Ao falar sobre a palavra “pastor”, pensa-se também em rebanho e ovelhas. A bíblia fala do “Bom Pastor”, referindo-se a Jesus Cristo, aquele que deu a própria vida pelo bem das ovelhas, isto é, do povo que o rodeava e pela dignidade de todas as pessoas, em todos os tempos e lugares. Para nós hoje, pastor é aquele que anuncia a Palavra de Deus e mostra o conteúdo da mensagem de Jesus Cristo.
O pastor cuida e defende as ovelhas que lhe são confiadas, porque quer o bem para todas elas. E faz parte essencial de sua responsabilidade, quando as ovelhas são pessoas humanas, criar condições para que elas vivam com dignidade e respeito. Nunca pode permitir que elas tenham vida de escravos, principalmente se o poder de decisão está concentrado em suas mãos.
Estamos num momento brasileiro em que devemos saber discernir quem é verdadeiro pastor, porque ele é diferente daquele que vive explorando o povo em formas diversas. Há pastores com aparência de ovelhas, mas que não passam de grandes assaltantes, porque tiram do povo o essencial para sua própria sobrevivência. Eles não podem continuar agindo prejudicando as pessoas.
As reformas, que o governo está realizando, veem criando insatisfação na grande massa da população brasileira. Reina um medo generalizado em relação às perdas no que já foi conquistado em lutas populares. A impressão é que teremos consequências desastrosas para o futuro das pessoas mais carentes. O que está em jogo é uma política econômica excludente e de privilégios.
O Evangelho fala que o bom pastor age com coerência. Ele entra nas repartições passando pela porta da frente e vai ao encontro da realização de suas responsabilidades, para fazer o bem comum para as pessoas. O falso pastor, diferentemente, mais preocupado consigo mesmo, entra por outros lugares, porque tem medo das ovelhas e as conduz para um caminho de perdição.
Aconteceu a 55ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida, SP. Participamos com a presença de mais de trezentos bispos de todo o Brasil, todos preocupados com seu próprio pastoreio. Cada um, à frente de sua Diocese, faz o que pode para ajudar as pessoas na vivência de sua dignidade espiritual, mas também na sua identidade como pessoa humana, como cristão e como cidadão, filho de Deus.