“A Igreja não inventou o cemitério porque ele existe há muito tempo, mas ela o reinventou, porque para os cristãos o cemitério significa onde a morte encontrou a Cruz. Esta é a novidade. A morte encontrou a cruz e por ela foi vencida. Onde houver cruz haverá morte, dor e paixão, mas desta paixão, como nos ensina o Apóstolo Paulo, devemos nos gloriar, porque essa paixão é o amor de Deus, única força capaz de vencer o salário do pecado que era morte”.
Assim se expressava o assistente eclesiástico do Ministério da Consolação e Esperança, Padre Pedro Paulo Alves dos Santos, oficio que exerceu por mais de 14 anos em nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro, e que hoje, 28 de maio de 2025, voltou para os Casa do Pai, aos 64 anos, e 39 anos de sacerdócio.
Em nossa cidade e arquidiocese onde nasceu, estudou, foi ordenado e exerceu o sacerdócio, ele foi pároco, vigário paroquial, capelão de religiosas e de ordens terceiras, professor, pesquisador, escritor, apresentador e ancora de programas na Rádio Catedral, e tinha uma coluna semanal, de estudo bíblico, no jornal Testemunho de Fé.
O velório do padre Pedro Paulo será realizado na Igreja da Irmandade de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos, no Rio Comprido, na quinta-feira, 29 de maio, a partir das 7h, missa de exéquias às 12h, e sepultamento às 14h, na quadra da Irmandade de São Pedro, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
“Jesus Cristo morreu por nós e por nós ressuscitou. A mensagem da Igreja é clara. Com vestes brancas, investidos como ministros extraordinários da Consolação e Esperança, a nossa prece no cemitério é um carinhoso abraço que a Igreja como mãe oferece a cada família às vezes desesperada, como os apóstolos desorientaram-se inicialmente diante da cruz. Nossa presença nos levará a viver no cemitério o único anúncio que importa aos homens e mulheres, que não morrem mais como antes de Cristo, pois o óbito humano mudou”, ensinava Padre Pedro Paulo aos seus ministros.
A Arquidiocese rende graças a Deus pela vida e missão do Padre Pedro Paulo, que partiu para os braços d’Aquele que tanto amou, buscou e serviu entre nós. Sacerdote zeloso, dedicou-se profundamente aos estudos, com especial atenção à dimensão bíblica, escrevendo obras que nos ajudam a compreender que Deus cuida de cada um até o fim e nos prepara para o encontro definitivo com Ele, na glória eterna.
Padre Pedro Paulo foi presença firme e dedicada nas comunidades por onde passou, com especial carinho pelo povo de Deus que passa por dificuldades impostas pela vida. Com sensibilidade pastoral, soube consolar os corações feridos, tornando-se referência no cuidado com aqueles que choram a perda de seus entes queridos. À frente do Ministério Extraordinário da Consolação e Esperança, formou lideranças e ministros comprometidos com essa missão tão delicada e preciosa, exercida nos cemitérios de nossa arquidiocese.
Seu legado é de fé, esperança e consolo, e continuará inspirando muitos a viver essa missão com amor e dedicação, como a Igreja tanto valoriza. Louvamos a Deus pela vida do Padre Pedro Paulo, certo de que ele já contempla, face a face, o Senhor da vida que anunciou com palavras e gestos.
Nascido no Rio de Janeiro em 23 de dezembro de 1960, filho de Antonio Paulo dos Santos e Maria Madalena Alves dos Santos, o sacerdote brasileiro iniciou sua formação religiosa no Seminário Arquidiocesano de São José, onde permaneceu de 1973 a 1985. Foi ordenado diácono em 16 de março de 1985 por Dom Karl Josef Romer e sacerdote em 14 de setembro do mesmo ano pelo Cardeal Eugenio de Araújo Sales, sendo incardinado na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Sua formação acadêmica é extensa: cursou o ensino fundamental na Escola Municipal Benjamin Constant e o ensino médio no Instituto Padre Leonardo Carrescia. No ensino superior, graduou-se em Filosofia pela Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II, em 1981, e em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), entre 1982 e 1985.
Concluiu a pós-graduação em Teologia na mesma instituição de 1986 a 1989. Obteve mestrado em Ciências Bíblicas e Exegese no Pontifício Instituto Bíblico (1989–1993) e doutorado em Teologia Bíblica pela Pontifícia Università Gregoriana de Roma (1994–1997). Posteriormente, concluiu doutorado em Letras pela PUC-Rio em 2002, além de cursos de aperfeiçoamento em Arqueologia Bíblica na École Biblique et Archéologique de Jerusalém (1992), Defesa na Escola Superior de Guerra (2016) e Altos Estudos de Política e Estratégia também na ESG (2016).
Ao longo de sua trajetória sacerdotal, exerceu diversas funções pastorais e acadêmicas. Atuou como vigário paroquial nas paróquias Nossa Senhora dos Navegantes (Bonsucesso, 1985), Nossa Senhora de Copacabana e Santa Rosa de Lima (Copacabana, 1985), São Bartolomeu (Itanhangá, 1987), Maria Mãe da Igreja e São Judas Tadeu (Padre Miguel, 1987), São Judas Tadeu (Cosme Velho, 2003), Santos Anjos (Leblon, 2006) e Cristo Ressuscitado (Padre Miguel, 2018). Foi pároco da Paróquia Anunciação a Nossa Senhora, no Riachuelo (1997), e da Paróquia Pessoal São Bonifácio, voltada aos fiéis de língua alemã (2020).
Serviu ainda como capelão de diversas comunidades religiosas, como as Religiosas do Convento de Santa Teresa (2003), as Concepcionistas do Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição da Ajuda (2012), a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo (2012) e o Cemitério da Ordem Terceira da Penitência, no Caju (2022). Desde novembro de 2023, era mansionário da Insigne Colegiada de São Pedro.
Também atuou como prefeito de estudos do Seminário de São José (1987) e assistente eclesiástico do Ministério da Consolação e Esperança (desde novembro de 2009). No campo acadêmico, foi professor, pesquisador e orientador de pós-graduação na PUC-Rio e lecionou no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (ISTARJ). Foi pesquisador nível 2 pelo CNPq e CAPES.
Autor de diversas obras, publicou “Do Espírito da Verdade ao Espírito da Profecia” (Roma, 1997), “A Estrutura e a Linguagem de Revelação no Quarto Evangelho” (2002), “Ética da Globalização na Sociedade Brasileira: a Questão da Justiça e os efeitos da Mídia” (Rio de Janeiro, 2002) e “A Interpretação da Bíblia: Estudos de Hermenêutica” (Letra Capital, 2019).
Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno, e a luz perpétua os ilumine; descansem em paz. Amém.