FESTA DO BATISMO DO SENHOR

    A liturgia deste segundo domingo de 2021 tem como cenário de fundo o projeto salvador de Deus. O Batismo de Jesus marca o início de seu ministério público. Jesus, o enviado do Pai, é agora manifestado como seu Filho amado; e, com a unção do Divino Espírito Santo, é investido da missão de Profeta, Sacerdote e Rei. Tal investidura será manifestada a partir de agora em sua vida pública: nas curas por ele realizadas, nos exorcismos, nos ensinamentos, e, sobretudo, no mistério pascal, em sua paixão, morte e ressurreição, para onde toda a sua atividade pública aponta e onde essa atividade encontra seu significado.

    No batismo de Jesus nas margens do Jordão, revela-se o Filho amado de Deus, que veio ao mundo enviado pelo Pai, com a missão de salvar e libertar os homens. Cumprindo o projeto do Pai, Ele fez-se um de nós, partilhou a nossa fragilidade e humanidade, libertou-nos do egoísmo e do pecado e empenhou-Se em promover-nos, para que pudéssemos chegar à vida em plenitude.

    A primeira leitura(Is 42,1-4.6-7) anuncia um misterioso “Servo”, escolhido por Deus e enviado aos homens para instaurar um mundo de justiça e de paz sem fim. Investido do Espírito de Deus, ele concretizará essa missão com humildade e simplicidade, sem recorrer ao poder, à imposição, à prepotência, pois esses esquemas não são os de Deus. A suavidade do profeta Isaías enche nossos olhos e corações de esperança. É uma profecia de acolhida, de indicação sincera da missão do servo de Deus. As características desse servo são descritas de fora para dentro e de dentro para fora. Primeiro, o espírito é colocado sobre ele e, assim, as ações advindas daí serão ações de justiça, de palavras mansas, práticas de retidão. Depois, sua vida e ensinamentos ultrapassarão as fronteiras, porque o espírito o move com mansidão.

    No Evangelho(Mc 1,7-11), aparece-nos a concretização da promessa profética: Jesus é o Filho/”Servo” enviado pelo Pai, sobre quem repousa o Espírito e cuja missão é realizar a libertação dos homens. Obedecendo ao Pai, Ele tornou-Se pessoa, identificou-Se com as fragilidades dos homens, caminhou ao lado deles, a fim de os promover e de os levar à reconciliação com Deus, à vida em plenitude. Jesus, que passa fazendo o bem, curando a todos e manifestando o amor de Deus, é o mais forte, o que batiza com o Espírito e que carrega sobre si o testemunho do Pai. Um testemunho que desce do céu em voz firme: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho todo meu bem-querer”(Mc 1,11). Aqui é o começo do ministério público de Jesus, mais a continuação da vida; o início de uma atividade salvadoras, mais a perenidade da graça que vem sobre todos os que aderem à sua Boa-nova, pois Ele é o “centro da aliança” e a “luz das nações”(Is 42,6).

    A segunda leitura(At 10,34-38) reafirma que Jesus é o Filho amado que o Pai enviou ao mundo para concretizar um projeto de salvação; por isso, Ele “passou pelo mundo fazendo o bem” e libertando todos os que eram oprimidos. É este o testemunho que os discípulos devem dar, para que a salvação que Deus oferece chegue a todos os povos da terra. São Pedro fala sobre a Boa-Nova pregada por Jesus “que foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com o poder”(At 10,38).

    O Batismo é sinal eficaz de renascimento, para caminhar em novidade de vida. São Paulo recorda isso aos cristãos de Roma: “Não sabeis que quantos fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua morte? Por meio do batismo, portanto, fomos sepultados junto a ele na morte a fim de que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai, assim também nós podemos caminhar em uma vida nova” (Rm 6, 3-4).

    Vivamos intensamente o nosso batizado anunciando o Evangelho da vida, amém!

     

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    O arcebispo de Juiz de Fora é membro da Congregação para Educação Católica (Roma). Atualmente é Bispo Responsável pela Comissão de Bens Culturais da Igreja no Regional Leste II, coordenador da Comissão Nacional de Comemorações dos 50 anos do Concílio Vaticano II e Assistente Espiritual Nacional do Terço dos Homens. Dom Gil é também presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação Social e Cultura do Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

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