidade eterna, tem uma importância incomensurável, nas seguintes palavras: “Os moradores de rua que vivem nos arredores do Vaticano poderão contar, nos próximos dias, com mais serviços. A partir de segunda feira, 17 de novembro, terá início a reforma dos banheiros químicos posicionados sob o “colonato” da Basílica, destinados aos turistas. Três deles serão dotados de chuveiro”.
Veja estimado leitor que é de causar enormes dores no coração o que sai da boca deles, lá bem pertinho do Bispo de Roma: “Na praça, aqui na praça do centro mesmo. Eu fico ali, o dia todinho. Durmo ali, nos bancos da praça. As pessoas até que me dão algumas coisas. Me dão roupas, ficam com dó, eu acho. Quando chove, eu me escondo lá debaixo da igreja da Matriz. Carrego só aquilo que dá pra levar comigo, o resto ficava lá, molhando tudo.” relata Zé do Tonho, outro morador de rua”.
A decisão foi tomada depois que o Elemosineiro do Papa, Dom Konrad Krajewski, convidou um morador de rua para jantar num restaurante no início de outubro. O convidado era um senhor italiano da ilha da Sardenha, chamado Franco, que naquele dia completava 50 anos. Franco respondeu ao Bispo polonês: “Não posso ir ao restaurante porque estou mal cheiroso. Aqui ninguém morre de fome. Mas não há banheiros onde possamos nos lavar”.
Diante de um mundo que avança sempre mais no campo da ciência e da técnica, mais do que nunca é chamado a dar passos concretos neste contexto acima citado, do contrário, o humanismo cederá ainda mais. Que a iniciativa do Romano Pontífice, sensibilize as autoridades do mundo inteiro a colocar como prioridade esta dolorosa realidade. : “A Basílica existe para custodiar o Corpo de Cristo e nos pobres nós servimos o corpo sofredor de Jesus. Desde sempre, na história de Roma, os pobres se reúnem em volta das basílicas” (14.11.2014).
Para melhor compreender o mundo e carregá-lo no nosso coração, pensemos nos inúmeros gestos sublimes e excelsos do Papa Francisco em favor da vida, bem como reflitamos sobre o seguinte pensamento de John Lenon, o qual pode nos ajudar na compreensão da beleza e preciosidade do dom maravilhoso da vida: “Quando eu tinha cinco anos, a minha mãe dizia-me que a felicidade era a chave da vida. Quando eu fui para a escola, perguntaram-me o que queria ser quando fosse grande, escrevi “feliz”. Então eles disseram-me que eu não tinha entendido o exercício, e eu disse-lhes que eles não entendiam a vida”. Amém!