Nas páginas da História Jesus Cristo, o Verbo Encarnado de Deus, se destacou com o esplendor de uma sabedoria sem igual entre todos os homens, e a sua palavra a mais de vinte séculos ecoa iluminando as inteligências. Sabemos pelo relato dos Evangelistas que na idade de trinta anos Ele deixou a vida silenciosa e oculta de Nazaré; recebeu o batismo das mãos de São João Batista nas águas do rio Jordão e começou a sua missão com um jejum de quarenta dias. Foi depois à Galiléia, onde fez ouvir pela primeira vez sua palavra e realizou o seu primeiro milagre. À vida doméstica sucedeu a existência pública. Pregou, instruiu e promulgou a doutrina, que oferece aos homens o caminho seguro para chegar à pátria verdadeira. Firmou a veracidade de sua palavra com os milagres mais estupendos e confirmou ainda sua divindade com sua vitória sobre a morte, ressuscitando gloriosamente, após remir a humanidade no alto de uma Cruz. Sua sábia palavra foi também uma manifestação de que Ele era verdadeiramente o Filho de Deus. Jesus falou como mestre insuperável. Eis porque São Mateus registrou: Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas. (Mt 7,29). O próprio Jesus afirmou peremptoriamente: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. (Mt 28,18). Por isto sua palavra se elevou acima de todos os ensinamentos dos maiores sábios; excedeu a dos legisladores, dos doutores, dos profetas, e se impôs com o esplendor de um educador supremo, que não tem acima de si nenhum outro personagem. Ele não discorreu como os outros moralizadores: Eu vou mostrar-vos o caminho, mas proclamou: Eu sou o caminho. Não apregoou como os sábios: Eu vou ensinar-vos a verdade, mas afirmou: Eu sou a verdade. Não asseverou como os legisladores, os conquistadores e os profetas: Encontrareis eutimia em minhas leis e a proteção em minhas armas, mas patenteou: Eu sou a vida. Ele não se manifestou como um mensageiro de Deus, mas como o próprio Deus, pois disse: Eu e o Pai somos um. Por isto o que Ele falou repercutiu pelo mundo afora e vem atravessando os séculos, revelando uma universalidade jamais alcançada, mesmo porque os que vieram antes dele e os que viveram após sua passagem por este mundo sempre ficaram marcados pelo espírito de sua época, contramurados num contexto histórico e restritos a um determinado público. A palavra de Jesus, porém, passa sobre o mundo diáfana, ultrapassando todas as fases históricas, acima de todas as bandeiras, de todas as literaturas, e se harmoniza com todos os governos, combatendo, porém, todos os vícios. Ela convive com todos os séculos sem tomar o seu espírito, ela abraça todos os povos sem tomar os seus defeitos, e ao mesmo tempo que ela se adapta a todas as eras ela resiste e condena todas as corrupções. A palavra do Mestre divino permanece imutável no meio de todas as transformações, indestrutível no meio de todas as ruínas, sempre nova no meio das filosofias que envelhecem, e sempre atual no meio dos progressos científicos e tecnológicos. Ininterruptamente a mesma no meio dos regimes que se sucedem, sempre vivente e vitoriosa no meio das gerações que passam e desaparecem. Ela é eterna, porque é divina. A palavra oral ou escrita dos mais renovados pensadores não penetram nem comovem todas as almas como acontece com os ensinamentos do Rabi da Galiléia. Como o sol, a sua sabedoria se derrama em torrentes luminosas pelos séculos afora. Cristo foi e será sempre o pregador mais sublime e mais universalmente conhecido e seguido. É que Ele falou e os pobres foram evangelizados, o povo conheceu e adquiriu os seus direitos, as mais belas verdades se revelaram sob o véu das parábolas, a inteligência se iluminou com novos clarões, conhecendo os mistérios de Deus e da alma, as leis da consciência e os princípios fundamentais da família e da sociedade. Palavra universal, porque palavra de Deus. Por tudo isto a palavra de Jesus que revelou sua sabedoria infinita tem sido tão fecunda. Ele lançou nas consciências e nos corações a sua mensagem de justiça, de paz, de amor, de abnegação, de sacrifícios e de virtudes. Cumpre então ler, estudar e viver o que Ele ensinou e que se acha compendiado nos Evangelhos, onde está escrito, na majestade de sua simplicidade, o que pregou a sabedoria eterna que fulgiu neste mundo. Donde a fidelidade em acatar tudo que o Filho de Deus doutrinou, fazendo de sua palavra a lei, a vida, a esperança do verdadeiro epígono que, iluminado por esta sabedoria, um dia, chegará a uma felicidade perene, prometida pelo próprio Cristo.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Local: Mariana (MG)