Domingo Gaudete

    A tradição litúrgica da Igreja chama o Terceiro Domingo do Advento de Gaudete, o domingo da alegria, porque a antífona de entrada começa com o imperativo: “Alegrai-vos!”, e o texto da segunda leitura também inicia com o “Estai sempre alegres”. Essa antífona de entrada exclama: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4, 4.5). Como expressão dessa alegria, pode-se usar, no lugar do roxo, a cor rósea, no tom conhecido como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, que exprime a exultação pela aproximação do Santo Natal. Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor; está próximo de nós o Salvador nosso nos diversos momentos de nossa existência! Ele não é Deus de longe; é perto: seu nome será para sempre Emanuel, Deus-conosco!
    Muitos procuram a alegria no pecado, em futilidades, e mesmo alegrando-se com coisas que valem a pena, se esquecem de que toda alegria neste mundo é passageira. “Quanto a vós, caríssimos, alegrai-vos com tudo quanto é bom e louvável, mas colocai vossa maior e definitiva alegria no Senhor!” Somente Nele o coração repousa plenamente, somente Nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura, somente Nele o anseio mais profundo de nossa alma. Alegrai-vos! Que seja o Senhor o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!
    Caríssimos, eis a causa da nossa alegria! Nós, os cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das dificuldades encontradas no dia a dia; temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades humanas fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os nossos cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se fundam em nós nem em nossas possibilidades, mas Naquele que vem, Naquele que o Pai do céu nos envia, Naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o Santo Messias do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador. Isso nos recorda o Papa Francisco no documento programático “Evangelii Gaudium”.
    O cristão leva a alegria dentro de si por que encontra a Deus na sua alma em Graça. Esta é a fonte da sua alegria! Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes dias do Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A alegria do mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir em meio às dificuldades. Daí também a nossa preocupação quando a sociedade atual esvazia o verdadeiro sentido do Natal para se concentrar naquilo que é passageiro. A alegria cristã é compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16,22), prometeu o Senhor. Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz gozosa se não nos separarmos da sua fonte.
    O Senhor pede que estejamos sempre alegres! Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o Senhor. Uma alma triste está à mercê de muitas tentações. Quantos pecados se têm cometido à sombra da tristeza! Por outro lado, quando a alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está triste obscurece o ambiente e faz mal aos que estão à sua volta. Não nos deixemos roubar a verdadeira alegria!
    Resta-nos, então, escutar com atenção o conselho do Apóstolo: estar sempre alegres em Cristo; com os olhos fixos Nele; orar sem cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em todas as circunstâncias, sabendo que Ele está próximo de nós, nunca longe de nossas aflições e desafios. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com o Jesus”.
    “Convido todo cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que “da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (EG 1 e 3).