A revelação de Deus

    Pensemos, como São Paulo, no ocaso da vida a penetrar na escuridão da noite, sem jamais se afastar da aurora, indicador e anúncio do dia, dia este que nos ajuda a imaginar a vida envolvida em mistérios, pedindo-nos disposição para acolher, num abraço esperançoso, os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo, encontrando-O no ápice da crucifixão, morte e ressurreição. Os apóstolos foram verdadeiros continuadores da missão iniciada por Jesus Cristo, confiando-lhes essa missão, e iam de comunidade em comunidade, querendo, na fidelidade, sensibilizar o coração das pessoas, no sentido de viverem virtuosamente a ascese cristã, ou mesmo os ideais apostólicos.

    Com um olhar de fé e confiança em Jesus de Nazaré, o apóstolo Paulo tão bem anunciou o Evangelho, e revelou-o às pessoas sedentas e desejosas de mudança de vida, ao mesmo tempo voltadas à Justiça divina, que significa paz em abundância. Semelhante sinal nos faz compreender o anúncio do Reino, que se tornou visível pelo nosso modo de pensar, de agir e de ver o mundo, mas segundo a vontade do nosso bom Deus, que quer superação de todas as forças contrárias ao poder do mal, como na convicção do apóstolo: “Pela graça de Deus, sou o que sou, e a graça que Ele me deu não tem sido inútil” (cf. 1 Cor 15, 10).

    Neste dia 25 de janeiro, voltemo-nos para o apóstolo Paulo, pelo fato de ele ser chamado à conversão, e por o luminoso mistério ter sido ao meio-dia. Gosto muito de recordar Dom Helder Câmara, ao externar, numa metáfora terna e mística, como São Paulo, a partir de sua vida coberta de mistérios, numa nítida visão do Sol da Justiça: “Há pessoas que, independentemente de idade, pelo que são, pelo que dizem e pelo que fazem, são sempre meio-dia”. Nesse sentido, pode-se adaptar tal pensamento ao Apóstolo dos Gentios, seja no anúncio do Evangelho e nos carismas, seja na missão e nas viagens, identificado com o pacifismo de Dom Helder, em sua disposição, sabedoria e esforço de imitá-lo.

    Viver a vida, como na conversão de São Paulo, é reconhecê-la como um dom maravilhoso. Temos consciência de que não é fácil correspondê-la, mesmo tendo, com grande nitidez, seu “sim” corajoso e profético, a partir do momento luminoso de sua conversão, acima citado. Nele a luz verdadeira brilhou; aquela, que desceu do céu e se encarnou no meio do povo de Deus, conforme a profecia que se realiza, de uma vez por todas, no povo que vivia nas trevas, mas que, categoricamente, recebeu esse mesmo convite: “Convertei-vos, porque o reino dos céus está próximo” (cf. Mt 4, 12-17). Assim seja!

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