A vocação do cristão

    No Antigo Testamento ficou registrado o que Deus preceituou: “Sede santos, porque eu sou santo” (Le 11,44;19,2). Surge então a questão: “Qual é a essência da santidade divina”? A resposta foi dada por Cristo.  A essência da santidade divina é a perfeição. Com efeito, Jesus ordenou: “ Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito”.(Mt 5,48).  Como, segundo São João, “Deus é amor” (1 Jo 4,8), para atingir a perfeição é preciso amar. Resultam então os mandamentos, consequência do amor eterno que reina na Santíssima Trindade. Este amor deve ser vivido pelo seres racionais, levando-os à santidade. Cristo ensinou: “Ama o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento. Este é o primeiro e o maior mandamento. O segundo é semelhante a este: Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22, 36-40). Eis  o caminho traçado para o cristão,  chamado à santidade. Santo é, então, aquele  que acolhendo a graça de Cristo e seguindo docilmente a ação do Espírito divino, se deixa envolver pelo amor que flui do Pai. É Aquele que,  no âmbito  de suas limitadas, porém, irrepetíveis qualidades pessoais corresponde com total dileção às inspirações divinas seja qual for o seu estado de vida. Foi o que lembrou o Concílio Vaticano II: “Nos diversos gêneros de vida e nas diversas profissões, há uma  só santidade, cultivada pelos que são movidos pelo Espírito de Deus e, obedientes, à voz do Pai e adorando em espírito e verdade a Deus Pai, seguem a Cristo pobre, humilde e sobrecarregado com a cruz para poder merecer a sua glória. Cada um segundo seus próprios dons e graças, deve progredir sem demora pelo caminho da fé viva, que acende a esperança e age por meio da caridade (LG 41). O cristão, porém,  precisa estar consciente de que ele não é  simplesmente um ser racional, pois pelo batismo se torno em Cristo participante da natureza divina (2 Pd 1,8). Ora, “Santo, santo, santo é o Deus todo poderoso” (Ap 4,8). Portanto,  trata-se de um esforço por uma purificação cada vez maior, destruindo em si  tudo que se opõe à santidade divina, adquirindo, na pratica do amor, todas as virtudes que o tornam agradável a Deus. O caminho foi traçado por Jesus a cujas máximas se adapta seu seguidor. Ele é o modelo, o princípio e a causa eficiente da perfeição dos que Lhe pertencem.  A Ele o cristão consagra todo o seu ser e se deixa conduzir pela suas luzes.  É óbvio que deste modo  este autêntico cristão não só afasta todos os obstáculos para poder viver unido a Cristo, mas cumpre, num esforço contínuo, todos os seus deveres em casa, no trabalho, seja onde estiver. Tudo feito por amor a Deus e ao próximo em qualquer circunstância.  Este fiel goza a verdadeira liberdade, jamais se escravizando às paixões, aos vícios, aos desregramentos éticos. É assim que  milhões de batizados , em suas situações existenciais concretas, participam   e compartilham de forma profundamente pessoal da vida e do amor de Cristo.  Estes difundem  em torno de si o calor do amor divino.  O esplendor de suas vidas é luz que refulge diante de todos que então passam a glorificar o Pai que está nos céus. Entende-se, desta maneira, a veracidade do brocardo: “Se és cristão, tens o mundo nas mãos”. Aí está a dimensão eclesial da santidade. É a força do testemunho de vida que arrasta os outros para a vivência do Evangelho. Tudo isto flui da consciência que se tenha da necessidade do intercâmbio de bens com os outros. Deste modo, o amor mútuo se converte em lei operante na realização da transformação de tudo e de todos em Cristo. Assim, cada um vai se enriquecendo espiritualmente no contato com os outros membros da comunidade  que é a Igreja, o Corpo místico de Cristo. É uma intercomunicabilidade  que engrandece, como bem se expressou Elisabeth Leseur: “Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”. Esta realidade dá ânimo a cada um para se aperfeiçoar cada vez mais a fim de  beneficiar não só o meio em que vive, mas a todo o corpo eclesial. Amor operante  que sustenta a santidade de todos  os cristãos espalhados pelo mundo inteiro unidos na glorificação contínua do Pai, pelo Filho sob os influxos santificadores do Espírito Santo.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here