É a ascensão do Senhor que permite afirmar que Ele, por sua ressurreição, está junto do Pai, sentado a sua direita. Tanto no Evangelho de Lucas como nos Atos dos Apóstolos, o relato da Ascensão é precedido da promessa do envio do Espírito Santo e da missão confiada aos discípulos de serem testemunhas de Jesus Cristo.
O Cristo Ressuscitado continua a ter palavra e a ensinar aos apóstolos, mas não de viva voz e sim pelo Espírito Santo, que faz na comunidade dos discípulos a memória de Jesus, atualiza e esclarece suas palavras e move ao testemunho. Pela ação do Espírito Santo, a presença do Senhor podia e pode ser sentida e reconhecida em todos os âmbitos da vida. É no cotidiano da existência humana que o Senhor se deixa encantar. A sua “elevação” é sentida em todos os lugares e em todo tempo
Os três versículos que narram à ascensão nos Atos dos Apóstolos têm por finalidade instruir os discípulos. Em primeiro lugar, a ascensão é uma profissão de fé: tendo ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo foi elevado ao céu. Nesse sentido, o relato não se oferece ao exercício ótico, nem deve aguçar a imaginação, perguntando-se como se deu essa elevação. A imagem apresentada é ajuda para o entendimento da fé.
Em segundo lugar, o relato da ascensão visa responder a pergunta: onde e como encontrar o ressuscitado elevado ao céu. “O verbo “elevar” no passivo – “foi elevado”, indica que foi Seus, o Pai, quem o elevou. “Uma nuvem o envolveu”, A nuvem é, na tradição bíblica, símbolo da presença de Deus. Jesus entra no mistério de Deus, no que é seu antes da criação do mundo.
Os dois mensageiros celestes auxiliam na compreensão do mistério: “Esse Jesus que vocês viram ser elevado ao céu, virá, assim, do mesmo modo como o vistes partir para o céu. Agora, não depois, o modo da presença de Jesus Ressuscitado é envolto no mistério. Ele se oferece para o reconhecimento da nossa própria humanidade e nas vicissitudes do tempo e da história. Por que ficais parados olhando para o céu?” Neste novo tempo, é a fé que permite ver.
Na fé, a “elevação” de Jesus não é sentida como ausência, mas como uma forma de presença. O fruto desta presença é a alegria: “Em seguida, olharam para Jerusalém, com grande alegria.”