Neste próximo final de semana iremos cantar as glórias de Nossa Senhora Assunta ao Céu, Nossa Senhora da Glória e outras denominações; quando Maria entra no céu de corpo e de alma. Esta é a festa da Assunção; a festa da entrada de Maria na glória, da sua plenitude como criatura, como mulher, como mãe, como discípula de Cristo Jesus. Como um rio, que após longa corrida deságua no mar, a Virgem Toda Santa deságua na glória de Deus: transfigurada no Espírito Santo, derramado pelo Cristo, ela está na glória do Pai!
Para compreendermos o profundo sentido do que celebramos, tomemos as palavras de São Paulo: “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, em Cristo todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada”. – Eis a nossa fé, o centro da nossa esperança: Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que adormeceram. Ele é o primeiro a ressuscitar, Ele é a causa e o modelo da nossa ressurreição. Os que Nele nascem pelo batismo, os que Nele creem e Nele vivem, ressuscitarão com Ele e como Ele: logo após a morte ressuscitarão naquela dimensão imaterial que temos, núcleo da nossa personalidade, a que chamamos “alma”; e, no final dos tempos, quando todo o Universo for glorificado, ressuscitaremos também no nosso corpo. Assim, em todo o nosso ser, corpo e alma, estaremos um dia, revestidos da glória de Cristo, nosso Salvador, estaremos plenamente conformados a Ele!
Nosso Senhor Jesus venceu e nos faz participantes da sua vitória, dando-nos o seu Espírito Santo! Neste mundo, em que só se crê no que vê, que só leva a sério o que toca, que só dá valor ao que cai no âmbito dos sentidos, cremos que Cristo está vivo e é Senhor, primícia, princípio de todos os que morrem unidos a Ele. Cristo, que ressuscitou, que venceu, concedeu plenamente a sua vitória à sua Mãe, a Santíssima Virgem Maria, que esteve sempre unida a Ele. Ela, totalmente imaculada, nunca se afastou do filho: nem na longa espera do parto, nem na pobreza de Belém, nem na fuga para o Egito, nem no período de exílio, nem na angústia de procurá-lo no Templo, nem nos anos obscuros de Nazaré, nem nos tempos dolorosos da pregação do Reino, nem no desastre da cruz, nem na solidão do sepulcro no Sábado Santo… Nem mesmo após, nos dias da Igreja, quando, discretamente, ela permanecia em oração com os irmãos do Senhor. Sempre imaculada, sempre perfeitamente unida ao Senhor! Assim, após a sua preciosa morte, ela foi elevada à glória do céu, isto é, à glória de Cristo, que ressuscitou e é primícia da nossa ressurreição.
A presente solenidade é a exaltação da glória do Cristo: n´Ele está a vida e a ressurreição; n´Ele, a esperança de libertação definitiva! Por isso, todo aquele que crê em Jesus e é batizado no seu Espírito Santo no sacramento do Batismo, morrerá com Cristo e com Cristo ressuscitará. Imediatamente após a morte, nossa alma será glorificada e estaremos para sempre com o Senhor. Quanto ao nosso corpo, será destruído e, no final dos tempos, quando nossa vida aparecer, será também ressuscitado em glória e unido à nossa alma. Será assim com todos nós. Mas, não foi assim com a Virgem Maria! Aquela que não teve pecado também não foi tocada pela corrupção da morte! Imediatamente após a sua passagem para Deus, ela foi ressuscitada, glorificada em corpo e alma, foi elevada ao céu! Podemos, portanto, exclamar como Isabel: “Bendita és tu entre as mulheres! Bendito é o fruto do teu ventre! Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”!
Esta é, portanto, a festa de plenitude de Nossa Senhora, a sua chegada à glória, no seu destino pleno de criatura. Nela aparece claro a obra da salvação que Cristo realizou! Ela é aquela Mulher vestida de sol, pisando a instabilidade deste mundo, representada pela lua inconstante, toda coroada de doze estrelas, número da Israel e da Igreja! A leitura do Apocalipse mostra-nos tudo isso, mas termina afirmando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo”! Eis: a plenitude da Virgem é realização da obra de Cristo, da vitória de Cristo nela”.
Olhemos para o céu, voltemos para lá o nosso coração! Celebremos! Com a Virgem Maria, hoje vencedora da morte, com a Igreja, que espera um dia triunfar totalmente como Maria, cantemos as palavras da Filha de Sião, da Mãe da Igreja, pensando na nossa vitória: “A minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva. O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor”! A ele, a glória pelos séculos dos séculos. Amém!