Homilia – 17º Domingo do Tempo Comum – Ano C Jesus nos ensina a rezar e a pedir com insistência!

    Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

    Neste 17º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos conduz ao mistério da oração, da confiança filial e da intercessão perseverante. Jesus nos ensina a rezar, a confiar e a pedir com insistência. A liturgia nos propõe como centro a oração do “Pai Nosso”, que aparece no Evangelho segundo Lucas (cf. Lc 11,1-13), e se desdobra na experiência de Abraão com Deus (cf. Gn 18,20-32) e na certeza que nos é dada por São Paulo de que “fostes sepultados com Cristo no batismo, e com ele fostes também ressuscitados pela fé no poder de Deus” (Cl 2,12).

    O Evangelho nos apresenta Jesus em oração. E os discípulos, vendo-O rezar, sentem o desejo de também aprender a falar com o Pai. É comovente perceber que o pedido dos discípulos nasce da contemplação: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). Jesus então lhes entrega a oração que nos tornou filhos e filhas: o Pai Nosso. Ao rezarmos “Pai”, entramos numa nova relação: a de filhos adotivos, herdeiros da promessa. Já não somos servos, nem estranhos: somos da casa de Deus (cf. Ef 2,19).

    Na primeira leitura, Abraão intercede por Sodoma. É a imagem da oração que dialoga, suplica, confia. Abraão não se cala diante do anúncio da destruição, mas insiste com Deus, com humildade e coragem: “Talvez haja cinquenta justos… quarenta… trinta… vinte… dez…” (Gn 18,24-32). Esta cena mostra que a oração não é um monólogo nem repetição mecânica: é relação. E Deus ouve. Deus se comove. Deus escuta.

    A oração que Jesus ensina também nos convida a essa atitude: confiança e perseverança. “Pedi e recebereis, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto” (Lc 11,9). O Senhor quer que sejamos insistentes, como aquele amigo que bate à porta à meia-noite. Não se trata de importunar a Deus, mas de mostrar que cremos no seu amor e na sua bondade. Como afirma Jesus: “Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem” (Lc 11,13).

    O apóstolo Paulo, na segunda leitura 2Col 2,12-14 –, recorda aos colossenses que a vida cristã nasce de uma experiência pascal: fomos sepultados e ressuscitados com Cristo. A oração é possível porque já vivemos uma comunhão com o Ressuscitado. Não oramos como quem lança palavras ao vento, mas como quem sabe que tem um Salvador vivo, presente e amoroso.

    Hoje, também celebramos a memória de São Bento – cuja memória litúrgica no calendário romano foi celebrada em 11 de julho –, em muitos lugares. O patriarca do monaquismo ocidental viveu plenamente essa espiritualidade da escuta e da oração. Sua regra começa com um convite claro: “Escuta, ó filho, os preceitos do mestre, inclina o ouvido do teu coração”. Bento compreendeu que a oração é o alimento da alma, a respiração do monge, o laço que une a criatura ao Criador.

    A tradição beneditina nos recorda que rezar é trabalhar e trabalhar é rezar – “ora et labora”. Uma vida de oração não é fuga do mundo, mas compromisso com o Reino. A oração que Jesus ensina – com seu “venha o vosso Reino” – é profundamente transformadora: nos compromete com os pobres, com a justiça, com a fraternidade. Não é uma oração intimista, mas missionária.

    Ao celebrarmos essa liturgia, somos chamados a rever nossa vida de oração. Como está nossa relação com Deus? Rezamos com confiança ou com medo? Buscamos o Espírito Santo com insistência ou nos resignamos com uma religiosidade superficial?

    Sigamos, pois, o exemplo de Abraão, de São Bento, e sobretudo de Jesus. Rezemos com o coração aberto, com a confiança dos filhos e com o ardor de quem sabe que Deus escuta, acolhe, transforma.

    E que Maria Santíssima, a mulher orante por excelência, interceda por nós, para que aprendamos com seu Filho a orar e a viver em comunhão com o Pai.

    Amém!

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