A celebração da Ascensão inicia o término das festividades que comemoram a Páscoa do Senhor. Nela recordamos a última aparição de Jesus ressuscitado. Recorda também o final daquele período de tempo da fundação da Igreja, em que os apóstolos, junto com os primeiros discípulos, tiveram a experiência viva de Jesus, a quem haviam seguido em vida e visto morrer na cruz – não havia morrido, mas ressuscitado. Aquela experiência tão fortemente vivida os fez sentirem-se em grupo, em comunidade. Sua fé lhes dizia que, no centro de sua união, estava não apenas a lembrança daquilo que Jesus havia feito e dito. Sentiam que o Espírito de Jesus animava seu grupo e que aquela comunidade tinha a missão de levar a todos os homens e mulheres a boa-nova da salvação.
Essas ideias encontram-se refletidas nas leituras do domingo da Ascensão do Senhor. A primeira, dos Atos dos Apóstolos e o Evangelho relatam, cada qual a sua maneira, a última aparição de Jesus ao grupo de discípulos. Aqueles últimos instantes servem para confirmá-los na missão. Vê-se com clareza nas duas leituras, que o que tinham vivido não era só para eles, mas para toda a humanidade. Os discípulos serão, graças à força do Espírito, testemunhas de Jesus “em Jerusalém e até os confins do mundo”.
O que os discípulos haviam recebido não eras um presente exclusivo para eles, mas algo que deveriam compartilhar.
A segunda leitura, tomada da carta aos Efésios, é uma oração de São Paulo. Nela, o apóstolo intercede por todos os que a lerão. Supõe que sejam do grupo dos fieis e pede a Deus que lhes dê a todos a graça e a sabedoria para compreender o que Deus fez a cada um de nós. A ressurreição do Senhor não é algo que Jesus lhe tinha comunicado. No mistério da Páscoa, Deus fez uma Nova Aliança com a humanidade. Em Cristo, Deus demonstrou sua força poderosa resgatando-o e livrando-nos do poder da morte e do pecado em todas as suas formas. Já não estamos condenados à morte, ao egoismo, ao pecado, ao ódio, à violência. Deus nos destinou a sermos seus filhos. Tudo isso os apóstolos experimentaram intensamente no tempo pascal. Tudo isso nos obriga, como cristãos, a viver de outra maneira e a compartilhar essa experiência de salvação com todos os nossos irmãos e irmãs. Essa, não outra, é a missão da Igreja e de seus fieis.
A Ascensão não é um tempo de tristeza porque ficamos sozinhos. As palavras dos anjos aos apóstolos são dirigidas hoje a todos nós: “O que fazem olhando assim para o céu?” Para todos nós que cremos em Jesus, a missão é urgente.
É preciso que meditemos sobre isto e busquemos uma maneira de compartilhar a riqueza da graça que recebemos com os que estão ao nosso redor.