AINDA HÁ ESPERANÇA NO AR

                Diante dos desafios que a vida sempre nos apresenta, seja no desagradável histórico da perversão dos costumes ou na progressiva descrença do homem em si próprio, ou na inversão dos valores morais e religiosos do povo, o fato é que ainda nos resta uma esperança de melhoras. O mundo vai mal? Vai. A humanidade está perdida? Nem tanto. Há sinais de esperança para todos.

                Um deles vem da parusia cristã. Termo quase desconhecido e nem sempre presente nos dicionários contemporâneos, parusia pode significar o auge da evolução espiritual da humanidade, posto que se refere ao clímax do sonhado Reino Definitivo do qual nos falou Jesus. Sua segunda vinda. “Então vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória” (Mc 13, 26). Esse clímax não pode ser entendido apenas e simplesmente como o final dos tempos. Diria que a linguagem enigmática aqui presente é muito mais ampla do que nossa sabedoria possa alcançar, pois se trata de um novo e definitivo recomeço… Como assim? Ora, se há uma promessa embutida que caracteriza a fé cristã em sua pureza doutrinária, essa promessa é de um novo tempo, uma nova vida e possível eternidade. Então não há espaço para se falar em fim dos tempos, mas em Reino Definitivo sim.

                Viva essa esperança de imortalidade! “Aprendei, pois, da figueira esta parábola: quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto” (Mc 13,28). Quando os sinais da ansiedade humana se voltam para as “coisas do alto”, busca-se com maior intensidade a compreensão dos mistérios que nos cercam, volta-se mais criteriosamente ao estudo das revelações divinas, através do respeito e da prática aos ensinamentos religiosos, é porque ainda nos resta uma esperança de dias melhores. Com certeza, estamos vivendo esse momento. A humanidade se cansou das falsas ilusões que sempre ameaçaram sua integridade. Há uma volta, uma retomada de caminho mais focada no sentido da vida e não na vida sem sentido do materialismo, do hedonismo, da sensualidade pura e simples. Vejam o crescimento das práticas religiosas. Das igrejas retomando seus ofícios com pujança. Da juventude lotando estádios e templos religiosos para manifestar sua fé. Da audiência crescente da mídia religiosa. Dos recordes que muitos líderes religiosos registram dentre seus seguidores. “Assim também, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo”. A esperança está no ar.

                Não há o que temer para aqueles que depositam suas vidas na expectativa de uma esperança maior. Sabemos das nossas incertezas mundanas e delas já estamos fartos. O derrotismo puro e simples não combina com a fé do povo de Deus. É falácia dos infelizes, daqueles que ainda não enxergam o quão grandioso é o dom da vida, da vida em plenitude, capaz de vencer qualquer situação de morte, de pecado, de insegurança física… Somos maiores do que pensamos ser, quando descobrimos a força interior que temos através da fé que nos move. Esse é o escudo contra o Inimigo. Ele não nos quer vencedores. Mas já o somos, se nossa esperança estiver depositada aos pés das Palavras de Salvação. Nelas estão nossas esperanças e certeza de um novo tempo que chega, através de Jesus. “Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés” (Hb 10,13).

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