“Fraternidade e Fome”
“Dai-lhe vós mesmo de comer!” (Mt 14,16)
No Domingo de Ramos, dia 02 de Abril de 2023, por iniciativa da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – acontece a coleta da solidariedade da Campanha da Fraternidade como um gesto concreto da mesma. Do mesmo modo as penitências que fizemos durante a Quaresma, após este tempo favorável de penitência, mudança de vida e de conversão somos convidados a fazer um gesto concreto, doando aquilo que economizamos não comprando aquele alimento que não foi ingerido em virtude do jejum. A nossa penitência só terá sentido se exercermos esse ato de caridade, do mesmo modo a Campanha da Fraternidade, ela só terá sentido com esse gesto concreto.
Vale recordar que a Campanha da Fraternidade é concluída no domingo de ramos, porém o tema não termina com o fim do tempo quaresmal, mas continua ao longo de todo o ano. O tema da Campanha da Fraternidade é um alerta para a sociedade olhar ao redor e ver as necessidades do próximo. E os temas da Campanha da Fraternidade não tem conotação político-partidário como as pessoas que vivem enxergando ideologias em todos os assuntos eclesiais. A Igreja, fiel à sua missão profética, apresenta para a sociedade realidades que precisam ser iluminadas à luz do Evangelho de Jesus. A Campanha da Fraternidade desse ano fala sobre a fome, infelizmente nos dias de hoje conhecemos alguém desempregado e que esteja passando necessidade em casa.
O número de pessoas passando fome é bem altíssimo, vergonhoso, ao longo desse ano levemos algum alimento em nossa paróquia ou alguma instituição de caridade, ou até, se conhecermos alguém que esteja passando fome entreguemos a ele alguns alimentos. Com certeza aquilo que fazemos hoje aqui, receberemos como recompensa na vida eterna.
A Coleta da Solidariedade acontece em nível nacional, todos os anos, no Domingo de Ramos. Nesse ano de 2023 a Coleta da Solidariedade acontecerá neste dia 02 de Abril, tudo o que for arrecadado será repartido entre o Fundo Diocesano e o Fundo Nacional de Solidariedade, que contribui para a promoção da dignidade humana, o compromisso com os pobres e a vida humana. Sejamos solidários e fraternos com o próximo, façamos uma doação generosa nesse dia, pensando que o dinheiro que vamos doar será em benefício do próximo.
De tudo o que for arrecadado com a Coleta da Solidariedade, 60% fica na própria diocese, no Fundo Diocesano de Solidariedade, com o intuito de ajudar aos projetos sociais da própria diocese. Os outros 40% serão enviados ao Fundo Nacional de Solidariedade, sob a orientação de uma comissão, que ajudará aos projetos espalhados pelo Brasil. Por isso, exerçamos a nossa penitência quaresmal ajudando o próximo, passemos pelo calvário e cheguemos plenos a ressurreição.
Os bispos, padres, diáconos, e líderes de comunidade, são os principais motivadores das comunidades para que façam a doação e para que a Campanha da Fraternidade seja colocada em prática. Eles também são os primeiros que devem fazer a doação e explicar o destino que o dinheiro doado terá. Que possamos enxergar no próximo o rosto do próprio Cristo e estender-lhe a mão. Todo ser humano tem direito a alimentação e vida digna.
A Coleta da Solidariedade existe desde o início da Campanha da Fraternidade, há quase quarenta anos atrás. Ao longo desse tempo muitas pessoas foram ajudadas e as campanhas da fraternidade geraram muitos frutos. A Igreja tem a missão de levar adiante a mensagem do Deus da vida e quer com que todos os seus filhos vivam bem e tenham dignidade. Essa é a missão da Campanha da Fraternidade e da Coleta da Solidariedade. Como disse Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida, que todos tenham vida plenamente” (Jo 10).
Se porventura os fiéis não puderem fazer a doação no Domingo de Ramos podem fazer ao longo do ano, seja em sua paróquia ou em outra, seja doação em alimento ou em dinheiro. O problema da fome em nosso país dificilmente acabará tão cedo, poderá diminuir, e essa diminuição dependerá de cada um de nós, ao olharmos a necessidade do próximo e doar aquilo que temos a mais em casa. Muitas paróquias estão em áreas necessitadas e que tem que ajudar muitas famílias carentes, por isso, nós precisamos ajudar, sobretudo nesse tempo quaresmal que somos convidados a exercer a caridade.
A emergência sobre o assunto da fome é tão grande que essa é a terceira vez que o assunto da fome é tratado numa Campanha da Fraternidade. A intenção é despertar no coração dos fiéis o espirito de solidariedade e fraternidade e tirar o Brasil do mapa da fome das Organizações das Nações Unidas, a ONU, depois de uma década. Que possamos diminuir esse número em nosso país, e novas portas de emprego se abram para todos. Se tiver mais oportunidades de emprego, com certeza o mapa da fome diminuíra.
Por fim, a Campanha da Fraternidade é um modo da Igreja que peregrina no Brasil viver a Quaresma. Além, é claro, dos três pilares da quaresma que são: oração, jejum e caridade. Somos convidados a refletir sobre o tema apresentado cada ano e como poderemos fazer algo para melhorar aquela situação. A Campanha da Fraternidade não deixa de ser um exercício quaresmal em que somos convidados a nos despojar de nós mesmos e nos atentar as necessidades do próximo.
Que possamos dar a nossa contribuição no dia da Coleta da Solidariedade para ajudar a tantos irmãos que precisam do nosso apoio. Tenham a certeza de que esse dinheiro será destinado a quem precisa e com a ajuda de cada um o nosso país saíra do mapa da fome. A Campanha da Fraternidade é expressão de comunhão, conversão e partilha e ajuda a cada um a ter o espírito de solidariedade. Tenhamos em nós os mesmos sentimentos de Cristo, amando como Ele amou.