A Música na Liturgia

    Cadernos do Concílio – Volume 14

     Hoje nos debruçaremos no volume 14 da Coleção Cadernos do Concílio Vaticano II que trata sobre o tema da música na liturgia. Como já dissemos, a liturgia é parte integrante da missa e dos demais sacramentos, e uma liturgia bem-preparada conduz os fiéis ao mistério. Por isso, as músicas escolhidas para a celebração precisam estar de acordo, serem bem-preparadas, com a participação de todos da assembleia.

    A música na liturgia sempre existiu, só que ela foi se aperfeiçoando ao longo do tempo, antes do Concílio Ecumênico Vaticano II houve um incentivo e abertura para que os cânticos fossem entoados na língua vernácula, do mesmo modo que a celebração da Santa Missa.

    A música sobretudo na liturgia tem o poder de comunicar e expressar a alegria que nos envolve naquele momento da celebração. Inclusive sentimos uma sensação estranha, de vazio, quando não tem grupo de música para animar a celebração. A música transmite emoções, sentimentos, alegria, ou seja, exprime o que estamos sentindo no momento.

    A música na celebração litúrgica tem que ser maneira ornada, não deve ser de forma barulhenta e estrondosa, o som não deve estar tão alto a ponto de não ouvir o texto da música. Ao ouvir aquilo que o músico está tocando, é possível uma maior participação dos fiéis, pois poderão acompanhar melhor aquilo que está sendo cantado. A música tem o poder de conduzir ainda mais os fiéis ao mistério.

    “A tradição musical de toda a Igreja constitui um tesouro de inestimável valor, que sobressai às demais expressões artísticas, principalmente, porque o canto sacro, que envolve as palavras, é parte necessária e integral da liturgia solene” (SC, n.112) A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium ressalta a importância do canto na liturgia. Os cânticos que serão entoados na celebração devem ser preparados antes, escolhidos antes pelos grupos e eles devem ensaiar os cânticos ao longo da semana. Em nossa Arquidiocese a Pastoral do Canto Litúrgico escolhe e indica as melodias para acompanhar as missas do folheto próprio que traz as orientações e o espírito de nossa Igreja particular.

    Os ministérios de música (pastoral do canto litúrgico) devem levar a sério o compromisso assumido e devem tomar consciência de que não estão ali para fazer um show ou dar espetáculo, mas estão ali prestando um serviço a Deus e doando um dom para a comunidade. Como dissemos, a música na liturgia deve nos conduzir ao mistério, e meditar sempre naquilo que dizia São João Batista: “Que Ele cresça e eu diminua”.

    Por isso, devemos querer formar um ministério de música ou participar de um com o intuito, se temos o dom de nos expressar através da música, poderemos ajudar num grupo de música colocando o nosso dom a serviço da comunidade.

    Quando o Concílio Ecumênico Vaticano II diz que a música é parte integrante da liturgia, quer dizer que os cânticos devem estar de acordo com aquilo que está sendo celebrado. Ou seja, existem cânticos próprios para cada tempo litúrgico: advento, natal, tempo comum, quaresma e páscoa, e cânticos próprios para solenidades e festas, não se deve misturar. Sem falar que os cânticos devem estar liturgicamente corretos, canto de entrada deve ser próprio de canto de entrada, o hino de louvor deve exaltar a Santíssima Trindade, o santo deve exaltar o “senhorio” de Deus. Portanto, os cânticos devem acompanhar o tempo litúrgico. Os textos fixos devem ser respeitados com os cânticos próprios.

    Deve-se ainda tomar cuidado ao escolher os cânticos para que sejam cânticos conhecidos pela assembleia que participará da celebração, ou momentos antes de iniciar a celebração ensaiar com a assembleia os cânticos que farão parte daquela missa. Pois a missa é participada por todos, o sacerdote é o “presidente da celebração” aquele que conduz os demais, mas cada fiel deve participar ativamente da celebração da Missa. Essa foi uma das orientações propostas pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, que ao longo da celebração houvesse uma maior participação dos fiéis.

    “Os bispos e os sacerdotes cuidem para que, em toda ação sagrada cantada, haja uma participação ativa de toda a assembleia dos fiéis” (SC, n.114) Por isso, ao longo da Missa não podemos ficar dispersos, no celular, conversando, ou simplesmente calados, temos que participar ativamente da Santa Missa para adentrar no mistério que está sendo celebrado.

    É importante que no seminário e nos institutos religiosos haja formação sobre a música sacra e a sua importância na liturgia. Para que depois que ordenem padres e se consagrem religiosos e religiosas ajudem nas suas comunidades sobre a importância do cântico na liturgia. A insistência do Concílio Ecumênico Vaticano II sobre a formação dos cânticos litúrgicos seja no seminário e casas religiosas, e depois formar as comunidades, reforça a ideia que o Concílio desejava através da reforma litúrgica uma maior participação dos fiéis na celebração.

    Não podemos deixar de esquecer de uma tradição antiquíssima da Igreja que é o canto gregoriano, tão próprio nosso. O canto gregoriano nasceu da união da experiência espiritual das comunidades monásticas e das comunidades cristãs primitivas. Os cânticos gregorianos eram entoados em latim e abordavam a música de acordo com o tempo litúrgico celebrado. Com a reforma litúrgica os cânticos foram adaptados a língua vernácula e a cultura de cada realidade local, mas sempre com a instrução de respeitar a liturgia.

    A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II também foi permitido o uso de outros instrumentos musicais, pois, antes eram entoados “a cappella”, ou seja, somente com o “coro” sem instrumentos, quanto muito havia “órgão” presentes ainda hoje em muitas igrejas com seu belo som.

    O Concílio dedicou um capítulo da Sacrosanctum Concilium à música, mas depois, as autoridades publicaram vários outros documentos, entre os quais um documento que trata sobre a música denominado de: “Musicam Sacram”. Através desse documento abre-se um novo horizonte e faz uma importante consideração do papel da música na liturgia.

    Convido a todos, sobretudo aos que gostam de cantar e querem fazer parte do ministério de música de sua paróquia a tomar a Sacrosanctum Concilium e o documento Musicam Sacram e entender sobre a beleza da música na liturgia, e que ela que é parte integrante de uma liturgia deve sempre nos conduzir ao mistério pascal de Cristo.

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