Amados irmãos e irmãs,
Hoje, a liturgia do 22º. Domingo do Tempo Comum – encerrando o mês vocacional e homenageando nossos amados catequistas – nos convida a refletir sobre a humildade, a gratuitidade e a abertura aos últimos como marcas do verdadeiro discípulo de Cristo. As leituras deste domingo nos apresentam um mesmo caminho: reconhecer que diante de Deus não há grandezas humanas que nos salvem; apenas a humildade e o serviço movidos pelo amor.
Na primeira leitura, do livro do Eclesiástico (Eclo 3,17-18.20.28-29), somos aconselhados: “Filho, realiza teus trabalhos com mansidão e serás amado mais do que um homem generoso. Quanto mais importante fores, mais te humilha, e encontrarás graça diante do Senhor”. Este trecho nos ensina que o valor humano não se mede por prestígio, posição ou bens, mas pela capacidade de humildade e serviço sincero. O texto nos lembra que Deus olha o coração e que, quando nos aproximamos d’Ele com mansidão, Ele nos exalta. É uma lógica que se opõe ao que o mundo valoriza, mas é a lógica do Reino de Deus.
O Salmo Responsorial (Sl 67) reforça esta mensagem: “Com carinho preparastes uma mesa para o pobre, abristes a vossa casa aos necessitados”. Deus é aquele que coloca os pequenos em destaque, que protege os órfãos e viúvas, que sustenta os fracos e marginalizados. A mesa que Ele prepara é sinal de comunhão e de dignidade para todos. O salmo nos convida a imitá-Lo, estendendo nossa atenção e cuidado àqueles que a sociedade muitas vezes esquece.
Na segunda leitura, a Carta aos Hebreus (Hb 12,18-19.22-24a) apresenta um contraste impressionante entre o antigo monte do Sinai, que inspirava medo, e o monte Sião, a cidade do Deus vivo, para onde somos chamados. Ali nos aproximamos de Cristo, mediador da nova aliança, da assembleia dos anjos e da comunidade dos santos. A leitura nos convida a perceber que a fé cristã é uma caminhada de confiança, e não de temor. Somos acolhidos em comunhão com Deus e com todos os irmãos, não pelo mérito humano, mas pela graça divina.
No Evangelho (Lc 14,1.7-14), Jesus observa como os convidados a um banquete escolhem os primeiros lugares e aproveita para ensinar sobre a humildade: “Quando fores convidado a um banquete, não tomes o primeiro lugar; se houver alguém mais importante, poderá vir o que te convidou e dizer: ‘Dá lugar a este’. Então serás humilhado” (Lc 14,8-9). Ele recomenda ocupar os últimos lugares, porque “quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11). Mais ainda, Jesus nos chama a convidar não apenas amigos, parentes ou vizinhos ricos, mas os pobres, aleijados, coxos e cegos, para que sejamos verdadeiramente discípulos do Reino.
Irmãos, essas leituras se conectam em um mesmo convite: a humildade frente a Deus e aos irmãos. O mundo nos ensina a buscar reconhecimento, destaque e sucesso. Jesus nos ensina outra lógica: ser grande é servir, ser humilde é confiar, convidar os esquecidos é participar do coração de Deus.
A catequese desta parábola é clara: a vida cristã não é sobre meritocracia, mas sobre gratuitidade e serviço. Em nossas famílias, comunidades e ambientes de trabalho, muitas vezes procuramos ser notados, valorizados e reconhecidos. Jesus nos convida a inverter essa postura. Ele nos lembra que a verdadeira grandeza está em servir, em colocar-se a serviço do outro sem esperar recompensa.
A humildade não significa inferioridade, mas reconhecimento da verdade: dependemos de Deus e somos chamados a servir com amor. Santa Teresa de Ávila dizia: “a humildade é a verdade”. Reconhecer nossa verdade diante de Deus nos abre ao serviço gratuito e à fraternidade.
No nosso dia a dia, isso pode se concretizar de maneiras simples:
- acolhendo quem está sozinho ou marginalizado;
- oferecendo tempo e atenção a quem precisa;
- participando da vida da comunidade sem buscar destaque;
- escutando antes de julgar;
- praticando a caridade sem esperar retorno.
A segunda leitura nos recorda que, ao nos aproximarmos do monte Sião, somos convidados à comunhão e à confiança em Cristo, mediador da nova aliança. Isso nos ensina que o serviço e a humildade não são apenas atitudes éticas, mas caminhos de santidade e participação na vida divina.
O Evangelho conclui com uma imagem concreta: o banquete. Participar do Reino é como sentar-se à mesa de Deus, onde os últimos são convidados, e não os primeiros. Devemos imitar essa lógica em nossas famílias, paróquias e relações sociais. Ser discípulo é assumir o lugar de quem serve, reconhecendo que Jesus é o centro, não nosso próprio prestígio.
Neste domingo queremos lembrar de nossos catequistas: homens e mulheres abnegados que transmitem a fé católica. Deus abençoe a todos os nossos catequistas!
Portanto, meus irmãos e irmãs, o convite de hoje é duplo: humildade diante de Deus e atenção aos últimos. Que possamos, em cada ação, em cada gesto, colocar em prática o Evangelho, fazendo do serviço e da caridade um testemunho vivo da fé. Que o Senhor nos dê coragem para ocupar os últimos lugares, acolher os esquecidos e viver a graça da humildade em nossas vidas.
Amém.