O texto do Evangelho do quarto domingo da Quaresma faz parte do diálogo de Deus com Nicodemos. Nicodemos representa todos nós que pretendemos ser fieis ao projeto de Deus, mas nem sempre sabemos como fazer ou quais são os desdobramentos da fidelidade.
O texto se inicia com a memória da serpente que Moisés, no deserto, levantou sobre um poste. Quem fosse mordido por uma cobra venenosa, ao olhar para a serpente de bronze, ficaria curado. Para o povo da Nova Aliança, Jesus é a fonte de vida e salvação: “Do mesmo modo que Moisés levantou a serpente no deserto, assim. é preciso que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que crerem tenham nele a vida eterna.”
O texto nos mostra Deus superando e vencendo inclusive aqueles limites próprios da condição humana, como a morte.
Deus ama a todos, indistintamente. Não só um povo particular. Ele ama o mundo. Seu amor é oferta gratuita que atinge o ser humano em profundidade, antecipando-se a sua capacidade de amar. Ele não nos ama porque, por ventura, somos bons, mas porque Ele é bom, quer salvar, quer comunicar vida em plenitude.
A vida em plenitude se realizou na encarnação e morte de Jesus. A salvação de Jesus não discrimina as pessoas: todos necessitam dela e todos têm acesso a ela, mediante a fé em Jesus, a fonte da vida: “Porque Deus não enviou seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja por Ele. Deus não deseja que as pessoas se percam, nem sente satisfação em condenar alguém. O prazer de Deus é salvar a todos, é desarmar a todos com a lógica do amor. Portanto, o sofrimento, a injustiça, o pecado, a opressão, tudo o que gera dor e morte é contrário ao projeto de Deus. Esse projeto visa erradicar essas forças de morte para criar canais que comuniquem vida em plenitude. É isso que Jesus veio revelar com sua vida e palavra. É isso que desejar criar com a força de sua morte e ressurreição, presentes e atuantes na comunidade cristã.
A resposta que o Evangelho do quarto domingo da Quaresma fornece aos indecisos é esta: agir conforme a verdade que é Jesus. E nós sabemos quem é Jesus – verdade: aquele que foi fiel ao projeto do Pai até o fim. Agir conforme a verdade (ou aproximar-se da luz) é fazer tudo o que Ele fez para que a humanidade tenha vida em plenitude, pois “não se pode ser opressor do homem e dar adesão a Jesus”.