A Festa da Ascensão de Jesus, que hoje celebramos, sugere que, no final do caminho percorrido no amor e na doação, está a vida definitiva, a comunhão com Deus. O Cristo glorioso que volta para junto do Pai e leva a humanidade consigo. Jesus nos deixou o testemunho e que somos nós, seus seguidores, que devemos continuar a realizar o projeto libertador de Deus para os homens e para o mundo.
O mistério da Ascensão do Senhor constitui uma realidade profundamente unida com o do dia da Páscoa: Aquele que admiramos vivo para sempre na Ressurreição, hoje o contemplamos à direita de Deus, com a mesma autoridade do Pai, e o proclamamos cabeça da Igreja, Senhor de toda a criação, princípio e fim da história humana e Juiz dos vivos e dos mortos. Jesus, antes da Ascensão, despede-se dos Apóstolos com estas palavras: “Recebereis o poder do Espírito Santo, que descerá sobre vós para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, na Samaria e até aos confins da terra”(cf. At 1,8). Imediatamente depois, o autor sagrado acrescenta que “Jesus foi elevado, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo”(v. 9). Na Bíblia, o uso do verbo “elevar” é usado com frequência e refere-se à tomada de posse da realeza. Portanto, a Ascensão de Cristo significa a tomada de posse por parte do Homem crucificado e ressuscitado da realeza de Deus sobre o mundo. Do mesmo modo, apresentar o Senhor envolvido na nuvem evoca o mesmo mistério expresso pelo simbolismo do “sentar à direita de Deus”. Por sermos membros de Cristo, pelo Batismo, a realidade da glorificação do Corpo de Jesus possui uma profunda consequência na vida de cada cristão: em Cristo, que subiu ao céu, em união com ele, nós entramos na participação da vida divina; temos um “lugar” em Deus. Deste modo, a palavra céu não indica um lugar físico, mas o próprio Cristo, a Pessoa divina que acolhe plenamente e para sempre a humanidade. O céu é a vida humana totalmente imerssa em Deus. Portanto, o mistério que celebramos nos convida a uma profunda comunhão com Cristo morto e ressuscitado, invisível, mas realmente presente na vida de cada um de nós!
O Evangelho(cf. Mt 28,16-20) apresenta o encontro final de Jesus ressuscitado com os seus discípulos, num monte da Galileia. A comunidade dos discípulos, reunida à volta de Jesus ressuscitado, reconhece-O como o seu Senhor, adora-O e recebe d’Ele a missão de continuar no mundo o testemunho do “Reino”.
Na primeira leitura(cf. At 1,1-11), repete-se a mensagem essencial desta festa: Jesus, depois de ter apresentado ao mundo o projeto do Pai, entrou na vida definitiva da comunhão com Deus – a mesma vida que espera todos os que percorrem o mesmo “caminho” que Jesus percorreu. Quanto aos discípulos: eles não podem ficar a olhar para o céu, numa passividade alienante; mas têm de ir para o meio dos homens, continuar o projeto de Jesus.
A segunda leitura(cf. Ef 1,17-23) convida os discípulos a terem consciência da esperança a que foram chamados (a vida plena de comunhão com Deus). Devem caminhar ao encontro dessa “esperança” de mãos dadas com os irmãos – membros do mesmo “corpo” – e em comunhão com Cristo, a “cabeça” desse “corpo”. Cristo reside no seu “corpo” que é a Igreja; e é nela que Se torna, hoje, presente no meio dos homens.
Recordamos o 54º. Dia Mundial das Comunicações Sociais cujo tema é: “Para que contes aos teus filhos e aos teus netos. A vida se faz história”. Celebramos, também, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que se inicia hoje, com o tema: “Gentileza gera gentileza”, inspirado no livro dos Atos dos Apóstolos.
Quando Jesus nos garante: Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo. É para a gente confiar mesmo, ter coragem e a decisão inabalável de continuar o nosso trabalho de multiplicação de cristãos, de catequistas, de padres, através do nosso trabalho missionário, sem nenhum ciúme entre nós irmãos. Isto porque não somos concorrentes uns dos outros, mas sim, somos multiplicadores de muitos outros cristãos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Vejam que os discípulos são enviados de modo que eles próprios vão fazer novos discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular, nem tampouco nenhuma obrigação de aceitar, também não há nenhum processo de seleção, porque todos, sem distinção, são chamados ao seguimento de Jesus, para ouvir a sua palavra, e colocá-la em prática, e através da observância de sua lei e na adesão à vontade do Pai, todos sejam salvos. A missão de Jesus começou com o seu batismo no Rio Jordão.
Jesus ascende aos céus não para afastar-se da humanidade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade!