Homilia – 16º Domingo do Tempo Comum – Ano C O valor da escuta, da hospitalidade e da presença do Senhor em nossas vidas!

    Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

    Neste 16º Domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus nos convida a refletir sobre o valor da escuta, da hospitalidade e da presença do Senhor em nossas vidas. A liturgia deste dia nos coloca diante da visita de Deus e de como acolhê-Lo com o coração disponível e atento.

    Na primeira leitura (Gênesis 18,1-10a), vemos Abraão recebendo os três visitantes junto ao carvalho de Mambré. Ele não sabe ainda que está acolhendo o próprio Senhor, mas sua atitude de generosidade e hospitalidade prepara o terreno para uma promessa divina: “Voltarei a ti no próximo ano, e Sara, tua mulher, terá um filho”. Abraão, com sua hospitalidade ativa, torna-se modelo daquele que acolhe a presença de Deus nos gestos concretos do dia a dia.

    No Salmo 14 (15), proclamamos: “Senhor, quem morará em vossa casa?” A resposta revela o perfil daquele que vive em comunhão com Deus: quem procede com retidão, pratica a justiça e tem no coração a verdade. A acolhida verdadeira ao Senhor começa na coerência de vida.

    Na segunda leitura (Colossenses 1,24-28), São Paulo fala da missão de tornar Cristo conhecido, especialmente entre os gentios. O apóstolo, mesmo sofrendo, se alegra em participar dos sofrimentos de Cristo pela Igreja. Ele nos recorda que acolher o Senhor significa também anunciar sua presença no mundo e colaborar com a edificação do Corpo de Cristo.

    O Evangelho (Lucas 10,38-42) nos traz a cena conhecida da visita de Jesus à casa de Marta e Maria. Marta está ocupada com muitos afazeres, enquanto Maria senta-se aos pés do Mestre e O escuta. Quando Marta reclama, Jesus responde: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. No entanto, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada.”

    Essa passagem não é uma condenação ao serviço, mas uma correção amorosa sobre a prioridade da escuta. Marta representa o zelo e a ação, Maria representa a contemplação e a escuta. Jesus não diz que Marta escolheu o errado, mas sim que Maria escolheu “a melhor parte”. Há momentos em que o essencial é parar, silenciar e ouvir o Senhor.

    Irmãos e irmãs, quantas vezes, em meio às agitações da vida, nos tornamos como Marta? Ocupados com tarefas, preocupações e responsabilidades, e esquecemos de parar e escutar o Senhor. O Evangelho nos convida a recuperar o equilíbrio entre ação e contemplação, entre fazer e ser, entre servir e permanecer na presença de Deus.

    A atitude de Maria nos ensina que o verdadeiro discipulado começa pela escuta. Em um mundo que valoriza tanto o ativismo, somos chamados a redescobrir o valor do silêncio e da oração. Na escuta da Palavra, encontramos sentido para nossas ações. Sem ela, corremos o risco de trabalhar para o Senhor sem estar com o Senhor.

    Por isso, como nos ensinou o Papa Bento XVI, o magno teólogo do século passado, que “a liturgia é o lugar privilegiado da escuta de Deus”, e a Eucaristia é o momento em que mais intensamente nos colocamos aos pés do Senhor para ouvi-Lo, alimentarmo-nos de sua Palavra e de seu Corpo.

    Concluindo, que sejamos como Abraão, atentos às visitas de Deus em nossas vidas; como Paulo, conscientes de nossa missão; e como Maria, dispostos a escutar o Senhor. E que nossa ação, como a de Marta, seja iluminada pela Palavra, para que nunca percamos “a melhor parte”.

    Amém.

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