Jesus estava rezando

                “Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: Pai…” (Gênesis 18,20-32, Salmo 37, Colossenses 2,12-14 e Lucas 11,1-13). “Jesus orava: isso basta como argumento em favor da oração. O comportamento de Jesus é, para o discípulo, uma norma absoluta de vida. Jesus é, de fato, o Mestre! Ora, ninguém pode negar que a oração não tenha sido literalmente o centro da vida de Jesus: a oração era seu respirar, seu horizonte de referência, a fonte de suas ações e palavras” (A. Comastri, Rezar hoje, p.25).

                Toda Sagrada Escritura afirma claramente a necessidade da oração. A leitura do livro do Gênesis revela Abraão na presença de Deus. O clima é de mistério, mas também denso de luz. Deus compartilha com Abraão que o pecado pesa sobre as cidades de Sodoma e Gomorra a ponto que estão prestes a serem destruídas. A intimidade existente entre Abraão e Deus faz com que ele entre profundamente na vontade divina. Deste encontro nasce uma audaciosa e insistente oração. Abraão insiste que os justos não podem morrer pelos injustos, mesmo tendo poucos na cidade.

    Desta audaciosa e insistente atitude de Abraão, se confirma que “a oração é diálogo; a oração é iniciativa de amor; a oração é ousadia; a oração é a porta que nos introduz no Coração de Deus e no próprio mistério de suas decisões” (Comastri, p.28). Depois de ensinar o Pai Nosso Jesus oferece várias orientações como se deve rezar. Dá o exemplo do amigo que importuna o amigo, fora de hora, porque está preocupado, não consigo mesmo, mas com o visitante. Acrescenta “pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto”.

    Esta atitude persistente revela que o homem é pequeno. O reconhecimento da pequenez da condição da humana é que permite iniciar um verdadeiro caminho de oração. Quem se apoia em si mesmo, na sua autossuficiência direciona a sua confiança em “outros senhores” e não em Deus. A Bíblia denomina esta pessoa de ímpia. Sem humildade não se chega a Deus. Somente o homem que aceita serenamente a sua pequenez como ponto de verdade e ponto de partida do caminho, se apoia em Deus como rochedo e salvador.

    Ao reconhecer e assumir a pequenez torna-se necessária a consciência de que o pecado feriu o coração de cada homem e devastou a história com tantos fatos que envergonham. Para rezar na verdade devemos nos apresentar diante de Deus com as feridas expostas de nossa pequenez e do nosso pecado. Só assim o encontro com Deus será de libertação e salvação. Partindo desta condição humana, Jesus ensinou a rezar: “perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores”.

    Jesus ensinou-nos a suplicar: “Não nos deixes cair em tentação”. A tentação ocorre quando valores importantes, por exemplo a caridade, a fraternidade, o perdão, são submetidos a uma espécie de pressão, seja individual ou coletiva, momentânea ou prolongada. A tentação pode fortalecer os valores que estão sendo provados. Ou podem ter um resultado negativo desviando para escolhas erradas. O mistério do mal sempre ronda as pessoas e a sociedade. Ao pedir a intervenção de Deus há o reconhecimento de que somente as forças humanas não são suficientes. Mesmo sendo cristãos esforçados sempre há o risco de fracassar. O cristão pede que o Pai o proteja em seu caminho, permaneça junto dele, que o liberte do mal nas áreas mais vulneráveis da sua vida.

    O discípulo aprende do Mestre e recebe a missão de ensinar. Por isso, aprender a rezar e ensinar a rezar faz do cristão um discípulo-missionário. Na medida que reza e ensina a orar vai entrando no mistério divino descobrindo a vontade de Deus e construindo o seu Reino.

    Artigo anteriorOração pelos irmãos
    Arcebispo de Passo Fundo, dom Rodolfo Luís Webber ingressou em 1976 no Seminário Menor São João Vianney. Foi ordenado diácono em 17 de junho de 1990 e presbítero no dia 05 de janeiro de 1991, e bispo, em 15 de maio de 2009, para a prelazia de Cristalândia no Tocantins. Possui pós-graduação em Psicopedagogia e mestrado em Filosofia pela Universidade Gregoriana de Roma. Durante a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dom Rodolfo Weber foi eleito secretário do regional Centro-Oeste.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here