Estamos iniciando mais um tempo quaresmal: tempo de jejum, de intensa oração, de profunda penitência, de generosa esmola e de agradecida conversão e de mudança de vida. Depois que os fiéis celebraram o Carnaval, tempo em que as pessoas podem na alegria do sadio divertimento, enlevar a sua alma, agora é iniciado o tempo oportuna de penitência e de conversão, de mudança de vida! Somos chamados, pela Mãe Igreja, a rasgar os nossos corações, como ensina o Profeta Joel: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus. Ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”(Jl 2,12-13).
O jejum, segundo Joel, sagrado é o momento de congregar o povo, realizando as cerimônias de culto, reunindo os anciãos, ajuntando as crianças e lactantes, quando todos, inclusive os ministros do altar cantam: “Perdoa, Senhor, o teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem”(Jl 2, 17). O Salmo responsorial nos ensina a suplicar na inauguração da quaresma: “Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos”(Sl 50).
A advertência de Jesus deve nos acompanhar nos próximos quarenta dias: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus”(Mt 6,1).
Jesus nos ensina a dar esmola, em particular, não fazendo publicidade da sua caridade: “quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa”(Mt 6,3).
A oração, que deve ser intensificada no período quaresmal, deve ser aquela discreta, quando devemos entrar no quarto, “fechar a porta, e rezar ao Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”(cf. Mt 6,6).
O jejum deve ser a expressão da nossa contida alegria quaresmal, quando o rosto não deve ser desfigurado, e o jejum secreto. “Quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”(cf. Mt 6,17-18).
A quaresma é este tempo propício de profunda mudança de vida, de intensa oração e de oportuna reconciliação: “Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus”(Cf. 2Cor 5,21).
Quarenta dias quer ser a expressão de um tempo oportuno de retiro e de oração. Muitos não podem fazer retiro neste tempo. Mas vamos nos abster das coisas perversas que nos afastam de Deus. Vivamos este tempo oportuno da quaresma, aonde deve-se evitar as bebedeiras e orgias, para nosso reencontro com o Cristo e a autêntica mudança de vida para a celebração da Páscoa. Que as cinzas que neste dia recebemos, lembremos que somos pó, que todo o poder que porventura possuímos, é para servir e não para ser servido. Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo, não só da boca para a fora, para jogar para a “galera”, mas em gestos concretos para que nossas faltas sejam reparadas.
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