Glória à Trindade

    No domingo passado, com a solenidade de Pentecostes, concluímos o Tempo Pascal. Mas a celebração da Páscoa continua presente em nosso meio a cada Eucaristia que celebramos, pois, este mistério é o centro de nossa vida de fé. O Senhor Jesus, Verbo que se fez carne, rosto humano de Deus, veio morar no meio de nós, deu a vida por todos nós, ressuscitando ao terceiro dia, está vivo no meio de nós. Hoje está à direita do Pai, donde há de ir para julgar vivos e mortos e temos seu Espírito que está no meio de nós.

    O mistério Pascal permanece no meio de nós! Quando retiramos o Círio Pascal do altar e o colocamos no batistério, simbolizamos que esta luz de Cristo permanece iluminando e produzindo a vida nova em meio aos homens. Essa presença no meio de nós é também uma grande responsabilidade, já que somos chamados a ser continuadores da ação de Cristo, que passou pelo mundo fazendo o bem, em meio aos homens.

    Na segunda-feira passada, retomamos o Tempo Comum. Continuamos a sequência das 34 semanas para celebrar a totalidade do mistério de Cristo em seus variados aspectos. Na próxima quinta celebraremos a festa de Corpus Christi, que devido às atuais circunstâncias será celebrada sem a presença do povo, mas sempre com o devido fervor e reverência ao Santíssimo Sacramento. Tantos dons e tantas graças que somos chamados a viver, a aprofundar e a cada vez mais crescer na fé.

    Neste Domingo, celebramos o ápice da Revelação. Vamos celebrar o mistério de Deus que se revela a si mesmo, na solenidade da Santíssima Trindade. Deus que se revela a Moisés da Sarça Ardente como Aquele que É e Cristo que, no Novo Testamento, revela o rosto do Pai e nos envia o seu Espírito, mostrando a realidade de um só Deus e três pessoas distintas. Grande mistério que escapa e supera a capacidade da inteligência humana marcada pela observação das coisas no espaço e no tempo. Um Deus único, mas que é comunhão de Pessoas! Aceitamos este mistério como dom de fé, como grande realidade que nos foi confiada. A palavra humana pode só balbuciar coisas em relação à grandeza do que celebramos sobre o mistério de Deus. Vamos celebrar o mistério desse Deus de quem fomos criados à Imagem e Semelhança, Deus único e Trinitário. Nossa humanidade está inserida, com Cristo, no meio da Trindade. Cristo é o Único Mediador que une os homens a Deus e Deus aos homens.

    Nossa vida está escondida com Cristo em Deus, como nos recorda São Paulo. Existe em nosso coração este desejo de comunhão e de unidade porque fomos criados à Imagem e Semelhança de Deus que é Comunhão. Seja da forma que for que estejamos celebrando a Liturgia neste final de semana, que estejamos aprofundando essa realidade da nossa imersão no mistério de Deus e a importância de nossa fé Trinitária. Peçamos o dom da fé e o dom de podermos acolher o mistério de Deus que nos foi revelado.

    A Liturgia desta solenidade nos manifesta este Deus que é Único e Trindade de Pessoas. Na carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor 13,11-13), segunda leitura deste domingo, Paulo manifesta claramente a existência de três pessoas distintas no mistério de um só Deus: “irmãos: Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco. Saudai-vos uns aos outros com o beijo santo. Todos os santos vos saúdam. A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós.” São Paulo é explícito em anunciar que a presença da Graça em nossas vidas se dá de maneira Trinitária! Deus que foi revelado como único no Antigo Trino no Novo Testamento, segue manifestando a grandeza deste mistério através da vida da Igreja orante. Por isso, a solenidade deste grande mistério é um grande momento dentro da nossa liturgia.

    Na Leitura do Evangelho deste final de semana, (Jo 3,16-18), assim lemos: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê, não é condenado, mas quem não crê, já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.”  O Envio do Filho pelo Pai por meio do Espírito é o que vai ser manifesto na proclamação deste Evangelho, para que assim tenhamos vida e vida em abundância.

    Na primeira leitura da missa deste domingo (Êx 34,4b-6.8-9), Deus se revela a Moises no Monte Sinai: Naqueles dias: Moisés levantou-se, quando ainda era noite, e subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe havia mandado, levando consigo as duas tábuas de pedra. Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e este invocou o nome do Senhor. Enquanto o Senhor passava diante dele, Moisés gritou: “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. Imediatamente, Moisés curvou-se até o chão 9e, prostrado por terra, disse: “Senhor, se é verdade que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua”. Deus é próximo ao seu povo, caminha conosco. Essa grande realidade é manifesta no Antigo testamento e que vai ser aprofundada no Novo e na vida da Igreja.

    Portanto, a palavra deste Domingo nos convida a olhar cada vez mais para este Mistério da Trindade e pedirmos o dom da fé, e pedir também mais ao Senhor que nos conceda a consciência de que somos criados à Imagem e Semelhança deste Deus que é Trindade. Cultivemos a unidade e a fraternidade em meio a este mundo, partilhando a Luz que vem do Senhor. Que possamos anunciar este amor de Deus que é próximo das pessoas. Que sejamos sinais de esperança em meio ao mundo, pois Deus caminha conosco.

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